EUA preparam sanções para combater resgates de ransomware com criptomoedas

Governo americano deverá começar a sancionar alvos específicos no mercado de criptomoedas para tentar frear seu uso em pagamentos de ransomware

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Golpes com criptomoedas crescem na Argentina (Imagem: Tumisu/Pixabay)

O governo dos Estados Unidos está preparando uma série de sanções para dificultar o uso de criptomoedas como o bitcoin (BTC) em crimes cibernéticos, mais especificamente em pagamentos de resgate de ransomware. Segundo a administração do presidente Joe Biden, as moedas digitais têm sido um meio que vem apoiando uma crescente indústria criminosa e que, por isso, podem ser uma ameaça à segurança nacional.

Sanções devem começar já na próxima semana

Conforme foi revelado pelo Wall Street Journal nesta sexta-feira (17), o Departamento do Tesouro americano planeja impor as sanções já na próxima semana, disseram fontes familiarizadas com o assunto. Além disso, as autoridades também deverão emitir novas orientações para as empresas sobre os riscos associados à facilitação de pagamentos de ransomware, incluindo aplicação de multas e outras penalidades.

Até o final de 2021, novas regras de combate à lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo também vão incluir as criptomoedas, buscando limitar seu uso como mecanismo de pagamento usado por criminosos, principalmente em ataques de ransomware. Até o momento, trata-se da iniciativa mais significativa já tomada pelo governo americano contra o uso de moedas digitais em prol da segurança cibernética nacional.

Ao Wall Street Journal, algumas fontes relatarem que o governo americano vê os ataques de ransomware como uma “séria ameaça” à infraestrutura do país, principalmente quando criminosos atacam operadoras de energia, hospitais e bancos, por exemplo.

Medidas não devem afetar todo o setor

Contudo, nem as fontes ouvidas pelo veículo e nem o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos comentaram sobre os alvos das sanções que serão aplicadas. Contudo, espera-se que as autoridades americanas interrompam de alguma forma o fluxo de transações de criptomoedas voltado para atividades criminosas.

Para isso, seria necessário identificar as carteiras digitais que recebem as transações de resgate, as plataformas que ajudam a converter os pagamentos e ocultar os rastros no blockchain e muitas outras ações difíceis de ser aplicadas.

Contudo, as sanções deverão selecionar alvos específicos, em vez de atingir toda o mercado de criptomoedas e estrutura onde as transações de ransomware são suspeitas de ocorrer.

Ransomware chama a atenção para criptomoedas

Criptomoedas (imagem:WorldSpectrum/Pixabay)
Criptomoedas (Imagem: WorldSpectrum/Pixabay)

O governo americano vem tentando combater o problema principalmente depois de ataques grandiosos que ocorreram nos últimos meses, todos relacionados a grupos criminosos que possivelmente estão sediados na Rússia.

Em uma dessas invasões à Colonial Pipeline, os criminosos travaram o sistema da empresa e levaram ao fechamento de um importante oleoduto de combustível dos Estados Unidos. Além disso, as demandas de pagamento dos hackers têm crescido cada vez mais e agora rotineiramente podem chegar à casa de dezenas de milhões de dólares.

Para ajudar a tornar esse setor mais seguro, legisladores e reguladores estão elaborando novas regras, incluindo novos requisitos declaratórios ao Departamento do Tesouro para transações internacionais de criptomoedas. Essas diretrizes têm como objetivo aumentar a transparência, o que alguns funcionários de segurança argumentam que impedirá transações de indivíduos que desejam que suas atividades ilícitas permaneçam ocultas.

O Tesouro americano e outras agências nacionais também têm aplicado penalidades e sanções contra indivíduos e empresas que acabaram facilitando, deliberadamente ou não, o financiamento ilícito com moedas digitais.

Com informações: Wall Street Journal

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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