Apple Watch Series 5: pequeno incremento

Apple Watch continua sendo o melhor smartwatch do mercado, mas não avança muito nos recursos

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses
Apple Watch Series 5

O Apple Watch Series 4 era o melhor smartwatch para usuários de iPhone, apesar de custar muito caro no Brasil. No modelo de 2019, a Apple resolveu não mexer em time que está ganhando: as poucas novidades se restringem a uma tela que fica sempre ligada, uma bússola integrada e mudanças menores no hardware e no software.

O preço também não mudou tanto: a versão mais básica continua saindo por R$ 3.999, enquanto os novos modelos de cerâmica e titânio podem chegar facilmente aos cinco dígitos, dependendo da pulseira escolhida. Mas será que vale a pena gastar tanto dinheiro em um relógio? Eu passei as últimas semanas com o Apple Watch Series 5 e conto tudo nos próximos minutos.

Análise do Apple Watch Series 5 em vídeo

Design e tela

Apple Watch Series 5

O design do Apple Watch Series 5 é o mesmo do Series 4 e eu particularmente gosto bastante do formato. Por ser quadrado, o aproveitamento de tela é maior e a carcaça pode ser mais compacta: a versão de 40 mm fica bem no meu pulso fino, mas mesmo a de 44 mm não fica parecendo o relógio do Faustão. Ele também é reversível, logo, quem usa o smartwatch no braço direito pode deixar os botões físicos voltados para a mão, facilitando o acesso.

Apple Watch Series 5

A pulseira esportiva, a mais popular de todas, deixa o Apple Watch Series 5 confortável, leve e seguro no braço. Como o design da caixa do relógio é bem neutro, dá para usar o mesmo smartwatch em ocasiões mais formais só trocando a pulseira — a estilo milanês, com tramas de aço inox e fecho magnético, é prática e elegante, desde que você esteja disposto a gastar os R$ 849 que a Apple pede nela.

Apple Watch Series 5

A tela OLED do Apple Watch Series 5 tem excelente definição e brilho fortíssimo, o que contribui para gastar mais bateria, mas torna a visibilidade sob a luz do sol muito boa. Como o watchOS tem animações fluidas, telas bem organizadas e uma interface com alto contraste entre os elementos, a experiência de uso é muito boa, sendo provavelmente a melhor do mercado.

Apple Watch Series 5

Uma pequena novidade em relação à geração anterior é que o display pode ficar sempre ligado, exibindo as horas, a previsão do tempo e outras informações do mostrador. O acelerômetro do Apple Watch já era bem esperto e ligava a tela sempre que eu precisava, mas o recurso torna o uso do relógio mais natural, especialmente quando você está com as mãos ocupadas, seja digitando ou praticando algum exercício.

Software

Nos celulares, a briga entre Android e iOS é bem equilibrada: a escolha entre um e outro depende mais das suas preferências pessoais do que qualquer outra coisa. Nos relógios inteligentes, a história é diferente: o watchOS ainda é superior ao Tizen, especialmente em aplicativos de terceiros; ao Wear OS, que é o Windows Phone do Google e não conseguiu deslanchar em cinco anos; e às plataformas da Garmin e da Fitbit, que são boas no que se propõem a fazer, mas não em smartwatches de uso geral.

Apple Watch Series 5

Tudo no watchOS funciona rapidamente e se integra bem ao iPhone, mas você precisa se fechar no ecossistema da Apple. Quer correr ouvindo música pelo relógio? A única forma de armazenar sua biblioteca na memória interna de 32 GB (o dobro do modelo passado) é assinando o Apple Music. Quer competir com seus amigos? O aplicativo Atividade não compartilha dados com o Strava ou outro serviço de terceiros. E o Walkie-Talkie, claro, só funciona com amigos que também tenham um Apple Watch.

É claro que você pode simplesmente entrar na App Store e instalar o Citymapper para calcular rotas de transporte público; o Strava ou o iSmoothRun para registrar suas atividades físicas; o Spotify para controlar as músicas no seu celular; ou o Carrot para ver a previsão do tempo. Mas os aplicativos nativos da Apple sempre tendem a ser mais rápidos, eficientes e estáveis, de modo que você provavelmente deve ficar com eles mesmo.

Apple Watch Series 5

Saúde e fitness

Faz dois anos que a Apple vem dando uma atenção maior ao aspecto saúde, e o Apple Watch Series 5 trouxe avanços nesse quesito. Do lado negativo, o eletrocardiograma ainda não funciona em relógios vendidos no Brasil — e a Apple não dá nenhum sinal de que está conversando com a Anvisa para lançar o recurso. E uma das novidades, a bússola, tem utilidade bem questionável: ela poderia ser muito melhor aproveitada se fosse integrada ao aplicativo Exercício para orientar quem pratica corrida em trilha, por exemplo.

Mas o conjunto é bom. Isso porque, desde a geração passada, o Apple Watch é equipado com sensores excelentes. O leitor de batimentos cardíacos é confiável — não tanto quanto uma cinta, mas dentro do que eu espero de um bom sensor de pulso, sem apresentar erros de leitura ou quedas bruscas persistentes como em relógios mais baratos, por exemplo.

