Itaú abre hackathon de open banking com bancos internacionais

Desafio Global de Open Finance reúne Itaú e bancos do Canadá, Austrália e Reino Unido; participantes terão acesso a sandbox que imita infraestrutura financeira

Felipe Ventura
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• Atualizado há 1 ano e 6 meses
Itaú no Apple Pay (Imagem: Tecnoblog)

O Itaú anunciou nesta segunda-feira (16) o Desafio Global de Open Finance em parceria com os bancos CIBC, do Canadá; NAB; da Austrália; e NatWest, do Reino Unido. As quatro instituições, em colaboração com a Amazon Web Services (AWS), farão um evento virtual que receberá soluções de open banking para o Brasil e o mundo – isto é, ideias que se tornaram possíveis graças ao compartilhamento de dados financeiros por parte dos clientes.

Rafael Heringer, superintendente de tecnologia em open banking no Itaú, explica em entrevista ao Tecnoblog que a aliança com os três bancos internacionais começou a tomar forma graças ao Project Carbon, um mercado de compensação de carbono anunciado em julho deste ano – o projeto piloto conta com a participação do CIBC, NAB e NatWest.

Cada um dos países está em um momento diferente do open banking: o Reino Unido foi pioneiro na área em 2018, e a regulamentação do setor na Austrália passou a valer em julho de 2020. No Brasil, o compartilhamento de dados entre bancos começou na última sexta-feira (13), autorizado pelo Banco Central. Enquanto isso, no Canadá, o assunto ainda segue em discussão.

Os participantes do desafio terão acesso a uma sandbox que replica a infraestrutura de um banco, permitindo realizar testes em um ambiente protegido com dados simulados. Cada banco vai compartilhar APIs que combinam open banking e serviços em caráter experimental para permitir a criação de aplicativos.

Heringer aponta ao Tecnoblog que haverá mais de 20 APIs disponíveis, e elas serão basicamente as mesmas no sandbox dos quatro bancos, só que com as devidas adaptações: por exemplo, para o Itaú, o identificador do cliente será o CPF.

E segundo o executivo, o Itaú não vai abrir somente as APIs exigidas pelo BC: estarão disponíveis recursos de open banking para pagamentos, oferecimento de produtos, câmbio, prevenção a fraudes, score de crédito, entre outros.

Como funciona o Desafio Global de Open Finance

As inscrições para o evento estão abertas e podem ser feitas pelo site globalopenfinancechallenge.com. Fintechs, startups, grandes empresas, universidades e outras equipes de inovadores são convidadas a participar.

Na primeira fase, as equipes irão criar e testar soluções com a mentoria de líderes dos quatro bancos e da AWS. São três áreas de concentração:

  • atender melhor os clientes corporativos e público em geral através de serviços digitais com alto valor agregado;
  • ajudar a base atual de clientes e novos entrantes a acessar serviços bancários via canais digitais mais convenientes ou relevantes;
  • encontrar maneiras inovadoras de ajudar clientes a tomar decisões melhores envolvendo clima e sustentabilidade.

Então, serão escolhidos 12 grupos para apresentar as ideias a um painel de jurados, incluindo os CEOs dos quatro bancos e executivos do setor de private equity, venture capital e organizações de tecnologia:

  • Milton Maluhy, CEO do Itaú Unibanco
  • Victor Dodig, presidente e CEO do CIBC
  • Ross McEwan, CEO do NAB (National Australia Bank)
  • Alison Rose, CEO do Grupo NatWest
  • Werner Vogels, CTO na Amazon
  • Rob Heyvaert, Managing Partner na Motive Partners

A fase final do Desafio Global de Open Finance será em novembro de 2021. As equipes vencedoras poderão participar de um programa de incubação após o evento, com um ou mais bancos que realizam o desafio.

Isso inclui: uma prova de conceito (PoC); um pitch para os times de Venture Capital de todos os bancos; reuniões com equipes internas dos bancos para entender os mercados regionais; contato com a liderança sênior para ajudar no networking; e suporte da AWS para projetos funcionais e técnicos.

Itaú e open banking

Rafael Heringer, superintendente de tecnologia em open banking no Itaú (Imagem: Divulgação)
Rafael Heringer, superintendente de tecnologia em open banking no Itaú (Imagem: Divulgação)

Heringer explica ao Tecnoblog que a premiação não será em dinheiro, porque o foco está em oferecer uma experiência que dá acesso a webinars de treinamento e APIs que não estão disponíveis para o público em geral; além disso, as 12 equipes selecionadas entrarão em contato com altos executivos de diversos bancos.

Ele afirma que existem relativamente poucos hackathons globais, e não havia nenhum relacionado a open finance até o momento. Por isso, essa seria uma solução interessante para fintechs e startups em geral que queiram ganhar escala com o banco do próprio país ou de outras geografias.

Para o executivo, o Itaú não estaria adotando uma postura de defesa em relação ao open banking porque o mercado ainda é muito grande, e porque isso permite desenvolver novos produtos à medida que mais informações de clientes fluem para o banco. Além disso, essa é uma oportunidade para abrir mais contas e emitir mais cartões de crédito.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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