Nota Final8.3
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Seguindo a tradição, a Motorola lançou um novo celular intermediário para quem não quer ficar se preocupando com bateria. O Moto G9 Power tem 6.000 mAh, promessa de 60 horas de autonomia e uma telona de 6,8 polegadas. Ele compartilha muitos detalhes com o Moto G9 Play, mas traz o dobro de armazenamento e uma câmera de maior resolução.
Com preço de lançamento de R$ 1.899, o lançamento da Motorola é equipado com Snapdragon 662, câmera de 64 megapixels com modo de visão noturna e, claro, um carregador incluso na caixa. Mas será que a bateria dura mesmo? E o desempenho, como é? Eu usei o Moto G9 Power como meu smartphone principal nas últimas semanas e conto minhas impressões neste review.
Análise do Moto G9 Power em vídeo
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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O Moto G9 Power foi fornecido pela Motorola por empréstimo. O produto será devolvido à empresa após os testes.
Design e tela
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
O Moto G9 Power é um celular gigante, mesmo para quem está acostumado com telas grandes: antes dele, o último celular que havia analisado era o iPhone 12 Pro Max. A Motorola não economizou no tamanho do painel LCD, de 6,8 polegadas, nem na espessura de quase 10 mm para abrigar a bateria enorme de 6.000 mAh. O peso de 221 gramas também é sentido no bolso da calça a todo momento.
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Em vez de trazer um plástico transparente que tenta imitar vidro, como nos outros modelos da linha, o Moto G9 Power possui uma traseira de plástico texturizado com linhas e curvas que refletem a luz de uma forma peculiar. A aderência não é das melhores, mas a capinha que acompanha o produto mantém o smartphone seguro nas mãos. Também é na traseira que está o leitor de impressões digitais, rápido e preciso, sem surpresas.
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
A tela do Moto G9 Power é bem alta, com proporção 20,5:9 e bordas padrões na categoria, que não são muito finas e trazem um queixo para quebrar a simetria do design. Ela só é interrompida por um pequeno furo no canto superior esquerdo para a câmera de selfie de 16 megapixels.
A qualidade de imagem é razoável. O brilho não é dos mais fortes, mas permite uma visualização satisfatória mesmo sob a luz do sol. Já o nível de preto está dentro do que se espera para um painel IPS, mas decepciona um pouco quando se olha para as telas AMOLED que a concorrência vem adotando nos aparelhos intermediários.
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Além disso, a resolução de 1640×720 pixels (ou seja, HD+) pode incomodar em um visor tão grande, ainda mais considerando que não é difícil encontrar celulares com telas 1080p na mesma faixa de preço, como o Samsung Galaxy M31. Lembro também que o Moto G8 Power, antecessor lançado no Brasil em março de 2020, tinha uma tela Full HD+, então houve uma baixa importante entre gerações.
Software
De fábrica, o Moto G9 Power roda o Android 10 com a mesma interface dos outros aparelhos da marca, com o pacote do Google e algumas ferramentas da própria Motorola pré-instalados, como a vitrine App Box, a comunidade Hello You e o tradicional aplicativo Moto, que reúne funções como os gestos para ligar a câmera, o editor de captura de tela e uma opção para trocar os ícones e as fontes do sistema.
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Embora o Android da Motorola me agrade, é uma pena que a empresa tenha perdido uma de suas antigas forças, que eram as promessas de atualizações rápidas mesmo na linha Moto G. Segundo a Motorola, o Moto G9 Power receberá o Android 11 nos próximos meses, mas alguns smartphones relativamente recentes ficarão de fora da festa, como o Moto G8 Plus, lançado há um ano, no final de 2019.
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Em regra, a Motorola só está liberando uma atualização de versão de Android para o Moto G. Por isso, é bom nem procurar saber quais serão as novidades do Android 12, porque você provavelmente terá que comprar outro aparelho para experimentá-las. Torço para que isso mude.
Câmeras
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Continuando com a tendência de múltiplas lentes, o Moto G9 Power reúne três câmeras na traseira. Quero dizer, mais ou menos: o sensor principal tem resolução de 64 megapixels e acompanha uma lente com abertura de f/1,7 que cria boas expectativas, mas o resto do conjunto é formado por um sensor de profundidade e uma câmera macro de 2 megapixels que já foram muito criticados pela baixa qualidade. Eu comento mais sobre isso, mas adianto que não houve muitas mudanças no cenário.
