O que é NFC? Como funciona a tecnologia em celulares e cartões

A tecnologia NFC se popularizou por permitir pagamentos por aproximação; conheça outras aplicações, vantagens e limitações desse tipo de conexão

Emerson Alecrim Ana Marques
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• Atualizado há 6 meses
NFC em celular Android (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
NFC em celular Android (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

NFC (Near Field Communication) é uma tecnologia que serve para transmissão de dados sem fio entre dispositivos próximos, como celulares, máquinas de cartão, smartwatches, entre outros eletrônicos. A conexão NFC ganhou destaque por permitir pagamentos por aproximação.

O surgimento do NFC foi em 2004, quando Nokia, Philips e Sony criaram a NFC Forum. O primeiro celular compatível com NFC para serviços bancários foi o Panasonic P506iC, lançado no mesmo ano.

Mas o padrão só começou a ganhar mercado em 2006, quando as especificações para tags NFC foram definidas. O funcionamento, modos de operação e as principais aplicações da tecnologia são explicadas a seguir.

O que significa NFC?

NFC significa Near Field Communication (“Comunicação por Campo de Proximidade”, em português). A principal característica da tecnologia NFC é permitir troca de dados entre dispositivos próximos entre si, com todo o processo acontecendo de modo wireless (sem fio).

Como funciona a tecnologia NFC?

A tecnologia NFC estabelece comunicação entre dois dispositivos por meio de radiofrequência com ondas de curto alcance. Por isso, é necessário que os dispositivos participantes estejam fisicamente próximos entre si para a conexão funcionar.

O dispositivo que inicia e controla a conexão é tecnicamente chamado de initiator (iniciador). Já o que aceita a conexão e transmite dados conforme solicitado é chamado de target (alvo).

Um dispositivo pode ser compatível com a tecnologia por meio de NFC ativo ou passivo:

  • NFC ativo: o dispositivo pode enviar e receber dados, e tem fonte de alimentação própria, a exemplo de celulares, tablets e máquinas de cartão;
  • NFC passivo: o dispositivo não tem alimentação elétrica própria, mas conta com um chip que, quando aproximado de um dispositivo com NFC ativo, transmite dados. É o caso de cartões de crédito, cartões de transporte e tags NFC.
Smartphones têm NFC ativo (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Smartphones têm NFC ativo (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Qual é o alcance do NFC?

O alcance máximo do NFC é de 20 centímetros. No entanto, a maioria das aplicações com NFC suporta distâncias inferiores a 5 centímetros.

O alcance é a principal diferença entre o NFC e o RFID, tecnologia que pode atingir distâncias de até 100 metros. Essa diferença não chega a ser desvantajosa, pois o curto alcance do NFC permite conexões mais estáveis e seguras, reduzindo sensivelmente o risco de interceptações de dados.

Qual é a frequência utilizada pelo NFC?

O NFC tem frequência de 13,56 MHz, a mesma do padrão RFID (Radio Frequency Identification). A tecnologia NFC é baseada em alguns atributos técnicos desenvolvidos originalmente para o RFID. Apesar disso, ambas as tecnologias diferem entre si em parâmetros como alcance e taxa de dados.

Qual é a taxa de transferência de dados máxima via NFC?

A taxa de transferência de dados via NFC pode chegar a 1,7 Mb/s, de acordo com a NFC Forum. Contudo, a maioria das aplicações por NFC tem transferência limitada a 424 Kb/s. A velocidade alcançada depende de fatores como modo de operação e distância física entre os dispositivos.

Precisa de internet para usar NFC?

Não. A tecnologia pode ser usada em aplicações que não requerem acesso à internet, como compartilhamento de arquivos, fechadura eletrônica e cartões de visita digitais.

Algumas aplicações, como pagamentos por aproximação, podem precisar de internet para processar transações. Neste caso, basta que o dispositivo que realiza a operação, como uma máquina de cartão, acesse a internet. Isso torna o NFC funcional até em áreas remotas, cujas redes de dados móveis são limitadas.

Quais são os principais modos de operação do NFC?

O NFC pode ser empregado em numerosas aplicações por oferecer vários modos de operação. Os principais são estes:

  • Emulação de cartão: um dispositivo com NFC pode emular cartões de diversos tipos, a exemplo de um smartwatch que se passa por um cartão de tarifa em serviços de transporte público;
  • Emulação de cartão com base em host (HCE): permite emular cartões de modo que um aplicativo móvel possa se comunicar diretamente a um terminal NFC, a exemplo de serviços de pagamento como o Google Pay;
  • Leitura/gravação: permite a leitura ou gravação de dados em dispositivos NFC passivos, a exemplo de uma catraca que desconta créditos de um cartão de transporte;
  • Recarga sem fio: conexões NFC podem ser usadas para iniciar transferência de energia de até 1 W para dispositivos portáteis, como fones de ouvido e pulseiras inteligentes;
  • Peer-to-peer: permite que dispositivos conectados entre si recebam e enviem dados. É um modo que pode ser usado para transferir uma foto de um celular para outro, por exemplo;
  • Emulação de cartão baseada em elemento seguro: o dispositivo NFC só emula um cartão se tiver um chip de segurança incorporado. Neste caso, todas as transações são intermediadas por esse chip.
Cartão contactless (com NFC) para pagamento por aproximação (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Cartão contactless (com NFC) para pagamento por aproximação (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Quais são os protocolos de segurança do NFC?

