Internet Archive digitaliza raridades e mais de 250 mil discos 78 rpm

Processo delicado e complicado transforma em mídia digital discos físicos com mais de 100 anos de idade, mas ainda tocáveis

Melissa Cruz Cossetti
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Great 78 Project (Imagem: Divulgação / George Blood LP)

Great 78 Project (Imagem: Divulgação / George Blood LP)

O Internet Archive — site que abriga uma biblioteca gratuita sem fim e também sem fins lucrativos com milhões de livros, filmes, software e sites — tem trabalhado desde 2016 para digitalizar milhares de discos 78rpm, alguns dos quais feitos nas primeiras décadas de 1900. O projeto, em parceria com a George Blood LP, está digitalizando mais de 250 mil deles e foi detalhado em um vídeo curioso no Twitter no último domingo (25).

Antes de mais nada…

O que é um disco 78 rpm?

Os discos produzidos no final da década de 1890 até o fim de 1950, rodavam a 78 rotações por minuto (rpm). Também conhecidos como goma-laca, podiam variar de tamanho — de 25 a 30 centímetros de diâmetro, comportando de três a cinco minutos de gravação por lado. Eram comumente vendidos sem encartes, com capa de envelope simples e informações das faixas apenas no rótulo colado no centro das chapas.

Great 78 Project

Dito isso, a turma do Internet Archive e da George Blood LP está tendo o famoso “trabalhão”. O Great 78 Project é um projeto colaborativo para a preservação, pesquisa e descoberta de registros em 78 rpm. De 1898 até o final de 1950, cerca de três milhões de lados (gravações em média de três minutos) foram feitos no formato. Embora as gravações comercialmente viáveis tenham sido restauradas e remasterizadas em LPs (vinil) ou em CDs, ainda há valor histórico nos raros discos em gravações de 78 rpm.

Como é a digitalização de discos 78 rpm

Cada disco é limpo em uma máquina de lavar que trabalha borrifando água destilada e usando um pequeno braço de vácuo para sugar a água, junto com toda a sujeira que se acumulou nos sulcos do disco ao longo dos anos — alguns deles com mais de 100 anos.

https://twitter.com/internetarchive/status/1386423512810721284

Os discos são então fotografados e as imagens são analisadas para extrair o máximo de informações dos rótulos internos  e adicioná-las ao banco de dados manualmente. Enquanto a maioria dos discos são das gravadoras Columbia, RCA Victor e Capitol, a equipe de digitalização também encontrou 1.700 outros selos, devidamente registrados.

Os discos 78 rpm, por não terem tamanhos e sulcos padronizados, são tocados em uma vitrola especial com quatro braços e suas respectivas agulhas. Cada versão captada por cada agulha deste toca-disco está disponível para download separadamente, com o nome do arquivo mostrando “3.3_CT” ou outro correspondente a agulha que foi usada.

Os quatro braços operando simultâneos sobre um disco centenário podem preocupar os mais cuidadosos, mas a maioria desses 78rpm é feita de goma-laca muito dura, o que os torna propensos a quebrar se manuseados com desleixo, mas também são resistentes o suficiente para que os sulcos não sejam danificados. Toca-discos mais novos também exercem menos força sobre o disco do que os aparelhos antigos.

Toca-discos Technics com 4 braços (Imagem: Divulgação / George Blood LP)

Toca-discos Technics com 4 braços (Imagem: Divulgação / George Blood LP)

Navegar pela coleção inteira pode ser assustador, é muita coisa! Mas você pode restringir sua navegação por ano, gênero e artista ou mesmo país, como o Brazil (com z).

Se você preferir se surpreender com uma “novidade antiga” de hora em hora, a conta @great78project no Twitter posta um novo registro da coleção a cada 60 minutos.

Alguns dos 78rpm já eram picture disc — discos cobertos por uma imagem impressa em toda a superfície. Você pode conferir alguns deles filtrando por essa opção no site.

Confira o vídeo também no YouTube do Internet Archive:

“A digitalização tornará essa música mais rara acessível aos pesquisadores em um formato em que ela possa ser manipulada e estudada sem danificar o disco físico.

Não há como prever se as versões digitais desses 78 rpm vão durar mais que as mídias físicas, então estamos preservando ambos para garantir a sobrevivência dos materiais para as gerações futuras”, explica a equipe por trás do projeto.

Com informações: great78.archive.org e The Verge

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Melissa Cruz Cossetti

Melissa Cruz Cossetti

Ex-editora

Melissa Cruz Cossetti é jornalista formada pela UERJ, professora de marketing digital e especialista em SEO. Em 2016 recebeu o prêmio de Segurança da Informação da ESET, em 2017 foi vencedora do prêmio Comunique-se de Tecnologia. No Tecnoblog, foi editora do TB Responde entre 2018 e 2021, orientando a produção de conteúdo e coordenando a equipe de analistas, autores e colaboradores.

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