Pós-pago ultrapassa pré-pago em linhas de celular no Brasil

Pré-pago já respondeu por mais de 80% dos celulares, mas pós-pago tem alta graças ao fim do "efeito clube" e uso de dados

Lucas Braga
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• Atualizado há 8 meses
Motorola Moto G 5G Plus (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Gaveta de chip do Motorola Moto G 5G Plus (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

A Anatel divulgou os números de setembro de 2020 do mercado de telefonia, e finalmente o segmento de celulares pós-pagos superou o pré-pago. 50,3% das mais de 228 milhões de linhas móveis do Brasil utilizam o serviço com faturamento após o período de uso, em especial na Vivo e Claro. A popularização do WhatsApp e o surgimento de planos com ligações para qualquer operadora impulsionaram a alta da categoria.

Para as operadoras, as linhas do pós-pago são mais vantajosas: o modelo tem cobrança recorrente e preços mais caros do que o pré-pago, e isso impacta positivamente na receita da empresa. Esses planos costumam oferecer alguns benefícios ao cliente, como maior franquia de dados, desconto em aparelhos ou serviços de valor agregado.

Plano controle e familiar impulsiona pós-pago

É importante lembrar que na categoria pós-pago se enquadram também os planos controle, que apresentam custo maior do que o pré-pago mas são mais baratos que o pós-pago puro. É comum encontrar um plano controle na faixa de R$ 50 por mês, enquanto o pós-pago puro normalmente custa mais de R$ 100 mensais.

Outro fator que impulsiona o crescimento do pós é a existência de planos familiares. Todas as grandes operadoras possuem pacotes que permitem adicionar linhas dependentes para compartilhar a franquia de internet e demais benefícios. Esses chips adicionais são considerados como linha do pós, o que acaba contribuindo para a alta desse mercado.

Pré-pago já teve 82,6% das linhas

Os primeiros dados disponíveis no portal de dados da Anatel são de fevereiro de 2005; na época, o pré-pago representava 80,3% das linhas móveis, enquanto o pós-pago tinha apenas 19,7 dos acessos. A Vivo era líder do segmento, com 43,8% das linhas, seguida por TIM (21,1%), Claro (20,7%) e Oi (13,7%).

Acessos de pós-pago e pré-pago no Brasil. (Imagem: Reprodução/Anatel)

O maior pico do pré-pago foi em janeiro de 2010, com 82,6% das linhas móveis presentes na categoria. A partir de 2012 é possível perceber uma alta no segmento pós-pago, queda no pré e aumento nas desconexões de linhas móveis.

É importante lembrar que o pós-pago já teve a maior participação de linhas móveis, uma vez que essa foi a única forma de cobrança na época das telefônicas estatais. O pré-pago foi importantíssimo por ter democratizado o acesso à telefonia, uma vez que nem todo mundo podia despender um valor mensal recorrente para manter um celular.

Fim do “efeito clube” e uso de dados incentivam mudança

O pré-pago foi muito popular há alguns anos por conta do modelo tarifário de telefonia. Naquela época, as operadoras faziam ofertas com bônus ou minutos de ligações destinados para números da mesma empresa. Isso impulsionava o “efeito clube”: várias pessoas tinham mais de um chip para aproveitar diferentes promoções e conseguir falar com quem usava a mesma operadora.

Só que a forma de comunicação do consumidor mudou muito de 2012 pra cá: tivemos popularização dos smartphones, que, conectados à internet, permitem uso de aplicativos como o WhatsApp. A adoção da plataforma de mensagens caiu no gosto do brasileiro, que se acostumou com mensagens no lugar das ligações de voz em diversas ocasiões.

Os primeiros planos populares com ligações ilimitadas para qualquer operadora surgiram apenas em abril de 2017: a Claro lançou um pós-pago com 5 GB de internet e chamadas à vontade por R$ 129,99 por mês. Mais tarde, outras operadoras adotaram o modelo ilimitado, que posteriormente chegou aos pacotes controle e pré-pago.

Com chamadas ilimitadas, não faz sentido usar mais de uma operadora já que é possível concentrar os gastos de recarga em um só número. Assim, vários chips pré foram abandonados enquanto o pós-pago apresentava alta nas adesões.

Vivo é líder no segmento pós-pago

Isolando as linhas com o modelo de cobrança pós-pago, a Vivo responde por 38,3% do mercado, seguida por Claro (29,3%), TIM (18,9%) e Oi (11,1%). Vivo e Claro são as operadoras que têm mais linhas de pós que pré, enquanto TIM e Oi continuam com maioria no pré-pago:

OperadoraLinhas no pós-pagoLinhas no pré-pago
Vivo57,3%42,7%
Claro
(inclui Nextel)
56,1%43,9%
TIM42,5%57,5%
Oi34,8%65,2%

A compra da Nextel pela Claro foi importante para que a empresa aumentasse a presença no setor. Em agosto de 2020, a companhia vendida tinha 3,3 milhões de linhas, das quais 98,3% são de categoria pós-paga. Sozinha, a Claro teria 53,7% dos clientes com plano pós-pago.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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