Samsung Galaxy S só vale a pena para quem vai usar o que ele tem para oferecer

Rafael Silva
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• Atualizado há 11 meses

A internets ficou em chamas quando os primeiros rumores desse celular surgiram. Androidmaníacos estavam extasiados quando as primeiras imagens vazaram. E logo depois, quando a Samsung finalmente anunciou o Galaxy S com Android, tenho quase certeza de que alguns deles tiveram um ataque do coração. Se não tiveram na época, provavelmente desmaiaram quando ficaram sabendo do preço do aparelho no Brasil. Mas guardaremos isso para mais tarde.

O que importa é que ele está finalmente aqui, em terras brasileiras. O Galaxy S passou a ser vendido no Brasil em setembro e a Samsung nos emprestou uma unidade para testar. Fiquei brincando com ele durante pouco mais de três semanas, tempo mais do que o suficiente para angariar minhas impressões, o que curti e o que não me agradou no aparelho. Você confere tudo logo abaixo (e todas as fotos podem ser clicadas para ampliar).

Design

Em se tratando da construção do Galaxy S, a Samsung não fez nada de extraordinário, seguindo a receita de bolo para qualquer telefone com tela sensível ao toque. Na frente do aparelho estão a câmera frontal, o sensor de luz e o sensor de proximidade, além do botão Home, como no iPhone. O botão acompanha outros dois botões, sensíveis ao toque apenas, de Menu e Voltar, que são padrões nos celulares Android. Na lateral direita estão os controles de volume, e na lateral esquerda o botão de ligar/desligar/bloqueio de tela.

(Pausa para uma reclamação boba: eu estou acostumado com celulares que tenham um botão dedicado à câmera na lateral, então não é preciso dizer que sempre que eu queria tirar uma foto, acabava bloqueando a tela por acidente. É questão de se acostumar com ele. Ok, reclamação concluída.)

Na parte inferior ficam o microfone e um vão para ajudar a tirar a capa traseira. Na parte superior estão a antena para TV digital, o conector de fones de ouvido de 3,5 mm e uma entrada mini-USB que fica protegida por uma porta convenientemente colocada. Na traseira estão a câmera de 5 MP e o alto-falante.

E sim, também acho que não há muito campo para inovação no que diz respeito a um aparelho cujo meio principal de entrada é uma tela sensível ao toque. Involuntariamente, ele vai ter o formato de uma barra que imita o iPhone, por mais que o celular da Apple não tenha sido o primeiro a ser lançado com uma tela touchscreen. Ele já virou referência. E foi por isso mesmo que tirei as fotos abaixo, comparando os dois aparelhos. 🙂

Um dos aspectos que não gostei no design foi o fato do Galaxy S ser levemente escorregadio, e olha que eu nem tenho mãos oleosas. Faltou alguma coisa para segurá-lo com mais firmeza, alguma parte emborrachada… Sei lá, não sou projetista de produtos. Felizmente, para os desastrados como eu, há um cavidade para inserir um cabo strap-on (não incluído) e deixá-lo bem seguro no pulso ou nos dedos.

Hardware e acessórios

As especificações técnicas mostram que a Samsung não economizou no que diz respeito aos componentes do Galaxy S. Ele conta com uma tela de 4 polegadas de Super AMOLED, processador de 1 GHz, 512 MB de memória RAM, câmera traseira de 5 megapixels com auto-foco e dianteira VGA, memória interna de 8GB e suporte a cartões microSD com até 32 GB de tamanho, conectividade Bluetooth e WiFi 802.11b/g, rádio FM e o tão aclamado sintonizador de TV digital.

Em matéria de acessórios, o aparelho vem com um fone de ouvido com microfone (com botão para reproduzir/pausar) e um cabo USB. Os fones me confundiram de início, pois estou acostumado com os do iPod Touch, que permitem avançar a música, diferentemente do Galaxy S, que não oferece o recurso. De novo, questão de costume. Os fones são in-ear, que te impede de ser incomodado por barulhos externos. Portanto, muito cuidado ao atravessar a rua, mas pode usar a vontade no seu meio de transporte público preferido com pessoas tagarelas ao redor.

Tela e interface

O design não é a única parte que pode ser comparada com o iPhone. Apesar do dito Retina Display ter uma resolução maior que a do Galaxy S, o smartphone da Samsung S ganha do iPhone em relação ao material usado no display: ele é de Super AMOLED, enquanto o celular da Apple usa LCD.