As especificações do NFC não obrigam a implementação de nenhum protocolo exclusivo de segurança. Um exemplo é o protocolo SWP (Single Wire Protocol), que estabelece uma conexão segura entre o SIM card e o chip NFC de um celular, mas não é usado em larga escala pela indústria.

Por esse motivo, recursos de segurança, quando existem, tendem a ser implementados na aplicação que faz uso da tecnologia, e não no NFC em si.

É seguro usar NFC para pagamentos por aproximação?

Sim. Em linhas gerais, transações financeiras via NFC contam com criptografia e outros recursos de segurança implementados pelo serviço de pagamento. Além disso, o curto alcance da tecnologia impede que um cartão ou celular com NFC seja alvo de transações fraudulentas a distâncias superiores a 5 centímetros.

Há alguns mitos sobre pagamentos com NFC, entre eles, o de que a tecnologia favorece a clonagem de cartão. Isso é incomum. Golpes financeiros envolvendo NFC geralmente ocorrem quando o usuário é induzido a isso por meio de engenharia social.

Proteger fisicamente o cartão ou celular com NFC, fazer bloqueio temporário do cartão, não deixar que o cartão seja manipulado por terceiros ou estabelecer limites baixos para transações em locais públicos são medidas que ajudam a prevenir golpes com pagamentos por aproximação.

Para que serve o NFC?

A tecnologia NFC proporciona conexão rápida e estável, permitindo o uso em numerosas aplicações, como:

  • Pagamentos: a principal função do NFC em celulares é habilitar pagamentos por aproximação; a tecnologia também é encontrada em cartões de crédito ou débito;
  • Transporte público: o NFC é usado para pagamento de tarifas no transporte público de São Paulo, Rio de Janeiro e várias outras cidades;
  • Fechadura eletrônica: smartphones com NFC podem substituir chaves físicas para abrir portas ou portões equipados com trava eletrônica;
  • Turismo: a tecnologia NFC é usada em museus, galerias de arte e outros pontos turísticos para enviar informações sobre as obras expostas ao celular do visitante;
  • Controle de acesso: o NFC pode ser usado em crachás para identificação e controle de acesso a determinados setores de uma organização;
  • Tags NFC: são pequenos dispositivos com forma de chaveiro, medalha ou etiqueta que podem ser usados para abrir portões, identificar objetos ou animais, acionar recursos de carros, entre outros;
  • Recarga wireless: a tecnologia NFC pode ser usada para recarregar a bateria de dispositivos muito compactos, como fones de ouvido e stylus (canetas para telas);
  • Comércio/varejo: há lojas que usam NFC para informar, no celular do cliente, preços e detalhes sobre os produtos à venda;
  • Compartilhamento de dados: o NFC pode ser usado para compartilhamento de cartões de visita, músicas e outros tipos de dados. Nessas aplicações, o NFC pode ser ativado somente durante o uso para permitir economia de bateria.
O NFC suporta numerosas aplicações (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
O NFC suporta numerosas aplicações (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Todo celular tem NFC?

Não. É preciso checar a ficha técnica para saber se o celular tem NFC. Normalmente, smartphones com NFC são encontrados em categorias “premium” ou “intermediária premium”. Os fabricantes não costumam oferecer NFC em modelos intermediários menos sofisticados ou em celulares básicos para diminuir os custos de produção.

Qual é a diferença entre NFC e RFID?

O NFC é uma tecnologia de comunicação por radiofrequência de curto alcance. O RFID também usa radiofrequência, mas permite que dois dispositivos se comuniquem com até 100 metros de distância, a exemplo dos sistemas de pedágio que conseguem identificar um veículo por meio de uma tag no para-brisa.

Outra diferença importante entre ambas as tecnologias é que o NFC permite comunicação bidirecional, ou seja, com envio e recebimento de dados pelo dispositivo. O RFID é unidirecional, o que significa que um dispositivo envia dados para outro, mas não os recebe.

Qual é a diferença entre NFC e Bluetooth?

O NFC é uma tecnologia de comunicação sem fio de curto alcance e com frequência base de 13,56 MHz. Já o Bluetooth é um padrão de conexão wireless que funciona na frequência de 2,4 GHz e, tipicamente, alcança distâncias de até 10 metros entre os dispositivos, podendo cobrir áreas maiores em determinadas aplicações.

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Ana Marques

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Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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