Sinto-me às vezes como o único em minha turma que não curtiu muito o quadrinho Scott Pilgrim. As várias referências aos videogames deveriam servir para que nós fãs do hobby nos identifiquemos com o personagem e a história. Entretanto, há tanto melodrama romântico adolescente na trama que eu acabei me identificando apenas com o fato de que o Scott Pilgrim mora no Canadá.

Mas eu estava disposto a assistir o filme, mesmo assim. Adoro esses grandes eventos da cultura pop, como o lançamento de blockbusters de verão. E por mais que a obra original não seja lá minha favorita, eu estava disposto a dar mais uma chance à história.

E agora eu tenho um outro bom motivo para ir assistir Scott Pilgrim: o jogo baseado no filme é sensacional.

Disponível para Xbox Live Arcade e PlayStation Network, Scott Pilgrim vs. The World: The Game é um jogo no clássico esquema beat-em-up. Ou seja: você vai andando por uma fase (que geralmente representa um cenário urbano) e descendo o cacete em milhares de inimigos até atingir um chefão. Se você já jogou Streets of Rage, River City Random ou aquele jogo com tartarugas ninja, você sabe o que esperar desse estilo de jogo.

Como a série dos quadrinhos, Scott Pilgrim: The Game faz homenagem à era de ouro dos videogames. A arte do jogo é pixelizada e as músicas lembram as melodias em chiptune que nossos NES produziam.

Assim como os jogos de outrora, Scott Pilgrim não tem modo online: o único multiplayer que o jogo apresenta é aquele em que os amigos dividem um sofá. Alguns certamente devem ter se chateado com a ausência do multiplayer online, mas em minha opinião essa carência está contextualizada. Scott Pilgrim é uma homenagem aos velhos tempos, afinal de contas, e você não jogava Battle Toads com seus primos pela internet, não é mesmo?

O gameplay é robusto. Há bastantes combos diferentes para destravar e aprender. E há uma boa variedade nos modelos de inimigos (é meio chato enfrentar irmãos gêmeos dos mesmos vilões o tempo todo, um mal comum de jogos nesse estilo). Os inimigos soltam moedinhas que você usará mais tarde para comprar itens que abastecem sua barra de energia ou ativam um aumento temporário de força.

São sete fases, cada uma trazendo um ex-namorado da Ramona Flowers – o interesse romântico do titular Scott, mas você já deve saber disso. Os cenários seguem fielmente a história do quadrinho e é muito bacana ver as versões pixelizadas das localidades em que a história se passa.

E jogar com outros três amigos na mesma tela é exatamente a forma de que um beat-em-up deve ser jogado. Para estender a tempo de jogo, Scott Pilgrim também traz um (aparentemente obrigatório hoje em dia) modo de sobrevivência contra zumbis. Clichê nos tempos atuais, mas ainda continua divertido.

Jogos baseados em filmes são, geralmente, uma porcaria. Por isso é tão bom poder recomendar Scott Pilgrim vs. The World: The Game. A Ubisoft fez um ótimo trabalho não apenas em traduzir o filme/quadrinho para ação pixelizada, mas também de reproduzir aquele tipo de jogablidade que fez os gamers mais veteranos torrar a mesada inteira nos arcades (ou mais brasileiramente nos fliperamas) tentando zerar clássicos desse gênero, como Turtles in Time.

Minha única reclamação é que o jogo está disponível apenas como download, por US$9,90. Esse é o tipo de jogo que o colecionador em mim gostaria de poder colocar na prateleira.

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Izzy Nobre

Izzy Nobre

Ex-autor

Israel Nobre trabalhou no Tecnoblog entre 2009 e 2013, na cobertura de jogos, gadgets e demais temas com o time de autores. Tem passagens por outros veículos, mas é conhecido pelo seu canal "Izzy Nobre" no YouTube, criado em 2006 e no qual aborda diversos temas, dentre eles tecnologia, até hoje.

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