A resolução é de 800×480 pixels, espaço que pode até ser o suficiente para jogos, multimídia e ligações, mas ao usar o teclado padrão, sem Swype, tive a impressão de que as teclas virtuais estavam juntas demais. Ainda assim, o tempo de resposta dela é tão rápido quanto o do iPhone no que diz respeito ao toque. De fato, a tela é tão sensível, que quando esqueço de bloquear a tela ao colocar o celular no bolso, algum toque não intencional acontece. Já o acelerômetro podia ser melhorado. A troca de modo paisagem para retrato e vice-versa em diversos aplicativos demoraram.

A interface do Galaxy S conta com diversas customizações da Samsung. A primeira a dar as caras é a TouchWiz, que não é nada mais do que um conjunto de widgets que podem ou não ser úteis para o usuário. Algumas funcionam e outras não, como é o caso da widget ‘Amigos agora’, que oferece a opção de enviar uma mensagem ou chamar o usuário na tela: ao tocar em qualquer opção, nada acontece. De qualquer maneira, eis a screenshot de alguns widgets.

Mas uma personalização da Samsung que é muito bem vinda está no método de entrada de textos. Ele fica por conta do Swype, método de escrita em celulares que os leitores do TB já devem conhecer. Há uma curva de aprendizado que o usuário deve passar para aprender a digitar com rapidez, mas quem não tiver paciência pode usar o teclado virtual QWERTY padrão que a Samsung incluiu no dispositivo.

Qualidade de chamada e conexão de dados

O uso primário de um celular, obviamente, será o fazer chamadas. Nisso o Galaxy S não falha. O alto-falante do aparelho é mais do que respeitável. Consegui ouvir o interlocutor com clareza e nitidez, mesmo com o volume do speaker na metade. O efeito foi o mesmo quando utilizei os fones de ouvido com microfone que vem com o celular.

Em matéria de conectividade, o Galaxy S é quadriband, então suporta todas as redes usados pelas operadoras no Brasil. O aparelho foi testado na operadora TIM em diversos pontos da cidade de São Paulo, onde espera-se tenha uma cobertura decente de dados. Houve perda de sinal algumas vezes, o que eu atribuí ao fato de estar no metrô, alguns metros abaixo da terra.

Câmera

Portando um sensor de 5 megapixels, é de se esperar que o Galaxy S tire boas fotos. E ela tira, mesmo no escuro. Veja alguns exemplos de fotos noturnas tiradas com o iPhone 4, que também tem 5 megapixels. Leve em consideração que tirei as duas do iPhone 4 com flash.

Mas a Samsung foi esperta em colocar também um modo de captura noturna para contornar esses eventuais momentos em que uma luz extra seria de muita ajuda. Ele também permite controlar o ISO e tirar fotos em sequência para a criação de uma panorâmica.

Junto com a capacidade de tirar fotos, a câmera do Galaxy S também oferece a opção de gravar vídeos em 720p com até 30 FPS, também imitando o iPhone. Veja um teste logo abaixo com resolução de 1280×720 pixels.


(Assista em alta definição no YouTube)

Multimídia

A parte multimídia do Galaxy S é bastante rica. Tão rica que poderia facilmente substituir um iPod qualquer, se a Samsung se esforçasse um pouquinho mais no desenvolvimento do programa de sincronização Samsung Kies. O programa, aliás, é tão pesado e tão cheio de recursos inúteis que eu preferi não citá-lo no review. Ainda assim, o aparelho é um bom tocador. Por ser um Android, suporta os principais formatos de áudio e vídeo usados na internet, desde que não tenha o conhecido DRM. Arquivos MP3, OGG, FLAC, AAC, MKV, AVI e MP4 são apenas uma pequena amostra do que ele pode tocar.

Uma característica que achei interessante nessa área foi com a capacidade de escolher entre som estéreo normal ou 5.1 surround sound, opção que amplifica e deixa o som da música ou do vídeo sendo tocado mais alto e nítido. Só é chato ter que ativar manualmente essa opção sempre que você inicia o tocador de mídia. O alto-falante pode até ser respeitável para chamadas, mas o Galaxy S precisa mesmo ser usado é com fones de ouvido.

Mas o destaque fica mesmo com outras características bem interessantes e que não vi em nenhum iPhone. A primeira é a função para para evitar toques acidentais: ao apertar o botão de desligar a tela no modo de visualização de vídeo, os controles de mídia são travados. Isso também funciona no modo de câmera. A segunda é a opção de recuperar vídeos excluídos. Se alguém acidentalmente deletou aquele filme ou arquivo de vídeo, você pode recuperá-lo com dois toques.

