TSE confirma ataque DDoS e diz que “vazamento” tem dados antigos

TSE sinaliza que ataque e vazamento não comprometeram votação das eleições municipais 2020 realizadas no domingo (15)

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Urna Eletrônica (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)
Urna eletrônica (foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)

Enquanto o Brasil realizava o primeiro turno das eleições municipais de 2020, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lidava com alguns incidentes, entre eles, um ataque DDoS realizado na manhã de domingo (15). O órgão também confirmou um vazamento de dados no mesmo dia, mas tranquilizou: as informações vazadas são antigas e não comprometem as eleições.

De acordo com a SaferNet, entidade que trabalha em conjunto com o Ministério Público Federal no monitoramento de fraudes eleitorais pela internet, os ataques tiveram o objetivo de desacreditar a Justiça Eleitoral e, eventualmente, servir de base para alegações de adulteração de resultados na votação.

Isso explica o vazamento em uma data crítica: às 9:25 do domingo, dados internos do TSE foram liberados na internet. No entanto, uma investigação da Polícia Federal aponta que o ataque que deu origem ao vazamento ocorreu em 23 de outubro deste ano. A liberação teria ocorrido durante o período de votação para sugerir que os sistemas da Justiça Eleitoral estão comprometidos.

O TSE destacou que o incidente envolveu apenas dados administrativos referentes ao período entre 2001 e 2010. O vazamento continha informações de ex-servidores e ministros aposentados. As investigações também apontam que o ataque foi realizado com endereços IP oriundos de Portugal.

Luís Roberto Barroso, ministro e presidente do TSE, explicou que o vazamento não teve consequências para a votação. “As urnas não estão em rede, portanto não são vulneráveis a esse tipo de ataque. Não há nada sobre isso que possa interferir no processo eleitoral”, pontuou.

Mas também houve o ataque DDoS. Thiago Tavares, presidente da SaferNet, aponta que um ataque de negação de serviço teve início às 10:41 de domingo com o objetivo de deixar o site e serviços do TSE indisponíveis. A ação teria sido realizada a partir de computadores oriundos do Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia.

“Sofrer ataques não é privilégio de nenhuma instituição. O que tem significado é quando eles surtem algum resultado”, declarou Barroso. Porém, segundo o próprio ministro, o ataque não derrubou os sistemas do TSE.

Instabilidade no e-Título

Os ataques podem não ter afetado os sistemas do TSE, mas o fato é que, durante o fim de semana, nem tudo funcional a contento: eleitores de todo o Brasil tiveram dificuldade para acessar o sistema do e-Título no período.

Barroso admitiu o problema, mas argumentou que a instabilidade foi consequência da sobrecarga que o sistema sofreu em função do grande volume de acessos: só no domingo, cerca de 3 milhões de eleitores baixaram o aplicativo do e-Título para justificar voto, revela o TSE.

Como justificar o voto pela internet site do TSE e aplicativo

Aplicativo e-Título (imagem: divulgação / TSE)

A apuração dos votos também teve instabilidade, mas o órgão sinalizou, novamente, que o incidente não foi efeito de um ataque, mas de um problema em um dos processadores do supercomputador que executa a contagem. Ainda de acordo com o TSE, houve atrasos na divulgação dos resultados, mas os votos não foram comprometidos.

Voto impresso

Como esperado, os incidentes foram usados como base de argumentação por políticos que defendem o retorno ao voto impresso, a exemplo de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). No Twitter, o deputado federal declarou:

Noticiam que TSE foi atacado por hackers. TSE nega. Então são expostos bancos de dados do TSE. Isso traz um clima de insegurança, que faz as pessoas desconfiarem que o atraso na divulgação possa ser um novo ataque hacker ou manipulação já que não há transparência.

Barroso rebateu as críticas à urna eletrônica dizendo que o retorno ao voto impresso não atende ao melhor interesse público e lembrou que, nos últimos 24 anos, o Brasil elegeu presidentes com o sistema sem nenhuma fraude ter sido comprovada.

Com informações: Folha de S.Paulo, TSE.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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