Como funciona uma estrada solar?

Descubra o que é e como funciona uma estrada solar, uma solução proposta para o futuro da geração de energia elétrica limpa

Ronaldo Gogoni
Por
• Atualizado há 1 ano
Bru-nO / painéis solares / Pixabay / estrada solar

A estrada solar é um tema que vira e mexe volta a virar assunto: alguns acreditam que a tecnologia é a chave para o futuro da geração de energia limpa, enquanto outros a vêem apenas como uma curiosidade ou um experimento que só dá prejuízo.

Afinal, qual é a verdade?

O que é e como funciona uma estrada solar?

O conceito das estradas solares (ou Solar Roadways, em inglês) não é novo, surgiu há alguns anos e consiste em aplicar painéis solares em estradas, para que captem a luz solar e a convertam em energia limpa e para os mais diversos fins.

As células fotovoltaicas dos painéis solares ficam dispostas nas estradas numa espécie de “sanduíche”, acima de uma camada de isolamento e sob outra de resina ou concreto translúcido (não totalmente transparente, mas que permite passagem de luz).

A ideia das estradas solares é transformar as estradas, calçadas e estacionamentos, entre outras superfícies, em painéis solares de grande porte, ligados diretamente ao grid de energia elétrica, da mesma forma que uma fazenda solar (usinas de energia solar, com painéis enormes em uma grande área).

Existem estradas solares em atividade?

Sim. Existe uma atualmente ativa.

Mas, até o momento, duas estradas solares foram criadas para testes no mundo real.

Tourouvre-au-Perche, na França

A primeira do mundo (acima) foi implementada no final de 2016 na vila de Tourouvre-au-Perche, na França, em caráter de testes da tecnologia, sendo desativada dois anos depois. Ela contava com 1 km de extensão e 2.800 m² de área, custou € 5 milhões, usou polímero ultrarresistente no revestimento e permaneceu ativa até recentemente.

Projetada para gerar 300.000 kWh de energia, seu pico energético no início do projeto foi de 150.000 kWh, caindo pouco tempo depois para uma média de 78.000 kWh em 2018; no início de 2019, a média já estava em 38.000 kWh. Motivos não faltaram: devido à posição fixa, os painéis captam 30% menos energia do que se estivessem em um telhado, além do fato que a região recebe Sol forte por apenas cerca de 44 dias por ano.

O governo francês ficou descontente com os resultados do experimento, classificado pela imprensa local como “um completo desastre”, caro demais e com retorno de menos.

Jinan, capital da província de Shandong

Em dezembro de 2017, foi a vez da China (acima) implementar sua primeira estrada solar em Jinan, capital da província de Shandong. O trecho possui 2 km de extensão e uma área coberta tem 5.755 m², contando com concreto translúcido no revestimento.

O custo da obra foi de ¥ 17.265.000. O governo chinês afirma que a estrada seria capaz de gerar 1 milhão de kWh em um ano, embora especialistas contestem esses números.

Uma estrada solar é viável?

O grande problema das estradas solares gira em torno de dinheiro, tanto para implementar a tecnologia, quanto de retorno do investimento. Instalar painéis solares em estradas envolve um custo muito maior do que o de usar as células em telhados ou fazendas, dada a necessidade de usar materiais resistentes para suportar o trânsito e o peso dos carros e, ao mesmo tempo, translúcidos, que permitem a passagem de luz.

O retorno energético das estradas solares, em comparação ao custo é extremamente baixo, principalmente pelo fato de que não é possível para os painéis acompanharem a posição do Sol. Elas têm o período de melhor captação somente em torno do meio-dia; no restante do dia, as sombras diminuem consideravelmente a eficiência do conjunto.

No entendimento geral, as estradas solares são hoje não mais do que uma curiosidade nada eficiente, que precisa melhorar muito para ser minimamente viável.

Energética e financeiramente falando.

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Ronaldo Gogoni

Ronaldo Gogoni

Ex-autor

Ronaldo Gogoni é formado em Análise de Desenvolvimento de Sistemas e Tecnologia da Informação pela Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo). No Tecnoblog, fez parte do TB Responde, explicando conceitos de hardware, facilitando o uso de aplicativos e ensinando truques em jogos eletrônicos. Atento ao mundo científico, escreve artigos focados em ciência e tecnologia para o Meio Bit desde 2013.

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