Samsung Galaxy Watch 3: estilo com aposta em saúde

Novo relógio da Samsung, Galaxy Watch 3 tem mais recursos de saúde e fitness sem perder o apelo visual

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 11 meses
Samsung Galaxy Watch 3 - Review

Saúde e fitness. Em tempos de pandemia, esses são os focos do Galaxy Watch 3, novo smartwatch da Samsung que chega ao Brasil com monitoramento de pressão arterial, eletrocardiograma para auxiliar na detecção de problemas cardíacos e métricas avançadas para quem pratica corrida.

Sem deixar o estilo de lado, o Galaxy Watch 3 marca o retorno da coroa giratória aos smartwatches da Samsung e tem até uma versão bronze, para combinar com a linha Galaxy Note 20 e o novo fone de ouvido da marca. Mas será que o relógio da Samsung é bom? Vale o preço sugerido de R$ 2.799? Eu testei a novidade nas últimas semanas e conto minhas impressões nos próximos minutos.

Análise do Galaxy Watch 3 em vídeo

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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O Galaxy Watch 3 foi fornecido pela Samsung por empréstimo. O produto será devolvido à empresa após os testes.

Design e tela

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O Galaxy Watch 3 segue o design do primeiro Galaxy Watch, com coroa giratória em volta da tela para navegar pela interface. É uma solução que me agrada por ser discreta e fácil de usar, além de evitar a necessidade de meter o dedão na tela a todo momento. Na minha unidade de testes, de 41 mm, o relógio combinou com meu pulso fino, mas a Samsung também vende uma versão de 45 mm para quem prefere modelos maiores.

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A cor bronze não vai agradar todo mundo e não é a que eu escolheria, mas não deixa de ser elegante. A Samsung prestou bastante atenção aos detalhes, gravando a inscrição Galaxy Watch em um botão minúsculo e utilizando couro legítimo na pulseira de 20 mm, que se mostrou bastante confortável e adequada para ocasiões mais formais, embora não seja a melhor opção para a prática de esportes.

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Na traseira do Galaxy Watch 3, que reúne o leitor de batimentos cardíacos e uma área magnética para acoplar o carregador por indução, a Samsung deixa claro que a caixa é feita de aço inox, que a tela possui proteção Gorilla Glass DX contra riscos e que o relógio tem resistência à água de 5 atm, permitindo o uso sem medo durante um dia chuvoso.

A tela redonda de 1,2 polegada tem painel AMOLED, excelente qualidade de imagem e brilho forte o suficiente para permitir a visualização sob a luz do sol. As cores são vivas e a resolução de 360×360 pixels garante uma boa definição mesmo em textos com fontes minúsculas, o que atiçou minha vontade em usar mostradores mais detalhistas.

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Software

Como nas gerações anteriores, o smartwatch da Samsung roda o sistema operacional Tizen. Faz tempo que a fabricante coreana entrega um software mais refinado que o Google Wear OS, adotado por outras empresas, e não é diferente no Galaxy Watch 3. As animações são fluidas, as telas se adaptam ao visor circular e a ferramenta Galaxy Wearable para Android facilita as configurações e a instalação de novos aplicativos e mostradores.

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O Galaxy Watch 3 não traz nenhum aplicativo que muda minha vida, mas faz bem o que um smartwatch deveria fazer. Basta girar a coroa no sentido anti-horário para ver as notificações ou no sentido horário para navegar pelos widgets de saúde, previsão do tempo, calendário, atalhos de aplicativos, Spotify e registro de sono. Você pode mudar a ordem ou adicionar outras telas a qualquer momento.

Uma ausência notável no Brasil é a Bixby, que não funcionava em português no momento da publicação deste review. A assistente pessoal da Samsung já está disponível no nosso idioma nos celulares mais caros da marca e desembarcou nas TVs, mas ainda não tem nem previsão de chegar aos wearables. Em relação ao Apple Watch Series 5, por exemplo, senti falta de poder iniciar um timer só falando com o relógio enquanto cozinho.

