Apple teria desistido de melhorar criptografia no iCloud após consultar FBI

Segundo um ex-funcionário, a Apple não quis ser atacada por supostamente prejudicar investigações

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Apple Logo (Imagem: Divulgação/Apple)

A Apple estudou adotar criptografia de ponta a ponta em backups do iCloud, mas desistiu após ouvir representantes do FBI. Segundo a agência de segurança dos Estados Unidos, a decisão poderia afetar investigações, que não teriam mais acesso aos arquivos de investigados.

A informação é da Reuters, que ouviu seis fontes anônimas, incluindo funcionários e ex-funcionários da Apple e do FBI. A consulta teria ocorrido em 2017 em uma tentativa de não atrapalhar os serviços de inteligência dos EUA.

Os relatos indicam que a empresa informou a agência do governo que pretendia oferecer a criptografia de ponta a ponta para impedir a ação de hackers. A companhia destacou que a ação a impediria de acessar os arquivos de pessoas investigadas.

O FBI, por meio da equipe de crimes cibernéticos, foi contra o plano por entender que ele encerraria um dos meios mais eficazes de se obter informações de suspeitos. Após a conversa, a Apple informou as cerca de 10 pessoas que estavam no projeto que ele seria suspenso.

“O jurídico o cancelou, por razões que você pode imaginar”, um ex-funcionário da Apple teria ouvido. Não houve menções explícitas sobre o motivo para o cancelamento ou um possível envolvimento do FBI na decisão.

No entanto, o ex-funcionário afirma que a empresa não queria ser atacada ou processada por órgãos do governo. Meses antes, a companhia havia entrado em uma disputa judicial em que o FBI pedia o desbloqueio do iPhone do atirador de San Bernardino, na Califórnia.

Outro funcionário da Apple afirma que o plano pode ter sido cancelado por outros motivos, como a chance de usuários perderem acesso aos arquivos após esquecerem a senha. Ainda assim, a decisão ajudou o FBI.

Os órgãos de investigação são atendidos em cerca de 90% dos pedidos de coleta de dados de suspeitos no iCloud. No segundo semestre de 2018, foram 14 mil contas acessadas. No primeiro semestre de 2019, foram 6 mil. E, no segundo semestre de 2019, o número não foi revelado por ordem judicial.

A consulta ao FBI chama ainda mais atenção pelas recentes críticas do governo americano à Apple. O procurador-geral dos EUA, William Barr, reclamou da falta de “ajuda substancial” no desbloqueio de dois iPhones usados pelo atirador que deixou três mortos na base naval de Pensacola, na Flórida.

O presidente dos EUA, Donald Trump, foi ao Twitter protestar contra a Apple. Segundo ele, apesar da ajuda do governo no mercado, a empresa se recusa a desbloquear celulares de “assassinos, traficantes de drogas e outros elementos criminosos violentos”.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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