Clearview AI, empresa de reconhecimento facial, revela vazamento de dados

A empresa coleta fotos de usuários em redes sociais, mas diz que essas informações não foram comprometidas

Victor Hugo Silva
Por
• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Clearview tem três bilhões de imagens para reconhecimento facial (Foto: Reprodução/CBS News)
Clearview tem três bilhões de imagens para reconhecimento facial (Foto: Reprodução/CBS News)

A Clearview AI, que coletou três bilhões de fotos de usuários do Facebook e do YouTube para desenvolver sua ferramenta de reconhecimento facial, já era bastante criticada por isso e conseguiu piorar a sua situação. A empresa informou que foi vítima de um vazamento de dados que revelou todos os seus clientes.

Segundo o The Daily Beast, a Clearview AI afirma que alguém obteve “acesso não autorizado” ao seu sistema. Além da lista completa de clientes, o invasor descobriu quantas pesquisas foram realizadas e quantas contas são mantidas por cada um deles.

Em janeiro, o New York Times revelou que a empresa oferece serviços para clientes ligados ao governo dos Estados Unidos, como o FBI e o Departamento de Segurança Interna. Ao todo, a companhia atende a mais de 600 agências de governo.

Em comunicado sobre o vazamento, a Clearview AI afirmou que seu sistema não foi comprometido e que não houve acesso às buscas específicas de seus clientes. O problema, segundo empresa, foi corrigido.

“Segurança é a principal prioridade da Clearview”, afirmou Tor Ekeland, advogado da empresa em nota ao The Daily Beast. “Infelizmente, vazamentos de dados são parte da vida no século XXI. Nossos servidores nunca foram acessados. Corrigimos a falha e continuamos a trabalhar para fortalecer nossa segurança”.

Aparentemente, as fotos e pesquisas feitas para investigações de agências de governo seguem protegidas. No entanto, as discussões em torno da legalidade e da segurança do produto oferecido pela Clearview AI voltam a ganhar força.

A empresa oferece um aplicativo para seus clientes compararem as imagens de suspeitos com as de um banco de dados. O serviço procura indicar como a pessoa se chama, onde mora, com quem trabalha e quem conhece, por exemplo.

As informações são coletadas com a ajuda de inteligência artificial a partir de perfis públicos de redes como Facebook, Instagram, Twitter e YouTube. O sistema da Clearview ainda obtém informações de serviços de pagamentos como Venmo e sites de emprego, de notícias e de educação.

Hoan Ton-That, CEO da Clearview (Foto: Reprodução/CBS News)

Hoan Ton-That, CEO da Clearview (Foto: Reprodução/CBS News)

Antes mesmo do vazamento, a Clearview AI precisava lidar com as reclamações de empresas. O Google, o Twitter, o Facebook e o Venmo pediram o fim da coleta de dados de seus usuários por entender que a prática viola seus termos de serviço.

A Clearview AI, por sua vez, diz que utiliza fotos disponíveis em páginas públicas. A empresa alega ainda que está protegida pela Primeira Emenda dos Estados Unidos, que garante o acesso a informações públicas.

Clearview AI quer operar no Brasil

Com o crescente escrutínio de outras empresas e de governos, a Clearview trabalha para oferecer os seus serviços em outros países. No início de fevereiro, o Buzzfeed News revelou que a empresa estudava uma “rápida expansão internacional”.

O plano envolve pelo menos 22 países, incluindo o Brasil. A reportagem indica que a empresa também trabalha para conseguiur clientes na Itália, na Grécia, na Holanda, na Colômbia, nos Emirados Árabes Unidos e no Catar.

Ao Buzzfeed News, o CEO da Clearview AI, Hoan Ton-That se limitou a dizer que a empresa está focada em negócios nos Estados Unidos e no Canadá, mas não descartou operar em outras regiões. “Muitos países de todo o mundo manifestaram interesse na Clearview”, afirmou.

Com informações: Mashable, The Next Web, CNET.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

Relacionados