Brasil perde R$ 25 bilhões em impostos com atraso do leilão de 5G, diz Ericsson

Adiamento da licitação de 5G para 2021 pode prejudicar adesão à tecnologia e governo perderia com arrecadação de impostos

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Samsung Galaxy S10 5G

O leilão do 5G deveria acontecer em março de 2020, mas possíveis interferências com o serviço de TV via satélite podem adiar o evento. A Ericsson, fornecedora de equipamentos de redes móveis, afirma que, caso a licitação atrase para 2021, o governo brasileiro deixará de arrecadar R$ 25 bilhões em impostos.

O número foi divulgado em um estudo com projeções de receita e investimentos das operadoras brasileiras para a tecnologia 5G. O documento aponta que o adiamento do leilão atrasaria a adoção do 5G no Brasil e causaria queda na receita das operadoras por conta do alto custo do espectro.

Ao Telesíntese, o diretor de relações governamentais da Ericsson, Tiago Machado, diz que o argumento de não convivência entre 5G e parabólicas é uma “falácia”, e que seria “irresponsabilidade” a migração das parabólicas para a banda Ku. O processo de migração tem custo estimado entre R$ 3 e 10 bilhões, e o executivo aponta que as operadoras já pagaram R$ 2,7 bilhões durante a digitalização da TV aberta para a chegada do 4G em 700 MHz.

Ainda assim, Machado tem esperanças de que o leilão do 5G ocorra no primeiro semestre de 2020, apontando uma “virada de chave” para o mercado de telecomunicações e para a economia brasileira.

Operadoras sem pressa

No exterior, as empresas já estão iniciando suas operações em 5G. A experiência com as redes de ondas milimétricas não tem sido boa: embora a velocidade seja altíssima, a cobertura é falha ao ponto de a rede cair para 4G ao atravessar a rua, mesmo estando de frente para a antena. Por esse motivo, as operadoras brasileiras observam a nova tecnologia com cautela.

No passado, a Claro afirmou que quer ser a primeira operadora a oferecer 5G, mas apenas em locais específicos onde se justifique a tecnologia, tanto do ponto de vista de uso como do retorno do investimento.

Já a Vivo teme que o 5G não seja rentável o suficiente para ser implementado no Brasil, uma vez que se trata de uma rede complexa e que exige um número de antenas muito maior. A TIM é a única operadora que manifestou sinais de pressa para que o leilão ocorra o quanto antes, mas espera que a licitação aconteça em 2020 para que entrem em operação em 2021.

A Oi, que enfrenta uma crise financeira, tem sofrido especulações a respeito de uma possível venda do braço móvel. Na divulgação do plano estratégico para o triênio 2019-2021, a operadora não mostrou muito foco no serviço celular e afirma que quer ser a “provedora” da infraestrutura para o 5G no Brasil através da sua extensa rede de fibra óptica.

Tecnocast 115 – Para que serve o 5G?
Muita gente ainda pensa que o 5G vai servir apenas para deixar a internet do celular mais rápida. Mas a nova rede deve mudar muita coisa, inclusive a internet fixa que chega hoje em nossas casas. Nesse episódio contamos tudo o que você precisa saber sobre o 5G. Dá o play e vem com a gente!

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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