Twitter bloqueia robô que verifica fatos, impedindo alertas de fake news

Robô Fátima mandava verificação de fatos para tweets contendo informações falsas; Twitter considerou que a prática é spam e bloqueou uso de sua API

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Tela de abertura do Twitter no celular.
Tela de abertura do Twitter no smartphone. (Imagem: Joshua Hoehne/Unsplash)

O Twitter bloqueou o acesso à sua API pela robô Fátima, do site Aos Fatos. A Fátima (@fatimabot) detectava links de fake news e enviava a checagem dos fatos para usuários que haviam compartilhado esse conteúdo. Segundo a publicação, a medida impede que a robô funcione.

Na segunda-feira (2), o Twitter havia suspendido o acesso da Fátima à API por mais de 10 horas, mas o reestabeleceu após contatos do site com a plataforma. Na terça-feira (3), porém, a robô foi banida do acesso à interface de programação.

Na nota enviada ao site, a rede social diz que a suspensão da robô se deu por questões de spam, já que ela mandava a mesma mensagem a vários usuários que não estavam interagindo com a conta. Mesmo assim, o Aos Fatos discorda do posicionamento e diz que a Fátima foi programada com fins de conscientização, além de contar com mecanismos para não influenciar o debate na rede nem enviar spam.

Idealizada pelos jornalistas Pedro Burgos e Tai Nalon, a robô Fátima foi lançada pelo Aos Fatos em 2018 e recebeu o Prêmio Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados em 2019. A ideia da iniciativa é levar informações verdadeiras a todos que compartilham conteúdo falso ou foram expostos a ele.

Twitter combate fake news, mas nem tanto

A rede social também tem estudado medidas para combater a desinformação ou pelo menos conter os danos causados por ela. Uma dessas iniciativas é a plataforma Birdwatch, que vem sendo testada nos EUA. Com ela, a própria comunidade de usuários pode avaliar se uma informação é verídica ou falsa e, dependendo da decisão, colocar notas de contexto a um tweet.

A empresa também passou a alertar usuários que curtem posts com informações falsas e prometeu adotar medidas mais duras contra quem compartilha mentiras sobre COVID-19.

Mesmo assim, essas iniciativas parecem ter surtido pouco efeito. Como o próprio Aos Fatos diz em seu comunicado, um dos tweets respondidos pela Fátima trazia fake news sobre vacinas e não tinha nenhum alerta para isso — a resposta da robô era o único rótulo identificando o conteúdo como falso. O site de checagem de fatos também diz que a robô respondia contas que já haviam aparecido em uma reportagem de junho — o texto mostra que posts antivacina no Twitter alcançaram mais de 147 mil interações em três meses.

Com informações: Aos Fatos

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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