A câmera principal tira boas fotos para um celular intermediário. Quando a iluminação está favorável, o alcance dinâmico é satisfatório, o ruído é baixo e o nível de detalhes agrada, sem exagerar no filtro de nitidez como fazem alguns concorrentes. O sensor Quad Pixel reúne quatro pixels em um, o que significa que você terá fotos de até 16 megapixels no modo padrão. É possível ativar a função Ultra-Res, que salva imagens de 64 megapixels, mas o processamento demora muito e os ganhos não compensam.
Em ambientes internos, com iluminação artificial, a definição cai bastante mesmo com uma lente de abertura grande: detalhes mais finos são perdidos e ruídos em áreas de sombra começam a surgir. Mas a qualidade continua dentro do esperado para um aparelho novo dessa categoria — só decepciona se você compará-lo com um topo de linha de geração passada, que já desvalorizou bastante no varejo.
O modo Night Vision cumpre o papel de tirar uma foto noturna com ruído controlado, mas eu mantenho minhas críticas quanto ao pós-processamento da Motorola, que satura demais as cores e exagera na exposição: às vezes, uma noite fica parecendo um fim de tarde, de tanto ganho nas sombras e no contraste. De qualquer forma, o resultado deve agradar a maioria das pessoas, principalmente aquelas que só vão visualizar as fotos em tamanho reduzido no seu Instagram.
E a câmera macro? Bom, ela continua bem ruim. A Motorola insiste tanto nesse sensor de 2 megapixels que faz parecer que ele só está ali para cumprir tabela e aumentar o número de buracos na traseira dos celulares mais acessíveis. Apesar de ter a vantagem de focar a uma distância menor, a lente com abertura f/2,4 não ajuda muito na definição e no alcance dinâmico da imagem, capturando imagens com pontos de luz estourados e com ruído. Os usuários provavelmente ficariam mais felizes com uma lente ultrawide.
Já a câmera frontal de 16 megapixels não desaponta. As selfies são detalhadas e as cores agradam pelo equilíbrio nos tons. Mesmo em ambientes internos, os resultados continuam bons, sem um aumento tão grande no ruído e com um modo retrato fazendo um bom trabalho no recorte do sujeito para desfocar o fundo.
Hardware e bateria
O hardware do Moto G9 Power tende a oferecer resultados semelhantes aos do Moto G9 Play, que é equipado com o mesmo processador Snapdragon 662 e 4 GB de RAM. É estranho falar isso de um chip da série 600 da Qualcomm, que até pouco tempo atrás estaria dentro de um intermediário premium, mas o motor do Moto G9 Power entrega um desempenho básico, com algumas engasgadas aqui e ali quando muitos aplicativos estão abertos, embora nada muito grave.
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Aplicativos do dia a dia, como Facebook, WhatsApp e Instagram, rodam sem reclamar, como deveria ser em qualquer celular. Jogos com gráficos mais pesados, como Asphalt 9, até são executados com tudo no máximo na GPU Adreno 610, mas o resultado é pior que Cyberpunk 2077 no PlayStation 4 Slim. É melhor dosar as expectativas e reduzir as configurações para obter mais fluidez durante toda a jogatina.
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
A bateria, que é o grande chamariz do Moto G9 Power e foi reforçada no nome do produto, me surpreendeu (e olha que eu tinha expectativas altas). Como estou mais tempo em casa e usando menos o celular, já cheguei a ficar três dias sem carregar o componente de 6.000 mAh, com pouco mais de 12 horas de uso de tela. A porcentagem de bateria demora tanto para cair que até pensei que o indicador de carga estivesse com algum bug.
No teste padrão de quarentena, com três horas de Netflix, uma hora de navegação na web e meia hora de Asphalt 9, com Wi-Fi e brilho no máximo, a bateria do Moto G9 Power passou de 100% para 56%, um resultado excelente. Na prática, a maioria das pessoas deve carregar o aparelho só a cada dois dias. O adaptador de tomada TurboPower de 20 watts, incluso na caixa, abasteceu o smartphone de 3% para 100% em exatamente 2h31min.
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Vale a pena?
O Moto G9 Power é um smartphone claramente focado em quem não quer se preocupar com bateria e cumpre bem esse papel. Na prática, para boa parte dos usuários, a autonomia pode ser até maior que as 60 horas prometidas pela Motorola e, se você não é o tipo de usuário que costuma jogar no celular, é quase certo que só deverá procurar o carregador uma vez a cada dois ou três dias.
Motorola Moto G9 Power (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Mas é claro que a Motorola poderia ter feito um trabalho melhor em vários pontos. O principal rival na faixa de preço é o Galaxy M31, que tem desempenho semelhante e mesma capacidade de bateria, mas traz um painel AMOLED Full HD+ e um conjunto óptico mais útil: existe uma câmera macro de 5 megapixels na Samsung, mas também uma lente ultrawide para fotografar paisagens.
