Tim Cook defende relação entre Apple e China que pode expor usuários

Cook defendeu que a Apple, acusada de entregar dados de chineses ao governo, tem o mesmo modelo de negócio no mundo inteiro

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses

Tim Cook na Fortune CEO Iniciative 2018 (Imagem: Stuart Isset/Fortune)

Tim Cook, CEO da Apple, prestou depoimento nesta sexta-feira (21) em um tribunal que analisa o processo movido pela Epic Games. Pressionado pela desenvolvedora de Fortnite, o executivo defendeu a parceria da empresa com a China, dizendo que o iPhone precisa respeitar as leis locais e frisando que “a não ser pela parte do iCloud, é o mesmo produto”.

Epic Games pressiona Tim Cook por acordo com China

“Nós enviamos à China o mesmo iPhone que enviamos ao resto do mundo. Tem a mesma criptografia, o mesmo iMessage e, a não ser pela parte do iCloud, é exatamente o mesmo produto”, disse Cook durante audiência. O CEO ainda acrescentou que o aparelho avisa o usuário sobre monitoramento e coleta de dados usados por aplicativos — função que vale para a China e outros países.

Em sua fala, Cook se refere à operação chinesa da companhia, que armazena dados do iCloud de milhões de clientes em servidores controlados por firmas do governo do país. Como revelou o jornal New York Times, a Apple monitora de forma proativa a App Store chinesa para censurar aplicativos, inclusive redes sociais usadas para marcar protestos pró-democráticos.

Para a Epic Games, que tem a chinesa Tencent dentre seus principais investidores, a maçã pratica monopólio. Ao permitir que apenas aplicativos licenciados sejam adquiridos por 1 bilhão de usuários de iPhone ao redor do mundo – uma comissão de 30% é cobrada sobre qualquer compra no marketplace — a Apple influencia diretamente no poder de escolha do consumidor.

Advogados da produtora de games sugeriram a Tim Cook que a criação de mais lojas de aplicativos terceirizados favoreceria a Apple, reduzindo o risco da App Store ser banida na China. O presidente executivo respondeu que a empresa segue as leis dos países em que opera. “Acredito firmemente que é do melhor interesse das pessoas de lá [China] que nossa operação funcione”, completou.

Cook afirmou na audiência que a App Store é um “milagre econômico” que criou 2 milhões de empregos. A loja passou de 500 para 1,8 milhão de aplicativos desde sua fundação. É um pilar estratégico da empresa, com receita bruta de US$ 68 bilhões. Seu testemunho foi o maior discurso de um executivo da Apple sobre a loja virtual até hoje.

A segurança dos usuários de iPhone dependem da moderação restrita da App Store, segundo Cook: “Privacidade, do nosso ponto de vista, é uma das questões mais importantes do século. E segurança e proteção são a fundação sobre a qual a privacidade é construída”. A Epic Games rebateu, afirmando que a segurança dos produtos da Apple é oriunda do iOS, não da App Store.

Tim Cook não menciona Google como competidor

Ainda no depoimento, quando perguntado sobre os competidores da Apple, Tim Cook descartou o Google. O executivo disse que os principais concorrentes são donos dos aparelhos que usam o Android.

Os advogados da Epic Games então reprisaram um vídeo do presidente da Apple falando em uma reunião com acionistas em 2019. No discurso, Cook afirmou que a Apple compete com Microsoft e Google no “lado do sistema operacional”, e com Samsung, Huawei e outras fabricantes de smartphones na “parte de hardware”. Contestado, o CEO acenou com a cabeça para confirmar que disse a frase na ocasião: “Certamente se parece comigo e fala como eu”.

Com informações: Reuters e Cnet

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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