Dono de empresa de bitcoin é preso no RJ acusado de operar pirâmide

Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consutoria Bitcoin, foi preso pela PF acusado de operar um esquema de pirâmide com falsos investimentos na criptomoeda

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 2 anos e 2 meses
Dois líderes da empresa suspeita foram presos (Imagem: Bermix Studio/ Unsplash)

O dono da suposta empresa de investimentos em ativos digitais GAS Consultoria Bitcoin, Glaidson Acácio dos Santos, foi preso nesta quarta-feira (25) pela Polícia Federal (PF), acusado de ser responsável por um esquema de pirâmide financeira envolvendo a moeda digital. O suspeito foi detido nesta manhã durante a operação Kryptos. De acordo com as autoridades, ele teria movimentado bilhões com a fraude ao longo de anos.

Operação da PF apreende até barras de ouro

Glaidson foi encontrado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Uma força-tarefa invadiu sua mansão em Itanhangá e lá apreenderam reais, dólares e euros. Até mesmo barras de ouro estavam entre sua fortuna. Conforme apurou o Bom Dia Rio, os agentes da PF responsáveis pela ação se surpreenderam com a quantidade de dinheiro encontrada no local, afirmando que nem mesmo a Lava-Jato costuma confiscar tamanha fortuna.

No total, os policiais foram enviados para cumprir nove mandados de prisão e quinze de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, Ceará e Distrito Federal. Além do dono da GAS Consultoria Bitcoin, outro homem também foi preso tentando fugir para Punta Cana, na República Dominicana, através do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Polícia Federal (Imagem: André Gustavo Stumpf/Flickr)
Polícia Federal (Imagem: André Gustavo Stumpf/Flickr)

O esquema de pirâmide de bitcoin já era investigado há dois anos. Até mesmo o Fantástico do último domingo contou a história da GAS, que se passava por uma consultoria de investimento em criptomoedas. A empresa prometia lucros de 10% a 15% ao mês ao negociar o ativo digital, o que por si só já é suspeito diante da enorme volatilidade da criptomoeda.

Esquema de pirâmide movimentou bilhões

Nesse tipo de fraude financeira, também chamada de esquemas Ponzi, os golpistas mantêm um fluxo de investidores entrando e aplicando mais dinheiro para pagar os membros mais antigos. Então, para que as novas pessoas comecem a receber alguma coisa, elas devem atrair mais gente para o esquema. Contudo, trata-se obviamente de um modelo insustentável que eventualmente desaba e poucas pessoas no topo saem no lucro enquanto a maioria dos participantes perde todo seu dinheiro.

A força-tarefa da PF descobriu ainda que Glaidson nem sequer aplicava o dinheiro de seus clientes em bitcoin e aparentemente embolsava toda a quantia, que chegou na casa dos bilhões de reais ao longo dos anos, segundo os agentes.

A maioria das vítimas do esquema de pirâmide da GAS Consultoria são da Região dos Lagos fluminense e de Cabos Frio, locais que até mesmo ganharam o apelido de “Novo Egito”, conforme revelado pelo Fantástico, pela quantidade de golpes similares que operam por lá.

A PF também informou que todo o esquema contava com várias empresas envolvidas e operaram por ao menos seis anos. Contudo, cerca de 50% de toda a movimentação financeira do esquema ocorreu nos últimos 12 meses.

Polícia investiga outros esquemas de pirâmide de criptomoedas no Riod e Janeiro (Imagem: Executium/ Unsplash)
Polícia investiga outros esquemas de pirâmide de criptomoedas no Riod e Janeiro (Imagem: Executium/ Unsplash)

GAS Consultoria nega investir em criptomoedas

Inicialmente, quando prestou depoimento para a polícia, Glaidson disse que não negociava criptomoedas e que sua empresa atuava no ramo de inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de software. Porém, a GAS nem sequer tinha site ou perfis em redes sociais. O telefone da companhia disponível na Receita Federal também não funcionava. Mas o posicionamento para clientes diferia, afirmando que o grupo tinha experiência no mercado de criptoativos e atuava no ramo já há nove anos.

A defesa de Glaidson enviou uma nota ao Fantástico, na qual disse estar à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento: “A GAS de Glaidson Acácio, que atua no ramo de tecnologia e consultoria financeira em criptomoedas, não compactua com ilegalidades e preza pela licitude de todas as suas operações”, declarou o advogado do suspeito, Thiago Minagé.

Com informações: G1

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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