A opção da Motorola faz sentido para quem coloca o tamanho da tela em primeiro lugar, já que é difícil competir com as 6,8 polegadas do Moto G focado em bateria. Se eu gostei do Moto G9 Power? Eu adorei: celulares com muita autonomia sempre me dão aquela liberdade de andar por aí sem nem pensar em cabo, carregador ou power bank. Mas não dá para ficar sem olhar para a concorrência.
Moto G9 Power
Prós
- Bateria para mais de um dia
- Câmera principal tira boas fotos dentro da categoria
- Desempenho não decepciona no dia a dia
- Muita capacidade de armazenamento
Contras
- Motorola, desiste da câmera macro de 2 megapixels, por favor
- Política de atualizações piorou com o tempo
- Tela poderia ter resolução maior
Nota Final8.3
Tela
7
Design
8
Câmera
8
Bateria
10
Software
8
Desempenho
9
Conectividade
8
Especificações técnicas
- Tela: IPS LCD de 6,8 polegadas com resolução HD+ (1640×720 pixels);
- Processador: Qualcomm Snapdragon 662 octa-core de até 2,0 GHz com chip gráfico Adreno 610;
- RAM: 4 GB;
- Armazenamento interno: 128 GB (com entrada para microSD de até 512 GB);
- Câmera frontal: 16 megapixels (f/2,2);
- Câmera traseira tripla:
- Principal: 64 megapixels (f/1,7);
- Macro: 2 megapixels (f/2,4);
- Sensor de profundidade: 2 megapixels (f/2,4);
- Flash LED, gravação de vídeo em Full HD a 60 fps;
- Bateria: 6.000 mAh com carregamento TurboPower de 20 watts;
- Conexões: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11/a/b/g/n/ac, Bluetooth 5.0, rádio FM, entrada para fone de ouvido de 3,5 mm, USB-C;
- Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, luz ambiente, leitor de impressões digitais (traseira)
- Sistema operacional: Android 10 com promessa de atualização para Android 11
- Dimensões e peso: 174,2×76,8×9,7 mm, 221 gramas.
Comentários da Comunidade
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Motorola ultimamente é rainha de fazer downgrade em atualizações de uma mesma linha, que ridículo.
É triste oq a Motorola se tornou
Eu achei interessante o aparelho, apesar da decepção com a tela.
Ao menos colocaram o NFC, que considero importante. A câmera achei adequada, considerando que a Motorola nunca foi de ter câmeras boas.
Mas a bateria…tb acho fundamental não ter que se preocupar com bateria durante o dia. A coisa mais chata é ter que ficar andando com um powerbank por causa disso.
Não sei se eu compraria (talvez optasse pelo Samsung).
Pra mim, agora que a Motorola fez certo, como o nome diz, o Power tem de focar em consumo energético e eficiência, não ser uma versão do Plus com mais bateria e câmeras piores, como ocorreu no G8 Plus/ G8 Power. Processador e tela desse aparelho claramente foi focado em durar mais, por isso a escolha do HD+ e SD 662, e adicionaram recursos úteis como NFC (Inter agora já é compatível, caso interesse alguém) e Wi-fi 5Ghz (finalmente hein). O maior fail em minha opinião foi o carregador 20w, podiam ter posto o de 45w ou 30w, mas detalhes, ninguém morre não até pq o celular dura muito e a tela podia ser menor pra consumir menos energia, seguindo a proposta dele de duração.
Uma vez no amoled, dificilmente volta-se pro LCD. É um dos motivos do por quê não saio da Samsung
@imhotep @Matheus_Aguiar A versão brasileira do Moto G9 Power não tem NFC, diferente do que dizia a primeira versão do review. O aparelho vem com o Google Pay e mostra aquela mensagem de “Ativar pagamentos por aproximação”, mas depois não permite ativar de fato o recurso. Corrigi o texto e removi a menção ao NFC.
O artigo de suporte da Motorola diz que “only some versions of this phone, sold in certain countries, support this feature”. Infelizmente ficamos de fora.
Que mancada da Motorola!
Alguém sabe explicar por q motivos a quantidade de memória RAM parou de subir nos smartphones? Não consigo ver sentido em intermediários de hj com a mesma RAM dos intermediários de 2018! Quase 2.000 reais pra ter a mesma memória RAM e as mesmas limitações do meu Moto G6 Plus de anos atrás? Pq isso?
Era pra ser o sucessor do Moto G8 Power, mas acabou sendo o do Moto G8 Power Lite.
Será que ainda teremos um Moto G9 Power+?