Câmera DSLR: como funciona e quais as vantagens para fotos e vídeos?

Câmeras DSLR têm um espelho que reflete a luz da lente no sensor de imagem para criar uma fotografia; entenda o funcionamento delas

Emerson Alecrim Paulo Higa
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• Atualizado há 9 meses
Câmera DSLR Canon Rebel T6 (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Câmera DSLR Canon Rebel T6 (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

DSLR (Digital Single Lens Reflex) é um tipo de câmera que combina um sensor digital com um mecanismo de espelho. Câmeras DSLR suportam lentes intercambiáveis, que podem ser trocadas de acordo com o tipo de foto a ser feita.

Histórico

Câmeras DSLR passaram a ser usadas em larga escala nos anos 2000. Elas ocuparam um espaço até então dominado por câmeras SLR (Single Lens Reflex), que também têm sistema de espelho, mas registram imagens em filmes fotográficos. Hoje, modelos com sensor digital disputam mercado com câmeras mirrorless (sem espelhos).

A tecnologia DSLR tem como base câmeras SLR eletrônicas lançadas nos anos 1980. Mas somente em 1991 a primeira câmera DSLR foi lançada comercialmente: a Kodak DCS-100, de uso profissional. O modelo usava o corpo de uma câmera SLR Nikon F3, trabalhava com 1,3 megapixel e tinha painel de controle externo.

Kodak DCS-100 (imagem: reprodução/Foto Hits)
Kodak DCS-100 (imagem: reprodução/Foto Hits)

Contudo, a primeira câmera DSLR de fato é a Electro-Optic Camera, desenvolvida por James McGarvey, na Kodak, em 1987. Ela tinha o corpo de uma Canon F-1 e foi projetada a pedido do governo dos Estados Unidos, razão pela qual não chegou ao mercado. O modelo serviu de referência para a criação da Kodak DCS-100.

Como funciona uma câmera DSLR

A geração da foto em uma câmera DSLR começa quando a luz entra pela lente, que pode combinar vidros especiais com mecanismos de aproximação (zoom) e foco.

Ao passar pela lente, a luz é refletida por um espelho móvel no pentaprisma (componente óptico de cinco lados), de modo que o conteúdo possa ser observado no visor óptico (viewfinder) e na tela LCD da câmera.

Visor óptico e tela LCD de uma Canon Rebel T6 (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Visor óptico e tela LCD de uma Canon Rebel T6 (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Quando o botão de disparo é pressionado, o espelho se move e a luz segue em direção ao obturador. Composto por lâminas, o obturador se abre para a luz finalmente chegar ao sensor digital e permitir o registro da imagem.

Na etapa seguinte, o obturador é fechado e o espelho volta para a posição original. O conteúdo capturado pelo sensor é convertido pelo processador de imagem em uma foto ou vídeo a ser armazenado em memória interna ou, mais comumente, em cartão de memória.

Funcionamento de uma câmera DSLR (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Funcionamento de uma câmera DSLR (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Sensor digital de imagem

O sensor de imagem é um chip que, com base na luz capturada, forma a foto ou o vídeo a ser registrado. Normalmente, câmeras DSLR são equipadas com sensores CMOS ou CCD. O CMOS é mais comum por ter custo de fabricação menor e consumir menos energia.

Há dois formatos físicos principais de sensores: APS-C e full frame. O APS-C é menor, tendo tamanhos próximos a 22 x 15 mm, e é comum em câmeras compactas ou intermediárias. Ele é informalmente chamado de “cropado” por ter fator de corte, isto é, uma área visível menor em relação ao full frame.

Sensores full frame têm formato aproximado de 36 x 24 mm, são equivalentes aos filmes de 35 mm de câmeras SLR e são frequentes em modelos sofisticados. Eles são a preferência de muitos fotógrafos profissionais por não terem fator de corte.

Os sensores também podem ter resoluções diferentes, que são indicadas em megapixels. Além de determinar as dimensões da imagem, o megapixel é um dos parâmetros que influenciam no tamanho da foto em bytes.

Ajustes e lentes

Câmeras modernas têm funções que agilizam os registros, como foco automático. Mas a qualidade da imagem pode depender de ajustes manuais. Um é a velocidade do obturador (tempo decorrido entre abrir e fechar): quanto mais lenta, mais luz entra na câmera, o que torna esse parâmetro útil quando há baixa luminosidade.

Outro ajuste possível envolve a lente (objetiva). Nas câmeras DSLR, é possível instalar lentes para médias e longas distâncias (zoom), grande angular (amplo ângulo de visão), olho de peixe (efeito de círculo na imagem), entre outras finalidades.

