O primeiro turno das Eleições 2020 também foi marcado pelas demonstrações de sistemas alternativos às urnas eletrônicas, como os que permitem votação online ou pelo celular. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, acompanhou algumas das propostas e não descartou uma mudança já nas Eleições 2022.
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Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Imagem: Antonio Augusto/Ascom/TSE)
Barroso compareceu ao Colégio da Polícia Militar de Valparaíso de Goiás (GO), onde quatro empresas apresentaram seus sistemas de votação. Segundo o ministro, os estudos sobre a mudanças no sistema de votação são válidos porque outras operações que exigem mais segurança, como transações bancárias, já são feitas por aplicativo.
“A aplicabilidade ou não de um novo modelo em 2022 vai depender da segurança que possamos ter com as alternativas oferecidas. Nós temos um teste triplo: segurança, sigilo e eficiência. Se algum dos modelos se mostrar confiável, imagino que sim, já possamos implantar em 2022”, afirmou Barroso.
O presidente do TSE reforçou que as urnas eletrônicas são seguras, mas explicou que elas representam um custo significativo. Segundo ele, o país conta com 500 mil urnas e, a cada eleição, cerca de 100 mil precisam ser substituídas. Com o dólar em alta, ele avalia que o valor para a troca dos equipamentos chega a R$ 1 bilhão.
Ainda de acordo com Barroso, o modelo atual também exige, a cada eleição, uma licitação complexa que demanda muitos recursos administrativos e costuma ser judicializada, o que pode impedir a atualização das urnas a tempo das eleições, como aconteceu em 2020. “O objetivo é esse: baratear o custo da eleição digital brasileira e evitar as complexidades que a cada dois anos nós temos com o procedimento de licitação”, resumiu.
Despesas com urnas chegam a R$ 1 bilhão (Imagem: Antonio Augusto/Ascom/TSE)
As empresas que apresentaram seus sistemas em Valparaíso de Goiás foram GoLedger, RelataSoft, Infolog e o estoniano Centro de Excelência em Defesa Cibernética. Além delas, outras 12 demonstraram suas propostas em São Paulo e 10, em Curitiba. Entre as que haviam apresentado interesse em apresentar soluções, estão Claro, IBM e Smartmatic.
TSE descarta voto impresso
Os estudos sobre votação online ou por aplicativo indicam o caminho que o TSE pretende seguir nos próximos anos. Segundo Barroso, ainda que aconteça uma mudança, o tribunal seguirá com o controle do sistema de votação. O ministro também descartou a possibilidade de um retorno para um sistema de voto impresso.
“Não podemos ter medo da modernidade. Não podemos retroagir à cédula impressa. Já descartamos essa possibilidade. Todo candidato que perder vai pedir verificação dos votos eletrônicos com as cédulas de papel e o processo eleitoral vai deixar de ser simples e seguro”, afirmou.
As propostas fazem parte do projeto Eleições do Futuro, que teve chamamento público em setembro. Após demonstração com candidatos fictícios no primeiro turno, as 26 empresas participantes apresentarão suas soluções no TSE. Em seguida, o tribunal criará uma comissão para analisar a viabilidade dos sistemas.
Com informações: CNN, Correio Braziliense.
Comentários da Comunidade
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Eu acredito ser viável e seguro tecnicamente o voto via celular, mas a questão não é essa. No Brasil, principalmente no interior, ainda reina o tal do voto de cabresto. Blockchain nenhum iria garantir a privacidade do voto em certas regiões.
Como garantir o sigilo de voto e, principalmente, a liberdade de quem vota?
Fico imaginando algum vereador cadastrando o título de alguma população afastada e votando no lugar delas, em troca de uma cesta básica.
Tinha visto uma reportagem falando que o sistema poderia deixar as pessoas votarem durante um período e não em um único dia e que elas poderiam trocar seu voto, isso ajudaria em locais que a milícia domina. O problema é locais em que pessoas seriam obrigadas a votar em candidatos apoiados por milicianos.
Eleição online só deve ser feita em eleições presidenciais. Acho bem mais seguro e difícil de burlar.
Sobre o app, espero que tenha identificador facial em tempo real, mas parece bem difícil com a estrutura atual do TSE.