Saúde

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Em um momento bastante delicado para a saúde no mundo, a Samsung deixou claro seu foco em bem-estar no Galaxy Watch 3. O medidor de oxigenação no sangue já existia em dispositivos anteriores e a empresa foi além com o monitoramento de pressão arterial e o eletrocardiograma. Os dois recursos novos foram aprovados pela Anvisa, mas infelizmente dependiam de uma atualização de software que ainda não havia sido liberada durante os meus testes.

São recursos bastante úteis, embora com utilidade e precisão limitadas. Isso porque o monitoramento de pressão arterial não é feito diretamente pelo relógio: você precisa calibrá-lo com um esfigmomanômetro uma vez por mês e, com base nesses dados, o Galaxy Watch 3 faz uma estimativa. Já o eletrocardiograma pode até funcionar bem, mas o leitor de batimentos cardíacos, que é um componente relacionado, me decepcionou um pouco, como comento adiante.

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O monitoramento de sono funciona automaticamente se você dormir com o relógio e identifica as quatro fases, como sono profundo, sono leve, sono REM e acordado. Além de mostrar um gráfico detalhado, o recurso fornece uma pontuação numérica para a qualidade do seu sono, permitindo que você entenda melhor os fatores que prejudicam ou melhoram suas noites (bebida alcoólica logo antes de dormir não é uma boa ideia).

É bom para corrida?

Um dos meus hobbies é corrida de rua, e eu estava bastante empolgado em testar os novos recursos do Galaxy Watch 3. Depois de alguns quilômetros rodados, digo que a Samsung ainda não deve conquistar o público que já treina regularmente, mas pode ser uma excelente porta de entrada para as atividades físicas.

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O recurso que mais chama atenção são as métricas avançadas de corrida. Depois de finalizar uma atividade, o relógio pode avaliar e mostrar um gráfico da sua assimetria de passada, do tempo de contato com o solo, do tempo no ar, da regularidade da passada e da oscilação vertical, que podem ser úteis para melhorar sua biomecânica e, consequentemente, o desempenho na corrida.

Não é uma funcionalidade inédita, mas é impressionante ver que o Galaxy Watch 3 consegue fazer as medições sem ajuda de nenhum acessório, só com os dados do acelerômetro e de algoritmos. Nos relógios da Garmin, por exemplo, você até consegue obter essas métricas, mas precisa de uma cinta cardíaca ou um pod conectado ao relógio.

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As atividades são enviadas ao Samsung Health, que tem integração com o Strava e mostra um mapa com base no GPS, um gráfico com ritmo, elevação, cadência e batimentos cardíacos e o tempo de cada volta. Uma novidade é a estimativa do VO₂ máximo, para saber a quantas anda seu condicionamento físico. O valor fornecido pelo Galaxy Watch 3 foi de 46, bem abaixo dos 54 do meu Garmin Fenix 6 Pro, mas medições sem equipamentos específicos nunca foram precisas, e é difícil saber quem está correto.

O que poderia ser mais preciso é o leitor de batimentos cardíacos. Esse é um problema apontado há várias gerações de relógios e smartbands da Samsung, e é decepcionante ver que a marca não evoluiu muito. Em uma corrida longa de 20 km, o sensor ficou cerca de 15 minutos sem obter nenhum dado de frequência cardíaca, o que já seria um grande defeito.

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Mas o pior foi durante uma corrida em que o Galaxy Watch 3 apontou um pico de 190 batimentos por minuto, com média de 174 bpm. Esses números são improváveis devido ao ritmo de 7min10/km, bem leve para os meus padrões (mesmo com máscara), e impossíveis considerando o que eu estava sentindo: depois de fazer uma atividade nessa intensidade, eu ficaria sem trabalhar o resto do dia. Eu estava com um Garmin Fenix 6 Pro no outro pulso, que mediu 154 bpm de pico e 141 bpm de média.