Lentes Nikon (imagem: divulgação/Nikon)
Lentes Nikon (imagem: divulgação/Nikon)

Principais fabricantes

O mercado de DSLR é dominado por marcas japonesas, principalmente Canon e Nikon. Elas produzem não apenas os corpos, mas também lentes e acessórios para suas câmeras. As fabricantes mais conhecidas do segmento são:

  • Canon: fundada no ano de 1937, em Tóquio, fabrica câmeras DSLR de linhas como EOS D, EOS Rebel T e EOS Rebel SL com sensores APS-C e full frame, além de lentes EF e EF-S;
  • Nikon: fundada em 1917 e com sede em Tóquio, produz câmeras DSLR da família Nikon D com sensores APS-C ou full frame, além de variados tipos de lente. Também atua no segmento de câmeras mirrorless;
  • Sony: fundada no Japão em 1946, é mais atuante no mercado de câmeras mirrorless da linha Alpha. Contudo, fornece sensores de imagem para fabricantes de modelos DSLR, como a Nikon;
  • Pentax: baseada em Tóquio e centenária (surgiu em 1919), a Pentax produz câmeras DSLR full frame e APS-C, além de lentes e acessórios para esses produtos;
  • Panasonic: também centenária (1918), a japonesa Panasonic vem priorizando o segmento de câmeras mirrorless, mas tem modelos DSLR na família Lumix. As lentes da marca costumam ser feitas em parceria com a Leica;
  • Olympus: a japonesa Olympus existe desde 1919, mas vendeu sua divisão de câmeras para a OM Digital Solutions em 2021, que continua fabricando câmeras DSLR com a marca nas linhas OM e OM-D;
  • Leica: fundada em 1869, a alemã Leica é muito conhecida por suas lentes, mas também atua no segmento de DSLRs com as câmeras Leica S;
  • Hasselblad: criada em 1841, na Suécia, a Hasselblad é conhecida por fabricar câmeras de alto padrão. Os modelos DSLR da marca estão entre os mais caros do mercado.

Fujifilm e Sigma são duas outras marcas que se destacam no mercado de câmeras, mas ambas vêm desenvolvendo apenas modelos mirrorless. A Samsung também teve câmeras DSLR, mas desistiu desse mercado em 2017.

Câmera DSLR Hasselblad H6D-100C (imagem: divulgação/Hasselblad)
Câmera DSLR Hasselblad H6D-100C (imagem: divulgação/Hasselblad)

Vantagens e desvantagens das câmeras DSLR

As principais vantagens e desvantagens das câmeras DSLR em comparação com câmeras mirrorless e de celulares são:

  • Grande variedade de tipos de lentes: câmeras DSLR são ideais para diferentes tipos de fotografia porque permitem troca de lentes. Entre as opções estão lentes fixas (com distância focal que não muda) e com zoom;
  • Alta qualidade de imagem: os sensores maiores das câmeras DSLR podem capturar mais detalhes de uma fotografia com menor quantidade de ruído;
  • Variedade de ajustes: câmeras DSLR permitem controle manual de todos ou da maioria dos parâmetros, como velocidade do obturador e ISO. Para usuários leigos, muitas delas têm ajustes predefinidos ou automáticos;
  • Longa autonomia de bateria: câmeras DSLR podem ter bateria de longa duração ou, ainda, serem complementadas com baterias acopláveis;
  • Acessórios complementares: além de baterias, câmeras DSLR podem ser complementadas com microfones, iluminação flash, GPS, entre outros dispositivos;
  • Visor óptico: o visor óptico está sempre presente nas câmeras DSLR. O componente permite o uso da câmera mesmo se o visor LCD estiver desligado e é muito útil para ajudar o fotógrafo a encontrar o enquadramento ideal;
  • Tela: embora possa auxiliar no enquadramento, a tela que equipa câmeras DSLR é útil para o fotógrafo conferir resultados e acessar as configurações do equipamento;
  • Maiores e mais pesadas: o espelho móvel, o pentaprisma e outros componentes ocupam espaço no corpo das câmeras DSLR, tornando-as mais pesadas que equipamentos mirrorless;
  • Preço elevado: câmeras DSLR são equipamentos de fabricação complexa, por isso, podem ser muito caras. Algumas marcas, como a Canon com a linha Rebel, têm modelos mais acessíveis, ideais para iniciantes.

Perguntas frequentes

Qual a vida útil de uma câmera DSLR?

Depende da sofisticação da câmera DSLR. O obturador costuma ser o componente que mais se desgasta. Por isso, os fabricantes estimam a durabilidade em cliques (disparos). Modelos básicos alcançam 50-150 mil cliques. Câmeras avançadas chegam a 400 mil cliques.

Como limpar uma câmera DSLR?

Para o corpo da câmera, a limpeza pode ser feito com um pano levemente umedecido, com a poeira podendo ser removida com pincéis. Algumas câmeras têm um mecanismo próprio de limpeza do sensor. Já limpar a lente requer mais cuidado e até uso de kits especiais.

Como usar câmera DSLR como webcam?

É possível usar uma câmera DSLR como webcam por meio de aplicativos próprios para esse fim. Essa opção é interessante para quem precisa de mais qualidade de imagem ao participar de videoconferências ou dar cursos online.

Qual a diferença de DSLR para SLR?

Câmeras DSLR são equipadas com sensores para imagens digitais (daí o ‘D’ no nome) e suportam lentes intercambiáveis. Câmeras SLR também podem trocar de lente, mas registram as fotos em filmes fotográficos.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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