Ainda acho a opção de ir até a urna a melhor solução. Algumas coisas poderiam ser aprimoradas, como a urna em si.
Não deram conta do e-Titulo, agora imagina escalar isso para um montante significativo de pessoas aptas a votar no mesmo dia.
O acesso à internet poderia ser resolvido tornando a navegação no app gratuita, mas ainda não resolve o problema de locais que se quer tem conexão 3G. Ou luz elétrica.
A urna poderia receber algumas melhorias, como contar com a biometria integrada e após o voto, imprimir o comprovante de votação. Simplificaria o processo de mesários, exigindo menos pessoas, apenas o necessários para manter a ordem e segurança.
Fico muito em dúvida desse sistema on-line ser desenvolvido por uma empresa aleatória. Se querem implementar isso, deveriam buscar apoio de uma Microsoft, que já vem desenvolvendo um sistema nesses moldes.
Os marketeiros já criam um monte de zapzap com vários celulares, imagine com os títulos.
Se for reconhecimento facial 2D, não serve pra nada. Resolvido esse problema (que envolveria criar um processo de recadastramento biométrico em massa da população, usando tecnologia de mapeamento de verdade, não só 2D) , e depois, como faz com quem não possui aparelho com hardware descente?
Continua com votação offline, ué. Não será possível ter em comunidades afastadas, então a regra pra eles deverá ser a mesmo.
Alguém explica pro desgoverno que cédula impressa != voto impresso… pqp
Ninguém quer a volta das cédulas impressas, a gente quer que o voto seja impresso para recontagem caso tenha problema…
Até pq o voto já é impresso ao final das eleições - o boletim dá o resultado final, por seção (mas não individualmente, q acho q é o q as pessoas querem) e fica pregado na porta da seção pra quem quiser conferir.
Alias, quase isso. Pelo que lembro, o pessoal queria que o voto fosse impresso individualmente para a pessoa conferir na hora e não levar para casa.
Não conseguiram nem fazer o e-Titulo funcionar como deveria, poucas pessoas conseguiram acessar/utilizar sem nenhum problema, quem dirá uma votação totalmente online e no mesmo dia para todos.
Acho a forma atual bem tranquila e rápida, não sei porque ficam caçando assunto, querendo alterar novamente.
Buscar novas soluções é sempre bom, agora ter pé no chão também. Não conseguem por em prática coisas básicas, vão conseguir mudar um sistema eleitoral em dois anos.
Antes de por em prática algo do gênero será necessário dezenas de testes em um ambiente real. Uma grande simulação de votação, com toda a população. Pra testar, fechar brechas, otimizar servidores … e educar a população sobre a nova maneira de votar.
Só o resumo, não o voto em si.
Não há como o eleitor e mesario garantirem que o resumo não teve avaria. O voto impresso seria mais seguros sim.
Você vota e o papel da confirmação do seu candidato cai na urna, ou seja, você viu de fato que o voto foi correto.
Aí só os mesarios compararem os votos de papel com o resumo.
É IMPOSSÍVEL garantir com total certeza que aquele resumo que sai ao fim da votação não foi manipulado
Por mais que eu defenda a modernidade, não vejo solução para essa questão da privacidade do voto online no nosso país, devido ao velho problema do voto de cabresto ou de ameaça, no caso de comunidades dominadas por criminosos, realidade bem comum aqui no Nordeste.
Só para vocês terem uma ideia da dimensão do problema: a diarista que trabalha aqui em casa mora numa das periferias mais violentas de Fortaleza, e ela comentou que os traficantes que dominam a comunidade estão ameaçando os moradores que votarem no candidato a prefeito que é ex-policial militar (Capitão Wagner), que vai disputar o segundo turno com o candidato apoiado pelo atual prefeito, atual governador e a oligarguia dos Ferreira Gomes, que controla o estado.
Como os últimos governos estaduais foram extremamente omissos na questão da segurança pública, não é difíci entender porque os criminosos não desejam que haja mudanças na liderança política, ainda mais quando um dos candidatos é um ex-policial.
