Rappi demite 150 funcionários no Brasil em meio a concorrência com iFood

Rappi corta 6% do quadro de funcionários na América Latina para focar em experiência do usuário; iFood acirrou disputa no Brasil

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Rappi (Foto por Carlos Felipe Pardo/Flickr)

A Rappi, dona do conhecido aplicativo de entregas, vai demitir 6% de seus funcionários na América Latina como parte de uma reestruturação para focar nas divisões de tecnologia e experiência do usuário. Cerca de 150 empregados serão dispensados no Brasil, onde o iFood acirrou a disputa por clientes e restaurantes nos últimos meses.

Fontes dizem ao Brazil Journal que a Rappi fará 150 demissões no Brasil, concentradas em cargos mais juniores. A empresa não confirma esse número, dizendo apenas que “optou por reduzir algumas áreas e ampliar outras”. Ela tem cerca de 5 mil funcionários espalhados pela América Latina.

“A Rappi decidiu investir no seu time de tecnologia e na experiência do usuário”, afirma a empresa em comunicado. “Essa decisão não afeta nossos planos de crescimento, inclusive estamos contratando um grande número de funcionários para as áreas foco da Rappi para 2020.”

O iFood acirrou a concorrência com a Rappi nos últimos meses, segundo o Brazil Journal, levando a uma redução nas margens de lucro e dificultando o trabalho de conquistar e reter clientes — tanto usuários como restaurantes.

Eu não peço delivery pela Rappi desde julho do ano passado. No meu histórico de pedidos, vários restaurantes agora aparecem com o aviso “não disponível” — eles saíram da plataforma. E os preços do iFood realmente são mais competitivos na minha experiência: sempre há promoções, combos e cupons disponíveis dentro do próprio app.

Além disso, a Rappi tem uma interface que pode ser lenta e confusa porque o aplicativo tenta fazer de tudo: delivery de restaurante, entrega de farmácia e supermercado, desbloqueio de patinetes da Yellow e transporte de pacotes (tal como a Loggi). Será uma boa notícia se a empresa realmente focar na experiência do usuário.

Rappi é avaliada em US$ 2,5 bilhões

No ano passado, o conglomerado japonês Softbank liderou uma rodada de investimento de US$ 1 bilhão na Rappi. A empresa de delivery foi avaliada em US$ 2,5 bilhões, e agora precisa provar que vale tudo isso. Ela ainda não teve lucro em seus cinco anos de existência.

Executivos dizem à Reuters que, para alcançar lucratividade, a Rappi está coletando tendências de compras sobre seus clientes para revendê-las a marcas de alimentos, restaurantes, supermercados e lojas.

Luis Techera, executivo da empresa no México, dá um exemplo: se a Gillette quisesse lançar uma nova lâmina de barbear, 100 mil clientes selecionados com base em idade e localização poderiam receber amostras grátis. “A Rappi pode entregá-las em uma semana a todos os usuários que já compraram uma lâmina da Gillette e isso é um ataque que ninguém tem”, diz Techera.

Com informações: Brazil Journal, Reuters.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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