Oi Móvel é vendida para Claro, TIM e Vivo por R$ 16,5 bilhões

Claro, TIM e Vivo compram Oi Móvel e concentram telefonia celular no Brasil; negócio precisa ser aprovado por Anatel e Cade

Lucas Braga
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• Atualizado há 7 meses
Oi
Loja da Oi (Imagem: Divulgação/Oi)

⚠️ Esta matéria foi originalmente publicada em dezembro de 2020, e desde então existem novos desfechos sobre a compra da Oi Móvel. Clique aqui para ler uma reportagem mais atual.

O trio de operadoras Claro, TIM e Vivo acaba de arrematar a Oi Móvel por R$ 16,5 bilhões. O leilão ocorreu nesta segunda-feira (14) no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para a venda da Unidade Produtiva Isolada de Ativos Móveis. Com o negócio, o Brasil passa a ter apenas três grandes operadoras de telefonia móvel.

A conclusão da venda ainda deve demorar bastante, uma vez que o negócio precisa seguir os trâmites burocráticos para aprovação da Anatel e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Oi espera que isso só aconteça no final de 2021.

Do montante de R$ 16,5 bilhões, R$ 15,7 bilhões são referentes aos ativos de telefonia móvel. O trio de operadoras também pagará por R$ 819 milhões pelo uso de capacidade da Oi.

A venda da Oi Móvel é prevista desde a divulgação do plano estratégico, em junho de 2020. A empresa precificou a UPI de Ativos Móveis em pelo menos R$ 15 bilhões. Não demorou muito até o surgimento das propostas vinculantes, incluindo de Claro, TIM e Vivo; pouco depois, a Oi aceitou a Highline como stalking horse, posição que permite a interessada em cobrir eventuais ofertas.

No final das contas, a proposta da Highline venceu, mas por pouco tempo: Claro, TIM e Vivo apresentaram outra proposta vinculante com valor maior, que está válida até hoje. Isso aumentou o preço da Oi Móvel para pelo menos R$ 16,5 bilhões.

O futuro da Oi sem a telefonia móvel

Do ponto de vista do consumidor, a perda de uma operadora de telefonia celular significa maior concentração no setor e, consequentemente, menor concorrência.

Por outro lado, a venda do braço móvel foi a solução encontrada pela Oi para sobreviver: a operadora enfrenta um longo processo de recuperação judicial com débitos que chegaram a R$ 64 bilhões; a maior parte desse valor foi negociado, e a dívida líquida atingiu R$ 21,2 bilhões no 3° trimestre de 2020.

Com a venda da Oi Móvel, a empresa espera encerrar o processo de recuperação judicial e focar no plano de expansão de fibra óptica para banda larga residencial. A Oi também vendeu de torres, datacenters e irá leiloar no próximo ano a unidade de TV por assinatura, além de buscar um parceiro para a empresa de infraestrutura neutra InfraCo.

Oi Móvel tem 36,5 milhões de clientes

De acordo com a Anatel, a Oi possui 36,5 milhões de linhas celulares. Isso significa que a operadora tem 15,9% do mercado de telefonia móvel brasileiro, atrás da TIM (22,3%), Claro (26,6%) e Vivo (33,6%).

A Oi presta serviços de telefonia celular em 3.611 municípios brasileiros, mas não conseguiu evoluir a rede móvel com o surgimento das gerações. A empresa está presente com tecnologia 2G em 3.499 municípios; com 3G, são 1.655 cidades; o 4G só está disponível em 1.035 localidades.

Para efeito comparativo, a Claro está presente com tecnologia 4G em 2.864 cidades, seguida pela Vivo com 3.519 municípios. A TIM é líder de cobertura com a tecnologia e atende 3.732 localidades.

Quem vai ficar com os clientes da Oi Móvel?

Os detalhes sobre a distribuição dos ativos ainda não foram divulgados no leilão. A expectativa do mercado é que os clientes serão distribuídos entre cada compradora, para manter uma espécie de “equilíbrio” no mercado e facilitar a aprovação do negócio pelo Cade e Anatel.

Bandeja e cartão nano-SIM (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Oi tem 36 milhões de linhas móveis (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Sendo assim, a divisão da base de clientes deve ser feita individualmente por DDD, privilegiando a operadora com menor participação de mercado. Em São Paulo (DDD 11), por exemplo, a TIM detém o 3º lugar no market share, com 22,1%; já no Rio de Janeiro (DDD 21), a Vivo seria a responsável para absorver 1,9 milhão de linhas móveis da Oi.

Um levantamento do Teleco feito em julho de 2020 aponta que a Oi tem a maior participação em linhas celulares em apenas quatro DDDs: 71 (Salvador/BA), 81 (Recife/PE), 83 (João Pessoa/PB) e 85 (Fortaleza/CE). Se esse arranjo realmente for efetivado, quem assumir a operação nessas regiões sairá de último lugar a líder de mercado.

Se esse arranjo for considerado, assim ficaria a divisão de clientes da Oi Móvel:

  • TIM receberia clientes de 37 DDDs;
  • Claro receberia clientes de 18 DDDs;
  • Vivo receberia clientes de 12 DDDs.
DDDOperadora com menor participação de mercado
11TIM
12Vivo
13TIM
14Claro
15TIM
16TIM
17TIM
18TIM
19TIM
21Vivo
22TIM
24TIM
27TIM
28TIM
31Claro
32TIM
33Claro
34Claro
35Claro
37Claro
38Claro
41Vivo
42Vivo
43Claro
44Claro
45Claro
46Claro
47Claro
48Claro
49Claro
51TIM
53TIM
54TIM
55TIM
61TIM
62TIM
63TIM
64TIM
65TIM
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67TIM
68TIM
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71Claro
73TIM
74TIM
75TIM
77Claro
79Claro
81Vivo
82Vivo
83Vivo
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85Vivo
86Vivo
87Claro
88Vivo
89TIM
91Vivo
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99TIM

Com informações: InfoMoney, Convergência Digital. Os dados de mercado contidos no post são referentes ao mês de outubro de 2020.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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