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Não é como se ter um sensor preciso fosse só coisa de relógios super específicos para atletas, já que um dos leitores de batimentos cardíacos mais precisos que conheço é justamente o do Apple Watch Series 5, que foca em um público mais geral. Ou seja, o Galaxy Watch 3 até incentiva mais pessoas a iniciarem na prática esportiva, o que é um grande feito, mas quem já treina regularmente e sabe como usar algumas métricas pode ficar decepcionado.

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Bateria

A bateria do Galaxy Watch 3 de 41 mm tem capacidade de 247 mAh e, de acordo com a Samsung, dura até dois dias, mas eu não consegui chegar a essa autonomia nos meus testes.

No meu teste mais intenso, coloquei o smartwatch no pulso às 22h com o tanque cheio e fui dormir com o monitoramento de sono e o leitor de batimentos cardíacos ativados. No dia seguinte, corri por duas horas com o GPS ligado e consultei notificações. Às 21h, a carga chegou a 18%, o que é um resultado apenas satisfatório se considerarmos o que a Samsung já fez nos modelos anteriores.

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Nos dias da preguiça, usei o Galaxy Watch 3 só para consultar notificações, mantendo todas as configurações no padrão, com a tela sendo ativada somente quando eu mexia o pulso. Enchi a bateria até os 100% e vesti o relógio às 22h, antes de dormir. Depois de um dia e 15 horas, a carga chegou aos 15%, quando o relógio perguntou se eu queria ativar o modo de economia de energia.

Ou seja, o Galaxy Watch 3 é melhor que seu concorrente mais conhecido, o Apple Watch Series 5, mas é um retrocesso em relação aos relógios anteriores da Samsung, que tinham autonomia de até quatro dias, o que surpreendia para um smartwatch completo, com tela colorida e brilhante. A novidade da Samsung não foge do padrão ao exigir que você recarregue mais um eletrônico todos os dias.

Vale a pena?

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É difícil. O Galaxy Watch 3 não é para mim, mas é um dos melhores smartwatches à venda no Brasil para o mundo Android. A Samsung entrega um conjunto muito completo, com design de respeito, tela de altíssima qualidade, um software bem cuidado e opção de conectividade 4G. A integração com o Spotify é boa e as funções de saúde chamam a atenção.

No meu caso, o relógio escorregou no leitor de batimentos cardíacos, justamente um item que dou bastante atenção. Não dá para saber se o problema está ligado ao software e poderia ser corrigido em uma atualização futura, ou se o hardware em si tem baixa precisão. Se não fosse isso, o Galaxy Watch 3 poderia ser uma excelente companhia nos meus treinos: as métricas avançadas sem necessidade de nenhum acessório externo realmente me impressionaram.

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Apesar dos pontos negativos e de custar mais caro que muitos concorrentes, o Galaxy Watch 3 pode ser uma excelente opção para o público em geral. Quem se preocupa com a saúde, tem uma vida mais agitada e quer um acessório sofisticado e funcional para usar no dia a dia pode se dar muito bem com o novo smartwatch da Samsung.

Especificações técnicas

  • Dimensões: 41×42,5×11,3 mm
  • Peso: 48,2 gramas
  • Tela: Super AMOLED de 1,2 polegada (360×360 pixels) com proteção Gorilla Glass DX
  • Bateria: 247 mAh
  • Processador: Samsung Exynos 9110 dual-core de 1,15 GHz
  • Sistema operacional: Tizen Wearable 5.5
  • RAM: 1 GB
  • Armazenamento: 8 GB
  • Sensores: acelerômetro, barômetro, giroscópio, luminosidade, leitor de batimentos cardíacos, eletrocardiograma
  • Conectividade: 4G, Bluetooth 5.0, Wi-Fi 802.11b/g/n, NFC, GPS, Glonass, Beidou e Galileo
  • Compatibilidade: Android 5.0 com 1,5 GB de RAM ou superior e iPhone 5 com iOS 9.0 ou superior

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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