Anatel não pode regular canais de TV na internet, diz área técnica

Medida contraria Anatel, que proibiu a Fox de vender canais ao vivo pela internet sem a presença de uma operadora

Lucas Braga
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• Atualizado há 8 meses
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Um parecer técnico da Anatel considera que canais lineares — incluindo os de TV paga — transmitidos pela internet com venda direta ao consumidor são considerados serviço de valor agregado (SVA). Ou seja, eles seriam livres de regulação da agência, ao contrário da TV por assinatura tradicional (SeAC). A posição é contrária às medidas tomadas pela Anatel no passado, que proibia a Fox de comercializar seus canais sem uma operadora.

A informação foi obtida pelo Teletime, e o parecer foi encaminhada para análise jurídica da Procuradoria Federal Especializada.

Durante uma análise de tomada de subsídios, a Anatel recebeu contribuições para entender canais lineares na internet como SVA, inclusive de operadoras como Vivo e TIM, do Ministério da Economia, provedores de internet, programadores internacionais e radiodifusores.

Decisão pode mudar mercado de TV paga

Caso a venda de canais lineares seja realmente considerada como um SVA, é bastante provável que surja uma grande mudança na forma em que as operadoras entregam conteúdo. Isso porque a TV por assinatura tradicional segue a Lei do SeAC, com regulações como cotas de conteúdo.

Mas a principal motivação está nos impostos: os serviços de valor agregado pagam apenas ISS, enquanto a TV por assinatura tradicional tem que arcar com ICMS, FUST, FUNTTEL e Condecine.

Atualmente, as principais operadoras que atuam no mercado de TV por assinatura já possuem seu próprio serviço de streaming, incluindo Claro/NET Now, Vivo Play, Oi Play e Sky Play. Seria uma questão de tempo até elas permitirem a assinatura para qualquer pessoa pela internet.

As operadoras brasileiras já incluem algum tipo de SVA no valor do plano, podendo ser app de streaming de música ou vídeos, backup online, revistas digitais e até mesmo assistência doméstica.

A treta entre Fox e Anatel

A Lei do SeAC proíbe a propriedade cruzada: uma operadora não pode produzir o próprio conteúdo, assim como uma programadora não pode distribuí-lo diretamente. Após uma denúncia da Claro/NET, a Anatel interpretou que a Fox fazia isso com o serviço Fox+ e Fox Premium, que era vendido diretamente ao consumidor e funcionava via internet.

Então, a Anatel proibiu a Fox de comercializar os canais pela internet, mas a Justiça suspendeu a medida. A agência recorreu, perdeu o recurso, depois ganhou novamente e por fim a liminar foi suspensa (até agora), permitindo a existência do serviço de streaming.

Vale notar que a Fox já deixou de comercializar o serviço em toda a América Latina, se preparando para o lançamento do Disney+ na região. Ainda assim, a programadora continuou com o processo na Justiça, para prevenir possíveis problemas no futuro.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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