Governo dos EUA quer monitorar bitcoin para combater grupos de ransomware

Força-tarefa do governo americano quer novas regulamentações para bitcoin (BTC) e criptomoedas para combater ransomware

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Polícia americana recupera milhões em bitcoin pagos em ataque de ransomware contra empresa de oleodutos (Imagem: Alex Chumak/Unsplash)
Governo americano quer novas regulamentações de criptomoedas para combater crimes de ransomware (Imagem: Alex Chumak/Unsplash)

Diante do aumento na atividade de hackers e de um problema crescente com ransomware, autoridades do governo americano querem apertar as regulamentações de bitcoin (BTC) e criptomoedas. A iniciativa levou à criação de uma força-tarefa com agentes públicos e privados para promover um rastreamento mais rígido das moedas digitais, a forma de pagamento mais comum em crimes envolvendo esse malware.

Criptomoedas são usadas em crimes de ransomware

Ransomware é uma espécie de vírus que congela o sistema de computadores. Os criminosos por trás desses ataques então exigem um pagamento para devolver o controle da máquina para o usuário.

Devido ao pseudo-anonimato que as criptomoedas oferecerem, os resgates geralmente são realizados através de bitcoin e de outras moedas digitais. Por isso, as autoridades americanas acreditam que a maior fiscalização delas seja a possível chave para controlar esse tipo de crime cibernético.

De acordo com a Reuters, fontes familiarizadas com o trabalho dessa força-tarefa e que optaram por permanecerem anônimas revelaram que um painel de especialistas deve pedir aos reguladores por rastreamentos mais agressivos nas transações de criptomoedas.

Autoridades de todo o mundo debatem regulamentações

Em 2020, grupos de ransomware arrecadaram quase US$ 350 milhões, três vezes mais que em 2019, segundo dois membros da força-tarefa esta semana. As vítimas são diversas, variam entre empresas e agências governamentais para vitimar até mesmo hospitais e sistemas escolares. Segundo as autoridades americanas, algumas dessas organizações criminosas possuem vínculos com a Coreia do Norte e Rússia.

“Há muito mais que pode ser feito para restringir o abuso dessas tecnologias”, disse Philip Reiner, chefe do Instituto de Segurança e Tecnologia (IST), instituição que lidera a força-tarefa contra ransomware. Na semana passada, o Departamento de Justiça dos EUA também criou um grupo governamental para combater esse tipo de crime cibernético. Agora, eles estão debatendo com bancos centrais e autoridades de todo o mundo sobre como as criptomoedas devem ser regulamentadas para enfraquecer o seu uso por criminosos.

Segundo as fontes que conversaram com a Reuters, as novas regras propostas visam quebrar esse grau de anonimato que as moedas digitais podem oferecer. Porém, uma parte dessas novas políticas dependem de votações no Congresso americano. Se implementadas com sucesso, essas regulamentações poderiam restringir o uso de criptomoedas por criminosos.

Essa força-tarefa incluiu representantes do FBI e do Serviço Secreto dos Estados Unidos, que se aliaram com grandes empresas de tecnologia e segurança do setor privado. Esse grupo irá recomendar também alterações e ampliações de políticas já em vigor atualmente, como estender regras de coleta de informações de clientes cripto ou reforçar os processos anti-lavagem de dinheiro em casas de câmbio de criptomoedas.

Novas regras podem prevenir também outros crimes

As regulamentações propostas pela iniciativa de combate ao ransomware estão alinhadas com o Financial Crimes Enforcement Network (FinCEN), que também pretende ampliar a divulgação de transações com criptomoedas. Outra recomendação é a criação de uma divisão dentro do Departamento de Justiça para facilitar as apreensões de moedas digitais, um processo atualmente muito dificultado por diversos obstáculos logísticos e jurídicos.

O resultado da implementação dessas novas regras seria muito mais amplo, combatendo não apenas o ransomware. Os especialistas da força-tarefa esperam que as propostas também facilitam a identificação de criminosos que atuam com tráfico de pessoas, narcotráfico e terrorismo.

“Este é um setor (criptomoedas) que foi criado exatamente para ser anônimo, mas em algum momento, você tem que desistir de algo para garantir que todos estejam seguros”, disse um oficial da Segurança Nacional, sob a condição de anonimato, à Reuters.

Porém, para que novas políticas dessa magnitude sejam aplicadas, Reiner, do IST, afirmou que a cooperação internacional será indispensável. Para ele, países com regulamentações mais avançadas poderiam impulsionar intercâmbios de políticas, evitando também que criminosos recorram a transações internacionais.

Com informações: Reuters

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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