iMac de 24 polegadas (Apple M1): que tela é essa?

Tela de altíssima qualidade do novo iMac de 24 polegadas é tão impressionante quanto o desempenho do Apple M1

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

A Apple surpreendeu o mercado com seu primeiro chip para Macs, o M1, mas vinha seguindo um caminho conservador até então: na prática, ela tirou as peças da Intel dos MacBooks, reaproveitou as carcaças e relançou os mesmos laptops que já conhecíamos, mas com mais bateria e desempenho. A primeira cria da nova fase dos Macs, que apenas seria possível com esta plataforma de hardware, está aqui: o iMac de 24 polegadas.

O iMac de 24 polegadas com chip M1 tem um design minimalista que parece um iPad evoluído. A tela brilhante com resolução 4,5K se junta a um sistema de som com seis alto-falantes e um hardware suficiente para aplicações profissionais em um corpo de metal com um centímetro de espessura. O que tem de bom nele? Eu trabalhei com o novo desktop da Apple nos últimos meses e conto minhas impressões a seguir. 

Análise do iMac de 24 polegadas em vídeo

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O iMac de 24 polegadas foi fornecido pela Apple por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.

Design (que fino!) e conectividade

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

A geração anterior do pequeno iMac, com chip Intel e tela de 21,5 polegadas, já tinha visual minimalista e uma espessura relativamente fina para o que era possível na época, mas se apoiava em uma barriga que concentrava todo o hardware e o sistema de refrigeração. No novo modelo, tudo foi mantido em uma carcaça plana de 11,5 milímetros. É tão simples e chamativa que a Apple não se cansa de mostrar o iMac de lado: eu vi mais imagens de divulgação da lateral do que da frente do computador.

Seguindo a cartilha de sempre da Apple, o design foi priorizado em detrimento das conexões físicas. O leitor de cartões de memória, que não está presente em nenhum Mac novo, também sumiu daqui. E a versão de entrada do iMac tem apenas duas portas Thunderbolt: se você quiser mais duas entradas USB ou até mesmo uma conexão Ethernet para cabo de rede, precisa gastar mais dinheiro em uma configuração que custa a partir de R$ 20.099 no site da Apple.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Outras decisões curiosas foram tomadas para tornar o novo design possível. A própria conexão Ethernet, que ficava na traseira do iMac antigo, foi parar na fonte de alimentação externa, o que é uma posição bem peculiar, mas pelo menos tem a vantagem de liberar espaço na mesa. E a entrada de fone de ouvido está na lateral: não seria possível mantê-la na traseira porque o pino do conector P2 tem um comprimento maior que todo o iMac. Aliás, estando em 2021, talvez eu devesse estar feliz por essa conexão simplesmente existir em um produto da Apple.

Além do formato, as cores vibrantes na traseira chamam a atenção. A versão prata, mais parecida com a do iMac anterior, continua disponível, mas eu preferi o modelo verde, que se aproxima de um azul-petróleo na parte de alumínio e me remete diretamente ao primeiríssimo iMac, lançado em 1998. Já na região embaixo da tela e nos acessórios que acompanham a máquina, como o teclado, o trackpad, o mouse e até os cabos de energia e Lightning, o tom de verde é bem mais suave.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Um ponto interessante que notei durante uma conversa com a Apple é que o design do novo iMac permite uma certa portabilidade que não era possível em desktops anteriores. É claro que você não vai ficar deitado na cama segurando o iMac para assistir a uma série na Netflix, mas o peso de apenas 4,5 kg, a base compacta e a necessidade de conectar um único cabo certamente abrem espaço para que você leve o computador para outro cômodo da casa, o que pode ser um bônus em tempos de home office e muitas reuniões.

