Cuba bloqueia WhatsApp e Telegram em meio a protestos no país

Servidores de WhatsApp e Telegram foram bloqueados ou tiveram acesso limitado pela estatal de telecomunicações de Cuba; país passa por onda de protestos

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Cuba bloqueou acesso à mensageiros em meio a protestos (Imagem: lezumbalaberenjena/ Flickr)
Cuba bloqueou acesso à mensageiros em meio a protestos (Imagem: lezumbalaberenjena/ Flickr)

Milhares de cubanos levaram sua insatisfação com o governo às ruas, em uma das maiores manifestações contra a ditadura em décadas. O presidente da ilha, Miguel Díaz-Canel, chamou os manifestantes de “mercenários” e respondeu à altura: WhatsApp, Instagram, Facebook e Telegram foram bloqueados no domingo (11), dia em que os protestos tiveram maior adesão popular.

Estatal de telecomunicações cubana bloqueia mensageiros

Dados da NetBlocks, organização que mapeia a atividade da internet em países onde a liberdade de expressão está em risco, como Cuba, constam que os apps de mensagens tiveram restrições de acesso no domingo (11)

Quem dificultou o acesso aos servidores de WhatsApp, Telegram, Facebook e Instagram no final de semana foi a estatal ETECSA (Empresa de Telecomunicaciones de Cuba S.A), dona da única operadora de celular no país, a Cubacel.

Ao todo, o front-end e o back-end de servidores de 50 plataformas foram limitados ou completamente bloqueados pela estatal. As mais afetadas foram Telegram e Facebook, com aumento na latência de conexão de 90% e 87%, respectivamente.

O bloqueio de internet já foi uma tática empregada em outras ocasiões pelo governo para diminuir a circulação de informação e adesão a manifestações: foi usado quando cubanos protestaram por maior liberdade artística em novembro de 2020.

Tabela que analisa tráfego de servidores de plataformas em Cuba (Imagem: NetBlock/ Divulgação)

Tabela que analisa tráfego de servidores de plataformas em Cuba (Imagem: NetBlock/ Divulgação)

Cuba tem maior protesto contra ditadura em décadas

No final de semana, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra o regime Díaz-Canel. Manifestantes reivindicam melhora na economia e no tratamento de pacientes com COVID-19; Cuba vive o pior momento na pandemia, com escassez de comida e medicamentos para tratar doentes com o novo coronavírus.

Com as restrições de viagem, a ilha teve queda no turismo — um de seus principais pilares econômicos. Outro setor estratégico é o de exportações: a maior commodity, o açúcar, foi prejudicado por safras abaixo das expectativas.

Isso levou cubanos a exigirem o fim da ditadura no país. Mas a polícia entrou em ação, prendendo ao menos 100 ativistas que participaram dos protestos, segundo o centro de assistência jurídica Cubalex. 

Apagão de rede e prisões levam cubanos às delegacias

O apagão de internet provocado pelo governo junto às prisões levou centenas de cubanos à porta de delegacias pelo país, atrás de informações sobre parentes e amigos detidos durante as manifestações. 

O cubano Ariel González disse à BBC Mundo que ele esteve em uma delegacia próxima à sua casa para saber o que aconteceu com seu filho, um estudante de 21 anos preso pela polícia.

“Eu sabia que ele tinha sido detido porque alguns dos amigos dele que presenciaram a cena me contaram. Na delegacia, eles [os policiais] me contaram que não poderiam me falar para onde meu filho foi levado porque ele foi preso por outra ‘instituição’”, disse González. O cubano se refere à presença de policiais não uniformizados nos protestos.

O presidente Díaz-Canel culpa as sanções dos EUA pela escassez de comida e medicamentos de Cuba. O chanceler cubano disse que as manifestações são financiadas pelos norte-americanos.

Joe Biden, presidente dos EUA, afirma que está do lado dos cubanos, e clamou para que os governantes da ilha vizinha ouçam as demandas das ruas.

Com informações: BBC News e NetBlocks

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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