TVD
Em esportes, a TV Digital faz toda a diferença

TV digital é uma tecnologia cabeça de bacalhau: todo mundo sabe que existe, mas quase ninguém viu. Os fabricantes até tentam incentivar seu uso, cada vez mais telas planas vêm com o receptor integrado, mas cadê sua adoção em massa?

Meu primeiro contato com TV digital foi na distante Copa de 1998. Era meu primeiro ano como redator na Folha de S.Paulo (estava na faculdade ainda) e, sabe-se lá por qual razão, a Rede Globo instalou “TVs digitais” nas redações, até onde sei, da Folha, do Estadão e do Globo, no Rio. Nem de longe davam ideia que você ou eu teriam “aquilo” em casa: eram televisores de tubo, com tela plana (mega inovação para a época, que nem tinha noção do que seriam Plasmas ou LCDs) conectadas a um “armário” receptor.

Armário? Ou seria geladeira duplex com freezer? De qualquer modo, era um trambolho que ocupava muito espaço na redação do jornal – chutando, uns 8 metros quadrados, vai – instalado na editoria de esportes e na primeira página. Cada editoria tinha seu televisor, mas você acha que o povo ia assistir aos jogos (ainda mais os do Brasil) naquela tela ruim? Cada um empurrava sua cadeirinha para onde desse um bom ângulo de visão e, poxa vida, valia a pena assistir aos jogos na TV digital.

A imagem era incrível, e a melhor definição que me lembro era uma “sensação de profundidade na tela”, compartilhada por vários colegas de trabalho. Passou a Copa, os equipamentos foram embora e voltamos, então, à teoria da TV digital brasileira. No fim de 1999, mudei de editoria e fui trabalhar no caderno de informática que, bem, começou a falar de TV digital.

Passou 1999, sobrevivemos todos ao bug do milênio. Troquei de chefe na Folha, saí de lá, mudei de emprego de novo e de novo e nem sei quantas vezes escrevi e entrevistei todos os lados possíveis – japoneses, americanos e europeus -, cada um defendendo seu lado na história. O padrão japonês ganhou a parada e, finalmente, em 2007 (ou apenas nove anos depois da Copa de 1998) a TV digital foi lançada oficialmente.

E aí a confusão veio para valer, e acredito que foi a grande falha. Poucos canais disponíveis em poucos lugares, equipamentos caros (tem algum um dono de receptor externo de TV contente 100% com seu equipamento por aí?) e desinformação marcaram todo o processo. A piadinha que sempre conto quando alguém fala comigo sobre o tema é familiar: quando todas as emissoras começaram a campanha da transição para a TV digital e iniciaram a transmissão para valer, mamãe, na sua inocência tecnológica, afirma: “filho, é boa mesmo essa TV digital. Começou ontem e a imagem ficou tão melhor, né?”. O único problema é que o televisor dela era (e ainda é) analógico, e vai continuar assim por muito tempo.

Pior é que isso não aconteceu apenas comigo, mas com várias pessoas que conheço. No fim da história, a TV digital virou um placebo da imagem melhor sem, efetivamente, ela melhorar. Quem sabe em 2010 as coisas melhorem, já que teremos mais uma Copa do Mundo. E, para quem já viu na TV digital pré-histórica, o salto para a alta definição, ainda mais em esportes, faz toda a diferença do mundo.

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Henrique Martin

Henrique Martin

Henrique Martin, Jornalista formado pela PUC-SP, tem 11 anos de experiência com comunicação e internet. Cobre a área de tecnologia desde 1999, quando foi repórter na Folha de S.Paulo. Desde então, passou por veículos como PC Magazine, Macworld, PC World, The Industry Standard e Folha Online, entre outros. Hoje é dono do Zumo.

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