Falando em reuniões, a Apple incluiu um arranjo triplo de microfones semelhante ao do MacBook Pro de 16 polegadas, que é acima da média e capta a voz com mais clareza, sendo superior a vários microfones integrados de fones de ouvido. A webcam também ganhou uma atualização e agora traz resolução Full HD e boa qualidade de imagem, contando com uma ajuda do processador de imagem do chip M1.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Tela sensacional e som que não decepciona

Se o design todo colorido é um fator emocional de compra, a tela Retina de 24 polegadas pode ser o motivo mais racional para alguém escolher o novo iMac. Eu sou um grande admirador de telas, um olhar que desenvolvi acompanhando a evolução de painéis nos celulares na última década, mas principalmente analisando TVs. É difícil encontrar um monitor que chegue perto dessa qualidade de imagem por menos de R$ 5 mil, ainda mais no Brasil, onde existe uma escassez de telas boas mesmo para quem pode pagar.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

O brilho, um dos principais fatores de diferenciação entre uma tela barata e uma cara, é muito forte no iMac de 24 polegadas, permitindo que você enxergue todo o conteúdo com uma clareza de dar água na boca em qualquer ambiente ou condição de iluminação. Somado ao preto profundo e uniforme, o resultado é um contraste que cai bem em qualquer trabalho. A tela ainda tem suporte ao perfil DCI-P3, com 1 bilhão de tons de cores; nem preciso dizer que os testes sintéticos correram todos como esperado, sem nenhum color banding ou defeito mínimo de imagem.

A resolução de 4480×2520 pixels gera uma definição de 218 pixels por polegada e é desconfortavelmente boa. Como o iMac de 24 polegadas é capaz de mostrar mais pixels que um vídeo 4K, eu fiquei um pouco incomodado enquanto assistia a qualquer conteúdo em tela cheia, porque os defeitos nas imagens ficavam gritantes. É muito mais fácil enxergar ruídos, problemas de textura e falta de nitidez nessa tela do que em uma TV 4K que, apesar de ser maior, fica mais longe dos olhos. Por outro lado, para trabalhar com edição de imagem, esse detalhe “negativo” é obviamente uma vantagem.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Para ser melhor, só se a tela fosse maior. O iMac de 27 polegadas com tela Retina 5K e chip Intel continua na linha de produtos da Apple, e estou curioso para ver o que a empresa pode fazer no sucessor dele. Talvez seja um bom intermediário entre a tela do modelo de 24 polegadas e o Pro Display XDR de 32 polegadas, mas custando menos que os R$ 45 mil do monitor profissional da marca.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Antes que eu deixe passar em branco: sim, o sistema de som de seis alto-falantes é ótimo, mas não faz milagres como o marketing da Apple pode dar a entender. Os graves emitidos pelos quatro woofers são mais profundos que em qualquer notebook do mercado, e os médios são claros, não distorcendo mesmo em volumes mais altos. É uma qualidade de áudio excelente e uma das melhores que eu já ouvi… para um sistema de som integrado. Quebra bem o galho para vários trabalhos, mas qualquer caixinha de R$ 500 toca melhor, até por questões físicas.

Magic Keyboard, Magic Mouse e Magic Trackpad

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Como a tela do iMac não é sensível ao toque, a melhor forma de usar o computador é com teclado e um dispositivo apontador. O Magic Mouse é padrão em todas as configurações; você pode trocá-lo por um Magic Trackpad por R$ 600 ou levar os dois acessórios por R$ 1.499. E a Apple fez questão de colocar uma escadinha de preços até no teclado: o Magic Keyboard padrão está incluso no iMac básico, mas as versões com leitor de impressões digitais Touch ID e uma com teclado numérico são mais caras.

Eu não uso mouse há anos e não foi dessa vez que consegui me adaptar ao Magic Mouse. Apesar de gostar dos gestos multitouch e da simplicidade no design, esse é um dispositivo que, para mim, não faz sentido nenhum do ponto de vista ergonômico. Não importa o jeito que eu pegue no mouse: ele nunca fica confortável na minha mão. Nem vou entrar na piadinha da localização da porta Lightning, que fica embaixo do mouse.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