Ela me contou a mesma coisa nas eleições em 2018, onde os eleitores do bairro onde ela mora foram ameaçados pelos criminosos e coagidos a não votarem no Bolsonaro, assim como aconteceu nas favelas cariocas dominadas pelo tráfico/milícias. Tenho conhecidos que moram em outras regiões periféricas da cidade e os relatos foram idênticos.
Se esses moradores já têm medo de represálias com o voto sendo secreto, imagina ter que votar pelo celular na presença de capatazes de políticos “fazendeiros” ou de marginais, muito complicado.
Muito menos quando era votação em papel, onde os escrutinadores podiam alterar ou anular votos a bel prazer e isso acontecia direto.
A questão é q a urna pode ter defeitos e isso é inerente a qualquer coisa no mundo.
Mas é uma forma muito mais segura de votação, do que os papéis antigamente.
Mesmo que a urna imprima uma informação, não se pode garantir que o registro na memória seja o mesmo. E se essa forma de burlar fosse feito de forma ampla, geraria um caos tão grande, que não surtiria efeito, fora o trabalho q daria, com tanta gente envolvida.
Há outras formas mais simples de se comprar votos.
Poderiam fazer um modelo híbrido, onde utilizando um tablet + sistema online (blockchain ou qualquer que fosse) e o local presencial da votação, nos moldes atuais, a fim de tentar coibir (apenas um pouco) o voto de cabresto.
Cada urna custa em torno de R$ 4.400, são grandes, difíceis de se transportar e ainda só podem enviar os votos no final do dia. Com tablets + sistema em tempo real, mesmo que a apuração não fosse disponibilizada (até por conta de coeficientes eleitorais que só são calculados no final), todo o processo seria mais prático. E em caso de algum problema com o hardware, é só pegar um tablet novo, o presidente da sessão “loga/autoriza” o novo e pronto.
Excelente ponto. Se eliminar o voto presencial é quase impossível no nosso país devido aos motivos apontados, ao menos poderia se reduzir os custos com aquisição, manutenção e transporte de urnas. Um tablet com um sistema robusto e seguro seria suficiente, bem mais prático e barato.
Agora eu desconfio da competência do TSE em implementar um sistema de voto online, o órgão não consegue nem manter o aplicativo funcionando no dia da eleição.
Eu acho que a votação tinha que durar 1 FDS inteiro nesse sistema online.
Dá pra todo mundo votar a qualquer hora e não sobrecarrega o sistema
Exato.
poderíamos votar nas agencias bancarias por exemplo, onde a câmera. Era só o banco abrir essa opção no caixa eletronico.
Ou entao em hotspots (wifi) que sao monitorados (visualmente tambem) para maior segurança.
Não da pra misturar o sistema de um caixa eletrônico, mesmo que seja de algum banco estatal, com algo tão importante quanto o de uma votação. Fora as fraldes em caixas eletrônicos adulterados.
Apenas o fato de centralizarem a apuração de votos pelo TSE gerou transtornos inimagináveis ontem,com atrasos nunca antes visto, imagina todo o processo sendo online ou por celular…
Não temos nem maturidade tecnológica nem tão menos uma sociedade preparada pra tal mudança por n motivos…!!!
Vai ser legal a rodinha com a Professora Tia Jurema na tribo indígena dos Querimbora, usando seu celular e os titulo de eleitor dos coleguinhas para votar, e o Policial Saraiva passando de casa em casa fazendo essa mesma “boa ação” ajudando os colegas que não sabem usar o celular. via a democracia
Acho muito valido, e tenho sugestões
Para segurança
poderia ter varios fatores de autenticação para mitigar “robos” como
facial + biometrica + confirmação de dados pessoais ( como nome da mae) , alem de perguntas secretas ( umas dessas perguntas é caso vc responder certo é sinal que pode estar sendo coagido/ameçado )
e acesso ao GPS do celular pra saber onde ele esta, …para só depois liberar o acesso ao voto.
praticidade
para cada zona eleitorial poderia ter uma sessão" virtual", onde se vc quiser votar por app , transferir o seu titulo para esta sessão.
voto não obrigatorio
mas tempo pra votar como das 07:00 as 22:00
** ainda acho melhor votar tudo no mesmo dia, se deixar pro cara 1 mes ele vai votar no ultimo dia mesmo**
mas acho 2022 muito curto o tempo pra mudar isso, poderiam fazer um teste com plebiscito fake pra ver como se comporta o Oracle exata ( sim o sistema novo do TSE para computar votos é Oracle …fonte twitter)
porem tudo por app seria muito ruim vide o “auxilio emergencia” que muitos ainda hoje ficam nas filas da caixa porque não sabe mexer ( ou nem tem “celular descente” pra mexer ) no app, ao hibrido seria melhor.
