Google cresce em buscas na Europa mesmo após ação antitruste

Após multa recorde, Google passou a mostrar concorrentes no Android; dois anos depois, medida não impactou o mercado

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses

O Google recebeu em 2018 uma multa de 4,3 bilhões de euros (cerca de R$ 30 bilhões na cotação atual) por violar leis antitruste na União Europeia. O caso tratou do uso da posição dominante do Android para favorecer o buscador da empresa. Como parte da decisão, a companhia foi obrigada a oferecer alternativas de busca. Porém, seu serviço continuou crescendo na região.

Busca do Google (Imagem: Pixabay)

Busca do Google (Imagem: Pixabay)

A ordem para o Google apresentar sugestões de buscadores na configuração do Android ficou longe de impactar os negócios da empresa. Em julho de 2018, quando a multa foi aplicada, a versão do buscador para Android e iOS tinha 96,92% do mercado na União Europeia, segundo o Statista. Em fevereiro de 2021, a participação chegou a 97,07%.

Um dos fatores que contribuíram para que o mercado ficasse praticamente igual é o método para apresentar outros buscadores no Android. O Google começou mostrando concorrentes levando em conta a popularidade de cada um, mas, depois, adotou um sistema de leilão em que os serviços precisam pagar para aparecerem como sugestões.

Configuração do Android na UE permite escolher buscador padrão (Imagem: Reprodução/Google)

Configuração do Android na UE permite escolher buscador padrão (Imagem: Reprodução/Google)

A empresa revelou o resultado do leilão para o segundo trimestre na segunda-feira (8), com dados de quais buscadores aparecerão em cada país. O Bing venceu em 13 países e o DuckDuckGo em três. A disputa, no entanto, é dominada por serviços pouco conhecidos, como o GMX, que venceu em 23 países, e PrivacyWall, em 30 países.

Leilão do Google para buscadores é controverso

Os principais vencedores do leilão são praticamente clones do Google e não oferecem uma grande mudança aos usuários. Por outro lado, os serviços que são, de fato, alternativas afirmam que não conseguem competir em maior escala por conta das regras do leilão.

É o caso do DuckDuckGo, buscador focado em privacidade que busca se contrapor ao líder do mercado. O serviço considera o formato do leilão falho pois as empresas têm modelos de negócios diferentes e, com isso, lucros diferentes. A empresa entende que a exigência da UE apenas fortalece o domínio do Google no mercado de buscadores.

“Estamos dando lances, mas apenas para ajudar a expor ainda mais à Comissão Europeia o quão falho é o processo fraudado do Google, na esperança de que ajudem a ter um papel mais ativo em transformá-lo em algo que realmente funcione para os consumidores”, afirmou o fundador do DuckDuckGo, Gabriel Weinberg, ao TechCrunch.

O buscador sem fins lucrativos Ecosia usa a receita obtida com anúncios em um projeto de plantio de árvores pelo mundo. O serviço participa do leilão do Google há nove meses e, com a disputa mais recente, só será exibido como sugestão na Eslovênia. A empresa considera deixar o processo em breve por não notar diferença no número de usuários.

“Definitivamente percebemos que é cada vez menos ‘divertido’ participar desse jogo”, disse ao TechCrunch o fundador do Ecosia, Christian Kroll. “É um jogo super injusto – onde não é apenas um ‘Davi contra Golias’, mas também Golias decidindo as regras, ganhando um ingresso grátis e podendo mudar regras do jogo se quiser”.

Com informações: TechCrunch.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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