O Magic Trackpad, por outro lado, está faz tempo no meu dia a dia. Eu tive a primeira versão movida a pilhas e comprei a segunda geração pouco tempo depois do lançamento, em 2015. O modelo incluso no iMac é idêntico, exceto pela cor, que acompanha o tom usado no computador. A área de toque é grande o suficiente para fazer gestos com os cinco dedos da mão, e tudo desliza com facilidade pela superfície de vidro. O Force Touch funciona bem e engana o cérebro para dar a sensação de clique físico: ninguém acredita que o trackpad na verdade não se move um milímetro sequer.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Já o Magic Keyboard tem como única novidade, no modelo testado, o leitor de impressões digitais. É a primeira vez que o Touch ID está em um teclado avulso da Apple, e é interessante saber que a biometria funciona com qualquer Mac com M1, o que pode ser útil para pessoas que usam um MacBook com monitor externo. Não há muitas surpresas aqui: o teclado é confortável e confiável, seguindo o tradicional padrão americano, sem botão dedicado para cedilha.

Desempenho: o M1 que já conhecemos

A performance do iMac é a mesma que você espera de qualquer outro Mac com Apple M1, com a diferença de que o desempenho se mantém por mais tempo graças ao sistema de resfriamento mais poderoso. O modelo que testei veio equipado com 16 GB de RAM, 512 GB de SSD e chip M1 com GPU de oito núcleos; essa configuração sai por R$ 26.598 no site da Apple.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Como esperado, o iMac não faz nenhum barulho de ventoinha no dia a dia. Só é possível ouvir algum ruído (bem baixinho) ao trabalhar em tarefas realmente pesadas, como renderização de vídeos e animações com uso intenso de CPU e GPU. Durante uma sessão mais intensa, trabalhando com Premiere e After Effects enquanto exportava uma animação por mais de meia hora, o computador ficou morninho na parte de baixo.

Eu já detalhei a eficiência incrível do M1 na análise do MacBook Pro e até fiz comparações com um Core i9 em tarefas como edição de imagem e renderização de vídeos em ProRes, então não vou me estender muito aqui: para mim, é recompensador estar acompanhando de perto um capítulo tão importante da história dos semicondutores. Mas mal posso esperar por uma versão mais poderosa desse chip.

iMac de 24 polegadas com M1 vale a pena?

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Falar que um produto da Apple está caro é chover no molhado: o modelo básico sai por R$ 17.599 e não seria minha recomendação, porque 8 GB de RAM e 256 GB de espaço dão pouca margem de vida útil futura. Sabendo que não é possível fazer upgrades de hardware depois da compra, eu indicaria partir direto para o modelo de 16 GB de memória e talvez 512 GB de espaço para não depender de drives externos se você lida com arquivos pesados. Essa configuração já pula para R$ 22.599.

Mas o interessante é que mesmo esse valor é menor que os R$ 24.249 cobrados pelo iMac de 27 polegadas de entrada, com Core i5, que perde feio em qualquer tarefa de renderização de vídeos, compilação de aplicativos ou edição de imagem. Por isso, a máquina ainda faz bastante sentido para quem quer uma tela boa para trabalhar: no final das contas, o preço do iMac de 24 polegadas é similar ao do MacBook Pro com M1, e você está basicamente trocando a portabilidade de um laptop por um monitor sensacional.

Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple iMac (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Eu gostei do capricho da Apple em vários detalhes. O desempenho e a tela são os pontos de destaque do novo iMac, que deixam qualquer concorrente para trás. Mas a empresa tomou cuidado com os alto-falantes, que impressionam se você lembrar do tamanho deles; melhorou até a webcam; e enfatizou as cores como nunca. Claro, existem poucas conexões físicas (menos do que eu considero necessário) e o preço no Brasil é altíssimo, mas nada disso foge do esperado porque, bom, estamos falando de Apple.

Para mim, o iMac de 24 polegadas é mais uma vitrine do M1 do que qualquer outra coisa. Com um chip mais eficiente, que tem exigências térmicas bem diferentes da era Intel, a Apple ganhou muita liberdade para brincar com formatos. E o novo desktop da empresa é aquele típico produto que só seria possível com uma evolução tecnológica dessas.

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Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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