5G fará antenas parabólicas pararem de funcionar; Anatel define migração

Frequência de 3,5 GHz foi destinada para 5G, mas é utilizada atualmente para TV via satélite; operadoras irão custear migração

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Antenas parabólicas
Parabólicas deixarão de funcionar com chegada do 5G(Imahem: TheoLeo/Pixabay)

A Anatel finalmente aprovou o edital para o leilão do 5G, mas a outorga de novas frequências trará efeitos colaterais para outros serviços: a TV aberta via satélite (TVRO) terá que migrar para outro espectro, e as operadoras móveis deverão arcar com a substituição das parabólicas para outro tipo de antena. Entenda como será o processo de adaptação e o cronograma de desligamento da antiga Banda C.

A TV aberta via satélite ocupa o espectro da Banda C, que converge com as frequências de 3,5 GHz que foram liberadas pela Anatel para o 5G. Se os dois serviços ocuparem a mesma faixa, é possível que interferências aconteçam, o que pode prejudicar o funcionamento de ambas as tecnologias.

Como uma solução de mitigação com filtros para as parabólicas não foi aceita pela Anatel, as operadoras que arrematarem um dos quatro lotes nacionais na frequência de 3,5 GHz deverão arcar com os custos de migração da TV aberta via satélite para a Banda Ku.

Como é a nova antena parabólica?

Enquanto as parabólicas da Banda C eram enormes, as novas antenas que serão utilizadas pela Banda Ku são menores. O modelo será muito similar aos equipamentos instalados por operadoras de TV paga via satélite como Sky, Claro, Oi e Vivo.

Antenas parabólicas (Imagem: Lucas Braga/Tecnoblog)

Nova antena para TV aberta via satélite será similar às de operadoras (Imagem: Lucas Braga/Tecnoblog)

Como será a migração das parabólicas para a Banda Ku

As operadoras que comprarem a frequência de 3,5 GHz do 5G terão que distribuir um kit de migração, que consiste em um novo receptor e uma antena parabólica.

A distribuição gratuita dos kits ficará restrita para famílias de baixa renda integrantes do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). A instalação dos novos equipamentos também será custeada pelas operadoras de 5G.

O último levantamento do IBGE, em 2017, aponta que 6,5 milhões de casas utilizam antena parabólica para TV aberta. Considerando todas as residências contempladas para a migração gratuita, a Anatel estima que a mudança da Banda C para a Banda Ku custe R$ 2,5 bilhões para as operadoras de telefonia móvel.

Para viabilizar a migração, as operadoras que arrematarem o espectro do 5G deverão criar uma Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz (EAF). O grupo irá operacionalizar toda a migração da Banda C para a Banda Ku, de forma similar ao que ocorreu com o desligamento da TV aberta analógica.

Operadoras terão 18 meses para distribuir novas antenas

As emissoras de TV aberta deverão disponibilizar seus canais no novo satélite em até 75 dias após o licenciamento das frequência para as operadoras de celular. Após esse prazo, haverá transmissão simultânea na Banda C e Banda Ku durante 18 meses, podendo ser prorrogado pela Anatel até dezembro de 2025.

A distribuição dos equipamentos e antenas também deverá respeitar o prazo de 18 meses. Após a migração completa, a transmissão de canais abertos pela Banda C deverá ser codificada, de forma a impedir o funcionamento das parabólicas antigas pelos espectadores.

O 5G afeta a TV por assinatura via satélite?

Não. Apesar de também usarem antenas parabólicas, as operadoras de TV via satélite, como Sky, Claro TV, Oi TV e Vivo TV não ocupam a banda C e já utilizam a banda Ku, mesmo nos planos que dão acesso gratuito aos canais de TV aberta como Oi TV Livre.

Serão afetados apenas quem utilizar antenas parabólicas de TV aberta, sem mensalidade ou vínculo com operadoras de telecomunicações.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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