Google bane Clean Master e mais apps de Android com anúncios invasivos

Cheetah Mobile teve mais de 40 apps removidos; Clean Master foi instalado mais de 1 bilhão de vezes antes de ser banido

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Clean Master

O Google baniu quase 600 aplicativos da Play Store por exibirem anúncios invasivos em celulares Android, incluindo nomes famosos, como o Clean Master. A empresa detalhou as remoções em nota na quinta-feira (20), explicando que os infratores mostravam propagandas inesperadas e prejudicavam a usabilidade dos aparelhos, mesmo quando não estavam sendo executados em primeiro plano.

Não é a primeira vez que aplicativos são removidos do Google Play por violarem regras relacionadas a anúncios. A desenvolvedora chinesa Cheetah Mobile, mais conhecida pelo Clean Master, é reincidente: aplicativos como Battery Doctor e CM Locker haviam sido expulsos em 2018 por utilizarem um esquema fraudulento para ganhar comissões de anúncios indevidamente, simulando cliques falsos de usuários.

De acordo com o BuzzFeed, a Cheetah Mobile teve todos os seus 45 aplicativos restantes banidos da Play Store. A empresa também foi impedida de participar das redes de anúncios do Google. O Tecnoblog apurou que o Clean Master, que prometia otimizar o desempenho e melhorar a segurança do Android, foi removido nesta semana, na limpeza mais recente. A ferramenta tinha mais de 1 bilhão de instalações.

A Cheetah Mobile tem capital aberto desde 2014. Na manhã desta sexta-feira (21), suas ações na bolsa de Nova York caíam mais de 15%.

Google usa machine learning para detectar apps invasivos

Android / anúncios invasivos

Os “anúncios interferentes”, nas palavras do Google, “são exibidos aos usuários de maneiras inesperadas, inclusive prejudicando ou interferindo na usabilidade das funções do dispositivo”. A empresa notou que uma das formas de propagandas invasivas acontece quando “desenvolvedores maliciosos exibem anúncios em um dispositivo móvel quando o usuário não está realmente ativo no aplicativo”.

O Google explica que esses anúncios, além de prejudicar a experiência de uso, podem levar a cliques não intencionais que causam prejuízos aos anunciantes. “Por exemplo, imagine receber inesperadamente um anúncio de tela inteira quando você tenta fazer uma ligação, desbloquear o telefone ou usar a navegação curva a curva do seu aplicativo de mapa favorito”, diz a empresa. Os anunciantes prejudicados estão sendo reembolsados pelo Google.

Como as empresas têm desenvolvido técnicas mais inteligentes para mascarar anúncios interferentes, o Google criou uma iniciativa baseada em aprendizagem de máquina para detectar propagandas fora de contexto. A nova tecnologia já foi utilizada pelo Google como base para as expulsões mais recentes.

Cheetah Mobile tentará reverter banimento do Google

Em comunicado ao mercado, a Cheetah Mobile confirmou que suas contas da Play Store, Google AdMob e Google AdManager foram encerradas. Segundo a empresa, nos primeiros nove meses de 2019, 22,6% do faturamento total da companhia foram originados do Google, incluindo anúncios nos aplicativos e compras de itens virtuais.

“A empresa está em comunicação contínua com o Google para recorrer da decisão, esclarecer qualquer mal entendido e adotar qualquer medida corretiva necessária para restaurar as contas desativadas”, diz a Cheetah Mobile.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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