Google muda política global de anúncios após multa de US$ 268 milhões

O comitê antitruste da França diz que o Google fazia troca indevida de dados de anunciantes entre o Google Ad Manager e AdX

Pedro Knoth
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• Atualizado há 6 meses
Google (Imagem: Alex Dudar/Unsplash)
Google (Imagem: Alex Dudar/Unsplash)

O Google firmou um acordo nesta segunda-feira (7) com o comitê antitruste da França em que prometeu mudar sua política global de anúncios digitais via Google Ad Manager e Google AdX, além de pagar uma multa equivalente a US$ 268 milhões. Esta é a primeira concessão do tipo feita pela big tech a uma autoridade governamental. O órgão francês diz a empresa não deve recorrer da resolução.

Google Ad Manager favorecia marketplace do Google AdX

O acordo com o comitê antitruste francês deve provocar mudanças no modelo de anúncios online, que passou a ser dominado por Facebook e Google com o advento das redes sociais e do mercado de propaganda digital. A promessa da big tech coloca em xeque uma de suas principais fontes de receita: as plataformas de marketplace de espaços publicitários Ad Manager e AdX.

Segundo o órgão de regulação da França, o Google Ad Manager, que gerencia propagandas de grandes anunciantes, favorecia o próprio marketplace, no qual as empresas compram pacotes de propaganda online em tempo real.

Dados estratégicos eram fornecidos ao AdX, como a maior oferta de espaço que um anunciante estava disposto a pagar e acesso privilegiado a pedidos de clientes. Em troca, o Ad Manager recebia informações de uma forma “facilitada”, em detrimento de outras plataformas de gerenciamento de anúncios online – essenciais para a venda de propaganda em espaços nas páginas da web.

Uma das condições impostas no acordo é que o Google deve balancear a forma como o Ad Manager compete com serviços rivais. A agência reguladora francesa afirma que essas mudanças no sistema da big tech devem ser implementadas até o primeiro trimestre de 2022.

“A decisão de sancionar o Google é muito significativa, particularmente porque é a primeira decisão do mundo que foca no algoritmo complexo de leilão sobre o qual opera o sistema de anúncios online”, disse Isabelle de Silva, chefe do comitê francês, à Reuters.

O ministro de Finanças da França, Bruno Le Maire, comemorou a decisão a favor do órgão antitruste:

“A estratégia praticada pelo Google, para favorecer sua própria tecnologia de anúncios, afetou veículos de imprensa, cujo modelo de negócio é extremamente dependente de receita publicitária; essas são práticas sérias e elas foram corretamente sancionadas.”

O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire (Imagem: Nigel Dickinson-Fondapol/Flickr)
O ministro de Finanças francês, Bruno Le Maire (Imagem: Nigel Dickinson-Fondapol / Flickr)

Google faturou US$ 23 bilhões ao ajudar competidores

A maior parte da receita de vendas do Google vem da compra de espaços publicitários em sua ferramenta de busca e no YouTube. Mas, em 2020, a empresa faturou US$ 23 bilhões em acordos para auxiliar outros anunciantes a venderem propaganda, o que chamou a atenção de órgãos antitruste ao redor do mundo.

A investigação na França foi aberta em 2019 após queixas do grupo de mídia News Corp., responsável pelo Wall Street Journal, o jornal francês Le Figaro e o conglomerado de notícias belga Rossel. A decisão, segundo o comitê antitruste, abre caminho para que anunciantes busquem indenizações por desvantagens indevidas por parte da big tech. No mesmo ano, a União Europeia multou o Google em € 1,5 bilhão por práticas abusivas de AdSense, outra ferramenta da própria empresa usada para coletar dados de publicidade online.

A big tech também concordou em facilitar o uso de suas ferramentas por anunciantes: “nós vamos testar e desenvolver essas mudanças pelos próximos meses antes de lançá-las de forma mais abrangente, algumas delas globalmente”.

Com informações: Reuters.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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