Computador que substitui Tupã não faz previsões climáticas a longo prazo

Tupã, que foi inaugurado em 2010 como uma das máquinas mais potentes do mundo para prever o clima, será desligado pelo Inpe por falta de verbas

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Super computador Tupã, capaz de prever o clima em relatórios anuais (Imagem: INPE/ Divulgação)
Super computador Tupã, capaz de prever o clima em relatórios anuais (Imagem: INPE/ Divulgação)

O Instituto de Pesquisa Espaciais (Inpe) vai substituir seu supercomputador de previsão climática de longo prazo por uma máquina de categoria inferior incapaz de aferir o clima pelos próximos anos e décadas. O Tupã será desligado pelo alto custo devido a um elevado consumo de energia.

Substituto do Tupã custou R$ 729 mil e chega em 50 dias

A compra de um substituto do supercomputador Tupã foi anunciada pelo Inpe no dia 14 em uma parceria com o Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (PNUD). O equipamento custou R$ 729 mil e deve ser entregue em cerca de 50 dias. Mediante a chegada, o novo computador está previsto para começar o funcionamento em 15 a 30 dias.

O Tupã consome R$ 5 milhões em energia por ano e conta com um robusto sistema de resfriamento, o que aumenta ainda mais o gasto energético da máquina. O Inpe enfrenta falta de recursos para manter o supercomputador — e desligou metade dos 12 gabinetes. O novo computador deve gastar apenas um terço das despesas do atual aparelho. Vale lembrar que, recentemente, a Petrobrás inaugurou o funcionamento de seu próprio supercomputador: o Dragão.

Inpe comprou o Tupã em 2010 por R$ 23 milhões

O Tupã é um modelo XT6 da Cray capaz de realizar 258 trilhões de cálculos por segundo — chegou a ser o 29º computador mais rápido do planeta na época — e foi inaugurado no em dezembro de 2010.

O supercomputador foi adquirido por R$ 23 milhões, com recursos do hoje extinto Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Em face a uma falta de verba que já atingiu o Inpe em 2017, foi aprovada uma emenda parlamentar para a compra de um novo computador, atualizando a versão fabricada em 2009 adquirida no ano seguinte. O instituto comprou o XC50, também da Cray, que se tornou um suporte ao Tupã.

“Foi um upgrade com esse anexo que está conectado ao Tupã [o XC50]. Transferimos para ele toda a parte operacional. Todos os modelos que rodam previsão de tempo diariamente e o modelo que faz a previsão climática para os próximos meses”, explica Gilvan Sampaio, coordenador -geral das áreas de ciência da terra (CGCT), ao G1.

Governo pode ficar sem previsão de estiagem sem Tupã

O pesquisador afirma que é necessário um novo super computador do porte do Tupã para que o instituto avance em previsões climáticas. Pesquisas e projeções climáticas continuaram a serem executadas pelo XC50, mas o Inpe só fará previsões sazonais; não vai conseguir aferir sobre o clima nos próximos anos.

O Brasil atravessa sua pior crise hídrica da história. As principais usinas hidroelétricas e reservatórios apresentam níveis baixos: o Ministério de Minas e Energia alertou que o país registrou em abril o menor nível de volume de água armazenados em reservas na história.

O Inpe usa o Tupã para fornecer relatórios de estiagem ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão do ministério que supervisiona a geração de energia; os documentos são importantes para ações e políticas públicas do governo para sugerir redução ou até racionamento de energia.

Com informações: G1

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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