A Uber está lançando um experimento no estado da Califórnia (EUA): motoristas que atuam em algumas rotas de aeroportos poderão cobrar até cinco vezes a tarifa normal, e vão concorrer por passageiros em um esquema de leilão. A mudança é uma resposta à lei estadual AB5: ela exige que a empresa trate seus motoristas como funcionários, não como autônomos.
- Projeto de lei quer que Uber pague multa ao usuário se motorista cancelar viagem
- Como adicionar uma parada no Uber [múltiplos endereços]
O Wall Street Journal explica o funcionamento: a partir desta terça-feira (21), motoristas da Uber que transportam passageiros dos aeroportos de Santa Barbara, Palm Springs e Sacramento podem decidir quanto cobrarão pela viagem.
Eles usarão um sistema de lances que permite aumentar a tarifa em incrementos de 10%, até um máximo de cinco vezes o valor definido pela Uber. Então, quando um passageiro solicitar viagem, o aplicativo dará a corrida para o motorista que estabeleceu o preço mais baixo. Quem definir uma tarifa mais alta será gradualmente despachado à medida que mais usuários pedirem um carro.
O Uber confirmou que está fazendo um “teste inicial” que “pode dar aos motoristas mais controle sobre as tarifas cobradas dos passageiros”. A empresa está experimentando o novo recurso em cidades menores da Califórnia para evitar danos aos seus negócios, já que esse sistema de leilão pode resultar em menos viagens e mais volatilidade nos preços. A Lyft, sua principal concorrente nos EUA, segue operando normalmente e poderia usar a mudança para conquistar usuários.
Ainda assim, a Uber deve usar o feedback dos testes para decidir se o novo sistema de preços valerá em toda a Califórnia. E desde o mês passado, motoristas neste estado americano podem ver o ponto de destino dos passageiros antes de aceitarem a corrida.
Uber reage a nova lei da Califórnia para autônomos
Isso é uma resposta à lei AB5, que entrou em vigor no início de janeiro: autônomos na Califórnia devem ser tratados como funcionários — recebendo direitos trabalhistas como salário mínimo e licença médica — se forem controlados pelo empregador e contribuírem para as principais atividades da empresa.
A Uber argumenta que é uma empresa de tecnologia, não de transporte, portanto os motoristas não contribuiriam para suas principais atividades. E com o novo esquema de preços, ela quer convencer legisladores de que seus parceiros operam com algum grau de independência.
Em dezembro, a Uber processou o estado da Califórnia, dizendo que a nova lei é inconstitucional porque abriu exceções para diversos setores, como motoristas de caminhão e funcionários de agências de viagem.
Com informações: Wall Street Journal.
Comentários da Comunidade
Participe da discussãoOs mais notáveis
Surreal, é o mesmo que eu abrir uma loja e meus funcionários quererem definir os preços dos produtos vendidos. Legisladores da Califórnia adoram dar essas esquerdadas de vez em quando.
Tosquissimo. jaja estão com preço de taxi se é que ja não estão. Espero que essa M de decisão fique por lá.
Ainda bem que temos legisladores ruins em todos os lugares do mundo…
Descobrimos que essa comunidade foi uma ideia maravilhosa quando uma postagem sobre UBER não leva aqueles comentários imensos do disqus com matemática questionável sobre as tarifas do app.
Então nessa comparação você está considerando os motoristas como funcionários do Uber? É essa a ideia mesmo, ué.
Se eles são funcionários e não podem definir os preços, então eles devem ser tratados como funcionários para todos os efeitos.
Se eles são trabalhadores autônomos e independentes, então nada mais justo que eles poderem definir o próprio preço.
Não, não estou, falei funcionário por falta de um termo melhor, parceiro é um termo mais adequado. E não dá pra dizer que são realmente autônomos se prestam serviço para uma empresa em vez de oferecê-lo diretamente ao cliente. Só querem o filé, aí é fácil.
Vamos ver o que vai dar com essa mudança, mas imagino que o número de corridas vá cair drasticamente com essa decisão. O Lyft que deve se beneficiar com essa mudança. Um serviço que começou muito bem mas que foi sendo avacalhado aos poucos pelo Deus-Estado metendo o bedelho e o mau caratismo de muitos motoristas desonestos.
Falta-lhe um termo melhor justamente por não existir uma palavra que descreva alguém que não é funcionário ao mesmo tempo em que está submetido às obrigações de um, como a de não poder definir seus próprios preços.
Mas vamos usar a alternativa que você sugeriu, parceiro, para exemplificar.
“Surreal, é o mesmo que eu abrir uma loja e meus parceiros quererem definir os preços dos produtos vendidos.”
Ora, não tem nada de surreal nisso. Essa prática é perfeitamente normal no mercado.
Lojas com marketplace, como Americanas e Amazon, por exemplo, são lojas cujos parceiros definem os próprios preços dos produtos que vendem.
Assim como lojas de aplicativos, como a App Store e Play Store, os parceiros, que são os desenvolvedores, é quem definem os preços dos aplicativos que disponibilizam.
O AirBNB, frequentemente citado junto ao Uber como exemplo de disrupção de mercado, adotando um modelo de marketplace similar, também dá toda a liberdade aos seus parceiros para definirem os preços que acharem mais adequado.
Não faltam exemplos de serviços de lojas onde os parceiros definem os próprios preços.
Sim, até concordo que é comum parceiros definirem os preços, mas no caso o Uber só tomou essa decisão após a aprovação dessa lei estúpida.
Mas é esse justamente o ponto. Pq os legisladores não tomaram decisão similar para os outros serviços citados pelo Danilo? Justamente pq o modelo do Uber, Cabify, etc é mais controlador, eles atuam controlando os motoristas, logo isso não torna eles autônomos.
Autônomo… ¯ _😎_/¯