A Huawei não pode mais oferecer o ecossistema do Google em seus smartphones atuais, mas isso não a impediu de lançá-los. Até agora: as sanções aplicadas pelos Estados Unidos vão forçar a companhia a interromper a produção dos chips Kirin em setembro, situação que pode afetar diretamente a produção de celulares da marca.
- Huawei instala 5G em centro de distribuição no interior de SP
- Brasil terá “consequências” ao permitir 5G da Huawei, diz embaixador dos EUA
As sanções aplicadas pelo governo dos Estados Unidos desde 2019 impedem a Huawei de fechar negócio com empresas americanas. É por isso que linhas como Huawei P40 não têm Play Store e outros serviços do Google.
Como o ecossistema do Google é pouco popular na China — o principal mercado da Huawei —, essa restrição não chega a ser um grande problema.
Só que o cerco do governo americano vem aumentando. Em maio deste ano, as restrições forçaram a TSMC a deixar de produzir processadores Kirin para a Huawei. Embora a TSMC tenha sede em Taiwan, a companhia segue as regras do Departamento de Comércio dos Estados Unidos por utilizar tecnologia americana na fabricação de chips.
Processadores encomendados antes de 15 de maio poderão ser enviados à companhia chinesa até 14 de setembro. A partir de 15 de setembro, a Huawei não terá mais fornecedores. “Este pode ser o ano da última geração dos chips high-end Huawei Kirin”, declarou Richard Yu, presidente da divisão de consumo da companhia.
É uma situação dramática. Os chips Kirin têm recursos específicos para as funções de inteligência artificial dos smartphones mais avançados da Huawei, razão pela qual a sua substituição por processadores de outros fabricantes é uma tarefa complicada — para não dizer impossível. É por isso que a própria companhia sinaliza que a linha Mate 40 será a última a vir com chips Kirin.
Se optar por chips de terceiros, a Huawei terá que direcioná-los a novos modelos de smartphones, provavelmente. Mas esse é o menor dos problemas. O maior é encontrar um fornecedor.
Uma alternativa poderia ser a Samsung, mas a marca coreana destina quase toda a produção dos chips Exynos aos seus próprios dispositivos móveis, sem contar que também utiliza tecnologia americana em suas linhas de produção.
Outra opção seria contratar a chinesa SMIC para produzir chips Kirin em larga escala. O problema é que a empresa não tem capacidade de produção para o volume de processadores que a Huawei precisa, tampouco tecnologia para fabricar os modelos mais avançados: enquanto a TSMC está em 7 e 5 nanômetros, a SMIC ainda está nos 14 nanômetros.
Sobra a MediaTek, que já fornece chips para a Huawei. O problema é que não existe nada indicando uma grande parceria entre as duas, até porque há uma série de questões que precisam ser analisadas para isso. Por exemplo: será que a companhia conseguiria fornecer chips equivalentes aos modelos Kirin mais avançados?
Saída pode estar na Qualcomm
É possível que os estoques da Huawei garantam a produção dos smartphones high-end da marca em 2020. Para depois disso, a saída pode estar na Qualcomm, por incrível que pareça. A companhia tem sede nos Estados Unidos e, segundo o Wall Street Journal, estaria pressionando a administração Trump a autorizar o fornecimento de chips 5G para a Huawei.
Pessoas próximas às discussões dizem que os chips da Qualcomm equipariam celulares 5G da Huawei sob o argumento de evitar que este mercado, que tem valor estimado em US$ 8 bilhões por ano, fique predominantemente nas mãos de empresas estrangeiras.
Com informações: Associated Press.
Comentários da Comunidade
Participe da discussãoOs mais notáveis
Mas, e a “liberdade econômica” e “livre mercado”? Não acredito que o governo liberal estadunidense interfira nas atividades econômicas de empresas privadas. Isso é coisa de comunista.
#ironia
Sobrou a Mediatek…
A não ser que você tenha alguma fonte dizendo que a Qualcomm foi autorizada a fornecer chips para a Huawei apesar das sanções dos EUA, a sua afirmação não faz sentido.
Quando você diz “pérola”, se refere ao seu próprio comentário, certo? Porque a Qualcomm não tem autorização para fornecer chips para a Huawei. Como o próprio texto deixa claro, ela estaria pressionando o governo dos EUA para ter essa autorização, mas ainda não há nada nesse sentido.
Sugiro que você leia o texto na íntegra antes de comentar.
ela pode fornecer? não entraria tbm no caso das empresas que ‘‘usam tecnologia americana’’?
Politicagem eliminando mais um concorrente.
Seria possível comprar a ARM e contra atacar as empresas americanas deixando de licenciar pra elas?
Acho que não dá pra chamar o governo Trump de liberal, o cara defende protecionismo e nacionalismo a todo custo. Mas não lhe tiro a razão quando ironiza a hipocrisia do governo americano de só defender a liberdade comercial quando lhe convém, como a agricultura, por exemplo, onde o protecionismo fala mais alto.
A MediaTek é café com leite rsrs, mal consegue competir com chips Snapdragon de entrada e intermediários, imagine fazer SoCs no nível dos HiSilicon Kirin da Huawei.
A China tem a Allwinner Technology que produz processadores Arm para mobile, mas eles estao na faixa dos 20 a 30 nanômetros quando a Qualcomm está indo para 5. Allwinner produz processadores para os projetos da pine64.org, smartphones, tablets e notebooks ARM com Linux. Não tem como atender a Huawei nesse nivel, mas ao menos eles possuem mais uma opção de emergência.
É, China. Quando é outro país limitando as liberdades individuais não é muito legal, não é?