Parler foi preservado em arquivo de 57 TB para investigar usuários

Milhões de posts, vídeos e fotos foram coletados antes de banimento do Parler, rede social usada por apoiadores de Trump

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Parler na App Store (Imagem: Reprodução/MacRumors)

Parler na App Store (Imagem: Reprodução/MacRumors)

O acesso ao Parler foi interrompido após o serviço ser banido por Google, Apple e Amazon, mas dados da atividade dos usuários ainda circulam pela internet. Isso porque milhões de posts, vídeos e fotos foram preservados antes da rede social sair do ar. O material chega a 56,7 TB e poderá ser usado em investigações que apuram a influência da plataforma na invasão ao Capitólio dos Estados Unidos.

Os dados do Parler teriam sido coletados por uma hacker que se identifica no Twitter como @donk_enby. Ela afirmou ao Gizmodo que raspou dados da rede social entre quarta (6), dia do ataque de apoiadores de Donald Trump ao Capitólio, e esta segunda-feira (11) quando o Amazon Web Services (AWS) tirou o site do ar.

Segundo ela, o trabalho resultou na coleta de cerca de 99% de todo o conteúdo que havia sido publicado no Parler, incluindo posts excluídos e privados. No Twitter, @donk_enby afirmou ainda que encontrou 1,1 milhão de URLs de vídeos, que eram armazenados no formato original e tinham metadados como o local em que os arquivos foram criados.

Em um tweet, ela demonstrou o que seriam os metadados armazenados pelo Parler. A imagem mostra, entre outras informações, as coordenadas geográficas em que houve a criação do vídeo. As informações sobre o material estão disponíveis no ArchiveTeam e, de acordo com o Gizmodo, deverão ser hospedadas também no Internet Archive.

https://twitter.com/donk_enby/status/1348294151712944128

O Parler ganhou espaço entre apoiadores de Trump que alegam haver censura a discursos conservadores em plataformas como Twitter e Facebook. A rede social, que se apresenta como um espaço que oferece “liberdade de expressão”, também permitiu publicações com discursos de ódio.

Depois da invasão ao Capitólio americano, o Parler chegou a ser um dos mais baixados na App Store. Porém, o que era um atrativo para os usuários, foi o motivo para seu banimento. O serviço foi removido da loja de aplicativos da Apple e do Google porque não conta com uma política de moderação de conteúdo para evitar conteúdos violentos.

Dados do Parler podem ajudar investigações

Os órgãos de segurança dos EUA mantêm investigações para identificar quem participou de atos criminosos no ataque ao Capitólio, que resultou na morte de cinco pessoas. Ainda não está claro se dados coletados do Parler serão usados para identificar suspeitos. No entanto, os posts na plataforma que tratam da invasão podem ajudar autoridades.

Parler ganhou espaço entre apoiadores de Trump (Imagem: Gage Skidmore/Flickr)

Parler ganhou espaço entre apoiadores de Trump (Imagem: Gage Skidmore/Flickr)

O senador democrata Mark Warner, futuro presidente do Comitê de Inteligência do Senado, pediu para empresas de tecnologia preservarem “conteúdos e metadados associados” que possam ter relação com o ataque. O parlamentar enviou cartas, que não têm o peso de intimações, para os CEOs de Facebook, Twitter, Google, Apple, Telegram, Signal, Parler, Gab, AT&T, T-Mobile e Verizon.

No comunicado, Warner lembrou que muitos participantes da invasão compartilharam imagens do ato pelas redes sociais ou por mensagens de texto. “Dados de mensagens de e para seus assinantes que podem ter participado ou ajudado aqueles envolvidos nesta insurreição — e informações de assinantes associados — são evidências críticas para ajudar a levar esses desordeiros à Justiça”, afirmou o senador.

O FBI também tem um canal aberto para receber informações de quem conhece os invasores do Capitólio. Segundo a NBC News, a polícia americana já recebeu 40 mil contribuições e prendeu 87 pessoas por participação nos ataques.

Com informações: TechCrunch, The Verge.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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