Jolla, criadora de alternativa ao Android, consegue lucrar pela 1ª vez

Empresa criada por ex-funcionários da Nokia, que lançou Sailfish OS, consegue obter lucro após 10 anos desde sua fundação

Ana Marques
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses

Após quase uma década desde sua fundação, a Jolla — empresa que criou o Sailfish OS, uma alternativa ao Android — finalmente obteve lucro em seu fechamento anual. A companhia, que trabalha com a licenciação de sistemas operacionais móveis, registrou um aumento de 53% em receita em 2020, em comparação ao ano anterior.

Jolla é criadora do Sailfish OS
Sailfish OS é o software desenvolvido pela Jolla (Imagem: Divulgação)

De acordo com informações do TechCrunch, o ano de 2020 marcou um ponto de inflexão para os negócios da Jolla. Fundada em 2011 por ex-funcionários da Nokia que trabalharam no MeeGo, a empresa finlandesa até tentou entrar no ramo de hardwares, lançando alguns celulares e um tablet desenvolvido por financiamento coletivo.

No início, investidores aplicaram mais de 200 milhões de euros para fazer tudo acontecer. Entretanto, o projeto não foi para a frente em sua totalidade — atualmente, a receita vem, em maior parte, por meio do licenciamento de software para outras companhias.

Além disso, a Jolla vende licenças do Sailfish X para o consumidor final. O Sailfish X é, portanto, é a versão “comercial” do Sailfish OS, com ele, você pode executar alguns apps Android em plataformas Linux.

Forte interesse da indústria automotiva

Recentemente, a Jolla lançou também um novo produto derivado do Sailfish OS — o AppSupport, que como o próprio nome já entrega, oferece para plataformas Linux compatibilidade autônoma com apps de Android. Esse produto dispensa o licenciamento completo do sistema.

Segundo a companhia, o AppSupport despertou forte interesse de empresas automotivas, que buscavam soluções para desenvolvimento de seus produtos inteligentes para carros sem recorrer às amarras do Android Auto.

“Digamos que tenha havido muitas vibrações positivas nesse setor nos últimos anos — novatos como a Tesla realmente abalaram a indústria, de modo que os fornecedores tradicionais precisam pensar de forma diferente sobre como e que tipo de experiência do usuário eles fornecem no cockpit ”, avaliou o cofundador da empresa Sami Pienimäk.

Para o executivo, o resultado é sinal da maturidade adquirida ao longo de uma década: “Jolla está completando dez anos em outubro, então tem sido uma longa jornada. E por causa disso, temos melhorado continuamente nossa eficiência e nossa receita, que cresceu mais de 50% de 2019 a 2020. Ao mesmo tempo, a base de custos da operação se estabilizou muito bem, de modo que a soma deles resultou em uma boa lucratividade”.

Jolla também atende demanda de governos

Além dos clientes no setor automotivo, a Jolla afirma que também atende à demanda de governos que desejam uma alternativa aos domínios do Google — e de uma forma que consigam ter maior controle, moldando o sistema de acordo com suas necessidades. A Rússia foi um dos primeiros países a embarcar no negócio.

A empresa também vem se fortalecendo à medida que mais movimentos contra a soberania digital dos Estados Unidos surgem pelo mundo — especialmente com as sanções a companhias de outros países promovidas durante o governo Trump.

Um caso que ficou popular foi a criação do HarmonyOS, da Huawei, outra alternativa ao Android para smartphones. Em relação ao sistema, Pienimäki não parece temer a concorrência. Ele afirma que o lançamento da plataforma é “mais uma prova de que há apetite no mercado por algo mais do que o próprio Android”.

Agora, a Jolla está passando por uma nova rodada de financiamento com meta de 20 milhões de euros para comercializar o App Support e impulsionar o licenciamento do Sailfish. A companhia avalia que há potencial de crescimento na Europa e em certas partes da África.

Com informações: TechCrunch

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Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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