Voilà Al Artist: Kaspersky detalha possíveis riscos de privacidade

Voilà AI Artist permite transformar selfies em desenhos 3D; Kaspersky diz que brasileiros estão mais preocupados com privacidade

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Voilà AI Artist transforma rostos em desenhos (Imagem: Reprodução / App Store)
Voilà AI Artist transforma rostos em desenhos (Imagem: Reprodução / App Store)

Algum tempo após a febre do FaceApp, que reconhece traços faciais para mudar o rosto do usuário, um novo app do tipo vem bombando nas redes sociais: o Voilà AI Artist. A partir de selfies, o aplicativo dá modelos 3D do rosto em diferentes estilos de desenho. Só que ele pode trazer riscos à privacidade, avaliam especialistas de segurança da Kaspersky.

Voilà AI Artist usa dados para treinar inteligência artificial

Ao analisar os termos de uso do Voilà AI Artist, desenvolvido pela Wemagine.ai LLP, a Kaspersky encontrou um trecho que diz que fotos enviadas pelo usuário passam a ser propriedade da plataforma. Mas os especialistas acreditam que o app não tem como interesse principal comercializar essas informações, pois ele já vende anúncios.

Na verdade, a empresa de cibersegurança acredita que, quando o usuário tira uma foto que é processada pelo Voilà AI Artist, os dados que o app coleta são usados para treinar tecnologias de inteligência artificial e reconhecimento facial. Isso ocorreu nos últimos anos com o FaceApp.

Fábio Assolini, analista sênior da Kaspersky, lembra que a pandemia e o isolamento social levaram a um aumento na conexão digital entre usuários. Sobre os riscos, ele diz em comunicado:

Acredito que este tipo de situação será cada vez mais comum e pode ser feita sem problemas, mas há algumas questões de segurança e privacidade que devem ser levadas em consideração, como a transparência no uso dos dados e a responsabilidade no processamento e armazenamento das informações pessoais.

Ainda no campo de privacidade, a empresa pede que usuários sejam comedidos no uso de reconhecimento facial como desbloqueio no celular, como em aplicativos de bancos. Essas informações, enquanto não devem ser usadas pelas empresas com fins maliciosos, podem ser alvo de ataques de hackers. Há riscos no armazenamento e processamento desses dados, segundo Assolini.

“É importante lembrar que esses dados estão armazenados em servidores de terceiros e são processados na nuvem. Uma vez que as imagens passam a ser da empresa, é ela que tem a responsabilidade de protegê-las e garantir que cibercriminosos não terão acesso ao banco de dados”, completa o analista da Kaspersky.

Brasileiro está preocupado com privacidade, diz Kaspersky

Brasileiros têm se preocupado mais quanto a privacidade de navegação, segundo a Kaspersky: uma pesquisa revela que 78% dos internautas disseram ler os termos de privacidade dos aplicativos em 2020, ante 40% em 2019.

A preocupação com o uso de dados por empresas no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil, vem aumentando. Órgãos de fiscalização brasileiros têm reforçado a sensibilidade de compartilhar informações do usuário, que pode entrar em conflito com leis como o Marco Civil da Internet ou do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Essa linha dura tem sido aplicada, inclusive, com quem administra as lojas de apps que oferecem o Voilà AI Artist e o FaceApp. Este último rendeu multa de R$ 7,7 milhões à Apple, cobrada pelo Procon-SP; a empresa recorreu, mas a Justiça manteve a sanção. A big tech teria violado o CDC ao oferecer o app de reconhecimento facial sem termos de uso em português.

“O fato de o brasileiro estar mais consciente com sua privacidade digital é uma ótima notícia e constatar que o excesso de informações não gerou impactos negativos é melhor ainda”, comemora Assolini.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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