Aí sim seria uma boa. Quem sabe quando tivermos uma democracia de verdade, onde os políticos se lembrem que a população existe além dos períodos de eleição.
caixa eletronico é relativamente seguro. Obvio que haveria testes para isso. Ainda mais se fosse voto durante o fds inteiro em horario comercia. Mais seguro que liberar voto por celular onde qualquer um que for de classe menos privilegiada poderia ser coagido.
Mas não serve a essa função. São tantas coisas erradas que nem da enunciar. Mas basta ver o exemplo das filas que ocorrem com o auxílio emergencial. Agora imagina isso vezes a população inteira em um único dia indo votar. Questões de logística dentro da agência. Caixas eletrônicos ficam um ao lado do outro …
Acabar com o voto obrigatório que é bom nada, né?
O dia que isso acontecer, pode ter certeza terá meia dúzia de políticos dizendo que isso é um atentado à democracia…
É muito mais cômodo para a classe política manter as pessoas obrigadas a votarem. Assim muita gente vota por obrigação e acaba jogando sua escolha em qualquer candidato. E também infla os números de pesquisas de índices de aprovação.
Não conseguiram fazer nem a justificativa funcionar, imagina o voto.
Mas as filas são frequentes porque só pode sacar na CEF. Se fosse todos os bancos isso se reduziria e muito. Eu por isso tambem que seria legal se pudesse votar durante o fds inteiro, evitando mais filas.
Com relação a segurança o caixa possui biometria, camera alem de outras cameras de segurança. Dava pra trabalhar nisso e fazer algo legal, afinal usamos caixa pra sacar dinheiro entao nao vejo porque nao ter uma opção pra poder votar.
deixa eu ver se eu entendi: o tse, que sofreu um ataque ddos no dia de eleição e teve dados vazados, está considerando criar um sistema de votação online em dois anos?
O BD era de um vazamento antigo.
Qualquer sistema online pode sofrer um ataque DDoS.
GPS e reconhecimento facial
Não é tão simples assim. GPS pode ser burlado facilmente. Reconhecimento facial apenas se fosse 3D, pois 2D era só pegar uma foto. E o 3D requer hardware dedicado, o que a grande maioria não tem acesso, além do que não é um impeditivo para que não haja coerção de um criminoso ao lado da pessoa.
o que ainda assim é um vazamento e não deve ser minimizado.
isso só prova meu ponto
Em nenhum momento ele foi minimizado, o ataque foi noticiado na época do vazamento e voltou a tona como se fosse algo novo. O TSE alertou sobre a divulgação de notícias velhas como se fossem novas e o brasileiro continua caindo…
DDoS não é motivo para não realizar uma eleição online, já existe firewall em hardware dedicado com suporte a anti-DDoS. O TSE também pode bloquear o roteamento mundial do seu ASN.
a invasão foi em outubro. não faz nem um mês. eu não diria que é uma notícia antiga, ainda mais quando os dados foram espalhados no dia de eleição.
o ponto é que o principal argumento do tse a favor de urnas eletrônicas é o de que elas não estão conectadas à internet. agora eles querem usar a internet, que invalida um dos argumentos porquê o sistema eleitoral brasileiro é seguro, para um diferente sistema eleitoral apressado e que apresenta muito mais riscos quando eles mesmos não conseguem assegurar o próprio banco de dados?
se até o sistema eleitoral atual com urnas eletrônicas apresenta/apresentava vulnerabilidades, imagina com votação online feita em dois anos.
Tem os a favor e tem os do contra.
E vida q segue…normal, como sempre…