Boeing 737 Max é liberado quase dois anos após acidentes

FAA concedeu autorização para aviões Boeing 737 Max voltarem a voar nos EUA, mas retorno aos ares não é imediato

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Avião Boeing 737 Max 8 (imagem: divulgação/Boeing)
737 Max 8 (imagem: divulgação/Boeing)

Nesta quarta-feira (18), a Boeing obteve autorização da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) para a retomada das operações com os aviões 737 Max. Isso significa que as companhias áreas que têm ou encomendaram aeronaves da linha poderão colocá-las para voar após as adaptações. Mas isso nos Estados Unidos. Em outros países, incluindo o Brasil, a liberação ainda não foi concedida.

Voos comerciais com as aeronaves Boeing 737 Max estão paralisados desde março de 2019. A decisão foi tomada após os acidentes dos voos JT610, da Lion Air, e ET302, da Ethiopian Airlines, ambos operados com aviões da linha.

O primeiro acidente (JT610) aconteceu perto da Indonésia em 29 de outubro de 2018 e resultou na morte de 189 pessoas. A segunda aeronave caiu na região da Etiópia em 10 de março de 2019 e causou a morte de 157 pessoas.

As investigações apontam que falhas sistêmicas e de projeto causaram as tragédias, principalmente no que diz respeito ao MCAS, software cuja principal função é evitar que o avião entre em estol (perca sustentação).

Depois que os voos foram suspensos, a Boeing submeteu o projeto das aeronaves 737 Max a diversas modificações técnicas e operacionais para garantir a retomada segura dos voos. Foi um trabalho extenso e que durou quase dois anos, mas que finalmente atendeu aos parâmetros determinados pela FAA.

Em nota, a entidade diz:

Durante esse tempo, os funcionários da FAA trabalharam diligentemente para identificar e resolver os problemas de segurança que desempenharam um papel na trágica perda das 346 vidas que estavam a bordo do Lion Air 610 e do Ethiopian Airlines 302.

O mesmo comunicado informa que Steve Dickson, diretor da FAA, pilotou um Boeing 737 Max para experimentar o manuseio da aeronave em primeira mão com base nas mudanças efetuadas.

Retorno do 737 Max não é imediato

Além de autorizar os voos com as aeronaves Boeing 737 Max, a FAA liberou um Diretriz de Aeronavegabilidade que estabelece as mudanças técnicas necessárias para que cada avião da linha retome as operações.

As condições para isso incluem ainda a obrigatoriedade de um novo treinamento para os pilotos. O programa de treinamento de cada companhia aérea deverá ser aprovado pela FAA.

Essa é uma das razões para a retomada dos voos com os aviões da linha não ser imediato. Outra é o fato de que as autoridades de outros países também precisam emitir liberação para as companhias que operam em suas áreas. Isso só será feito após as aeronaves serem totalmente adaptadas às novas diretrizes.

Boeing 737 Max 8 da Gol (imagem: divulgação/Gol)

Boeing 737 Max 8 da Gol (imagem: divulgação/Gol)

No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) é a entidade que cuida do assunto. Em comunicado, a agência informou que a avaliação das aeronaves Boeing 737 Max continua, embora já caminhe para a fase final:

A Anac procederá com os ajustes finais para conclusão do processo de validação para retorno do modelo Boeing 737-8 Max no Brasil. Após o término desse trabalho, o operador brasileiro da aeronave, que atualmente é a Gol Linhas Aéreas, deverá incorporar e demonstrar de forma satisfatória o cumprimento de todas as novas diretrizes, tanto em termos de projeto quanto de treinamento de pilotos.

Estima-se que, no mundo todo, mais de 800 aviões Boeing 737 Max estão parados. Quase metade deles estava em operação quando as proibições de voo foram estabelecidas. A metade restante corresponde às unidades que a Boeing produziu nos últimos meses.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Relacionados