Dono da Bitcoin Fog é acusado de lavagem de dinheiro no total de US$ 336 milhões

Roman Sterlingov foi preso acusado de lavar US$ 336 milhões em bitcoins (BTC) como administrador da plataforma Bitcoin Fog

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Hacker (Imagem: B_A/Pixabay)
Plataforma da dark web Bitcoin Fog lavou milhões de dólares do narcotráfico ao longo de uma década (imagem: B_A/Pixabay)

Por muitos anos, a plataforma Bitcoin Fog ofereceu serviços de lavagem de dinheiro em criptomoedas, ocultando a origem e o destino das transações e se tornando uma das principais ferramentas financeiras na dark web. Agora, autoridades federais americanas alegam ter identificado o administrador do sistema, acusado de lavar 1,2 milhão de bitcoin (BTC), o que valia aproximadamente US$ 336 milhões na época.

Plataforma operou por 10 anos

Roman Sterlingov foi preso na última terça-feira (27) em Los Angeles. Segundo as autoridades, ele foi o responsável por movimentar milhões de maneira anônima principalmente a serviço de traficantes de drogas que atuavam na dark web. Ele foi descoberto após intensas investigações que conseguiram identificar uma trilha de transações em blockchain que datam desde 2011, levando a polícia até o administrador do Bitcoin Fog.

Sterlingov foi o responsável por 10 anos de lavagem de dinheiro através da plataforma. De acordo com a divisão de investigações criminais do Internal Revenue Service (IRS), Sterlingov, um cidadão da Rússia e da Suécia, permitia que os usuários combinassem suas transações com as de outros para evitar que qualquer pessoa que examinasse o blockchain do bitcoin rastreasse os pagamentos.

Sterlingov lucrou cerca de US$ 8 milhões

Ele recebeu comissões de até 2,5% sobre cada uma das transações. No total, o IRS calcula que Sterlingov teria lucrado cerca de US$ 8 milhões em bitcoins por meio do serviço, com base nas taxas de câmbio no momento de cada transação. Isso sem levar em consideração a enorme valorização da criptomoeda na última década.

Ironicamente, parece que foram as transações realizadas 2011 que Sterlingov supostamente usou para configurar o servidor de hospedagem do Bitcoin Fog que o colocou sob investigação pelo IRS. “Este é mais um exemplo de como os investigadores com as ferramentas certas podem usar a transparência da criptomoeda para seguir o fluxo de fundos ilícitos”, disse Jonathan Levin, cofundador da empresa de análise de blockchain Chainalysis, ao Wired.

Maioria dos fundos lavados iam para o narcotráfico

Dos US$ 336 milhões que a denúncia acusa o Sterlingov de lavar, pelo menos US$ 78 milhões foram repassados ​​pelo serviço para vários mercados na dark web que vendiam narcóticos. O IRS também parece ter usado agentes disfarçados em 2019 para negociar com o Bitcoin Fog, enviando mensagens ao administrador da plataforma que afirmavam explicitamente que esperava lavar uma quantia arrecadada pela venda de ecstasy. As transações foram completadas sem uma resposta.

Diferente do que suas mais comuns críticas pregam, o bitcoin não é anônimo. A prova disso é o resultado dessa investigação, que conseguiu identificar Sterlingov justamente pelos registros imutáveis de cada transação que envolve a criptomoeda na rede blockchain.

Com informações: Wired

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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