Apple Watch Series 5

O GPS é preciso e não perde para relógios com foco em esportes, em parte porque a Apple conseguiu desenvolver um bom algoritmo de rotas. Em um treino de corrida de 15 km no final de semana, eu corri com o Apple Watch Series 5 no braço esquerdo e um Garmin Fenix 5s no direito. Os dois foram bons dentro do Parque Ibirapuera e do Parque do Povo, mas o Garmin se enrolou nos prédios altos da Faria Lima e nas passarelas próximas ao Shopping JK Iguatemi, enquanto o Apple Watch registrou o trajeto correto.

Por outro lado, as “adivinhações” de rotas podem dar errado. Um ponto ruim é que, diferente dos relógios esportivos com GPS, que primeiro captam o sinal e só depois iniciam a atividade, o Apple Watch simplesmente faz uma contagem regressiva e começa a registrar o exercício, mesmo que o GPS ainda não esteja pronto — o watchOS tenta supor qual foi a sua rota inicial com base na cadência de passada, mas isso tende a ser menos preciso.

Apple Watch Series 5

Para ser melhor, o aplicativo Exercício poderia ser mais completo. Ele deve ser suficiente para a maioria das pessoas, que correm ou pedalam só por lazer, mas não vai atender quem faz treinos intervalados ou com variações programadas de ritmo, por exemplo. Esses treinamentos, que sempre puderam ser programados em relógios da Garmin, Polar e outras marcas tradicionais, exigem que você procure algum aplicativo de terceiro na App Store.

Bateria

A bateria do Apple Watch Series 5 continua na mesma (ou seja, é de mediana para ruim). Nos meus testes, em uma corrida de 10 km em 1h, ouvindo músicas offline do Apple Music por um fone de ouvido Bluetooth e com a tela sempre ligada, a bateria caiu de 99% para 75%. É suficiente para você concluir uma meia-maratona escutando música, mas uma maratona ficaria apertada. E, se você correr por mais de uma hora no período da manhã, talvez não consiga chegar até o final do dia com carga.

Apple Watch Series 5

Nos dias em que eu não pratiquei nenhuma atividade física com GPS, a bateria do Apple Watch Series 5 sempre chegava à noite com algo entre 30% e 40% de carga — ou seja, houve uma queda em relação ao Series 4, que chegava a até 50% de bateria no final do dia. Desligando a tela sempre ativa, a autonomia foi parecida com a da geração passada, mas isso também tira uma das poucas novidades do modelo deste ano.

Vale a pena?

Apesar de estar longe da perfeição e não trazer muitas novidades, o Apple Watch Series 5 ainda é o melhor smartwatch do mercado. Sim, existem relógios com baterias melhores (muito melhores, aliás). Sim, existem relógios mais completos para atividades físicas. E também existem relógios bem mais acessíveis. Só que, pelo conjunto da obra, a escolha faz sentido. O fato de a Apple ser a fabricante de smartwatches que mais vende, mesmo cobrando mais caro que todo mundo, não é mera obra do acaso.

Apple Watch Series 5

O fator “companheiro de saúde” é muito forte no Apple Watch — não é à toa que uma das novidades destacadas pela Apple é o fato de poder fazer ligações de emergência em qualquer lugar do mundo na versão 4G, mesmo sem o iPhone por perto e sem ter um plano de celular contratado. A detecção de queda, o monitoramento de ruído e o leitor de batimentos cardíacos sempre ativo também são grandes apelos.

Na parte de lifestyle, o fato do Apple Watch ser versátil o suficiente para funcionar em qualquer ocasião, devido ao design neutro e às inúmeras opções de pulseiras, também conta pontos para que ele seja visto em qualquer lugar e se torne uma propaganda de si mesmo. E os recursos de comunicação, pagamento com Apple Pay, interação com notificações e outros simplesmente funcionam; não há muito o que reclamar.

O Apple Watch Series 5 continua sendo um produto caro (e sempre vai ser). Mas, para quem pode gastar milhares de reais em um relógio, é difícil se arrepender.

Especificações técnicas

  • Bateria: até 18 horas;
  • Conectividade: 3G, 4G LTE (bandas 3 e 7), GPS, Glonass, Galileo, QZSS, Wi-Fi 802.11n, NFC (Apple Pay), Bluetooth 5.0;
  • Dimensões: 40x34x10,74 mm;
  • Memória interna: 32 GB;
  • Peso: 30,1 gramas (sem pulseira, alumínio);
  • Plataforma: watchOS 6.0.1;
  • Processador: dual-core Apple S5;
  • Sensores: acelerômetro, giroscópio, luminosidade, barômetro, sensor cardíaco óptico, sensor cardíaco elétrico, bússola;
  • Tela: OLED LTPO sempre ligada com resolução de 394×324 pixels e sensibilidade à pressão (Force Touch).

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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