TV Digital

O Galaxy S vendido no Brasil é o único no mundo a ter um sintonizador de TV digital embutido. Para sintonizar algum canal, é preciso tirar a antena para fora e escolher a emissora. Ele não funciona com a antena dentro do aparelho.

A sintonização ocorre depois de um certo buffer, mas o vídeo é mostrado sem problema. A recepção varia bastante dependendo do local em que você pretende assistir TV. Dentro de um shopping, por exemplo, o sinal foi inexistente.

Bateria

A tela de Super AMOLED pode ter a melhor combinação de contraste e brilho para celulares, mas, em contrapartida, ela também gasta bastante da bateria. Ainda assim, o Galaxy S vem com um aplicativo de gerenciamento muito bom, que permite ativar e desativar os recursos que mais consomem energia, bem como escolher três níveis diferentes para o brilho da tela.

Nos testes que executei, o uso Samsung Galaxy S durou pouco mais de 7 horas, antes de precisar recarregar o aparelho. Vale lembrar que, nesse período, usei constantemente a conexão 3G, o GPS e o player de vídeos com o brilho no máximo. Quando usado apenas em standby com modo de economia de energia ativado e conexões esporádicas à rede de dados, recebendo e realizando chamadas, naturalmente que é de se esperar que a bateria dure mais.

Aplicativos pré-instalados e atualização do Android

Uma possibilidade que as fabricantes de celular viram quando o Google lançou o Android foi a e personalizar a firmware para oferecer a melhor experiência ao usuário que comprarem seus aparelhos. A Samsung não foi diferente. Assim como diversos outros Androids lançados pela empresa, o Galaxy S conta com aplicativos pré-instalados e também a loja online própria, a Samsung Apps.

Alguns desses aplicativos, como o gerenciador de tarefas, são bem úteis, apesar de possivelmente criarem confusão para o usuário leigo (afinal, esse usuário não deveria usar um recurso como esse). Outros só vão ganhar alguma utilidade se forem descomplicados ou se o usuário do Galaxy S já tiver um tocador de Blu-ray ou TV da Samsung. Isso acontece no caso dos aplicativos de IM e o AllShare. O primeiro é incrivelmente lento (tanto em Wi-Fi quanto 3G) e o segundo, um programa que permite assistir no celular a vídeos armazenados em outro lugar, precisa de um outro aparelho Samsung para funcionar. Não posso, por exemplo, instalar um servidor AllShare no computador e transmitir os vídeos de lá, o que seria uma ótima vantagem em relação ao iPhone.

Em suma, a escolha de quais aplicativos vem com o aparelho é questionável, mas não chega a incomodar porque o acesso ao Android Market também está ativado. Eu mesmo preenchi uma página de aplicativos logo na primeira semana de uso. Veja alguns dos principais logo abaixo.

Apesar de ser vendido com a versão 2.1 do Android, a Samsung já avisou que a atualização para 2.2 deve sair ainda esse ano, mais especificamente em dezembro, e será entregue pelo Papai Noel em pessoa. Ok, essa última parte não é garantida.

Pontos positivos

  • Processador rápido;
  • Tela de Super AMOLOED que impressiona;
  • Boas opções de multimídia e conectividade;
  • Câmera de 5 MP mais que decente;
  • Já vem com Android 2.1.

Pontos negativos

  • Bateria não ideal para heavy-users;
  • Suporte do Samsung Kies ainda é ruim;
  • Ainda com Android 2.1! A atualização sai apenas em dezembro;
  • Preço salgado.

Conclusão

O conjunto de tela e hardware faz do Samsung Galaxy S um dos melhores Androids disponíveis no mercado brasileiro atualmente. Ele vai agradar tanto novos usuários da plataforma como os que já o usam há mais tempo. Para alguns, ele pode ser melhor do que o iPhone, em termos de abertura do ecossistema e possibilidade maior de personalização e configuração. Para outros, que preferem o sistema fechado da Apple, o iPhone ainda pode ser a melhor escolha, com interface menos tumultuada e as suas restrições. Depende muito do uso que a pessoa irá fazer do aparelho.

Entretanto ser o melhor do mercado tem seu preço, e ele tem quatro dígitos antes da vírgula: R$ 2.299. Esse é o valor do aparelho desbloqueado, sem vínculo com nenhuma operadora. Ele só vale à pena ser comprado por quem vai usar constantemente tudo que o Galaxy S tem a oferecer. E convenhamos, não é pouca coisa.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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