Minha primeira coluna no TB, muitos bytes atrás, era sobre o fim do e-mail. Desculpas não faltavam para os radicais que decidiram abolir o e-mail de suas vidas: muito spam, gente que não sabe usar, inbox lotado, correntes, PPTs de gatinhos 😀 etc. Recentemente, o Facebook veio à público anunciar uma ferramenta “revolucionária” – o social inbox – e os partidários do fim do e-mail tornaram a fazer barulho.

Em princípio, parece ser uma ideia interessante: imagine um único lugar onde você possa centralizar todos os seus serviços de comunicação (e-mail, redes sociais, messengers, SMS. Além de um agregador para consultar tudo o que envolve seu contato com o resto do mundo, ele faria diferentes protocolos se relacionarem. Por exemplo, daria para responder um recado do Facebook ou um tweet através de um SMS.

Vida longa!

Parece prático, mas no meu entendimento, esse sistema está fadado ao fracasso. Visto que cada protocolo foi feito para funcionar de um jeito, obrigá-los a funcionar da mesma maneira não dá certo. As pessoas também os usam de formas diferentes.

Você manda um SMS para alguém quando precisa mandar um recado curto e importante para alguém que, você sabe, pode não estar conectado naquele momento. Ou acha que ele pode estar ocupado e um telefonema seria inoportuno.

Já um documento importante de trabalho, você manda anexado pelo e-mail da empresa, que é mais seguro, pois usa servidores próprios. O e-mail também é a maneira mais formal de conversar com seu chefe.

Redes sociais – Facebook, Orkut, LinkedIn etc. – são usadas para fins pessoais, tendendo para o recreativo e o informativo. Troca de notícias, convites para eventos, compartilhamento de multimídia, papo entre amigos.

E o messenger é a melhor maneira de resolver rapidamente questões simples, pois é mais rápido que o e-mail e funciona como uma conversação. Exige que ambos os lados estejam conectados.

O vovô e-mail

É natural que num ecossistema dinâmico como a web surjam diariamente novas formas de se comunicar. Mesmo assim, o e-mail velho de guerra continuará imbatível pelos seguintes motivos:

  1. É simples. Não é preciso explicar a ninguém para que serve e como funciona.
  2. É universal. O que faz uma pessoa quando entra na internet pela primeira vez na vida? Cria um perfil no Orkut? Não, não, pois até para isso é preciso uma conta de e-mail.
  3. É seguro, particular e controlável. Se você quiser, em vez de um webmail gratuito, pode optar por ter uma conta com seu próprio domínio, hospedada em seu próprio servidor. E sem robôs bisbilhotando seu conteúdo para mandar propaganda. Se quiser, pode também ter um e-mail móvel seguro num BlackBerry, evitando bisbilhoteiros de carne e osso.
  4. É eterno. Você pode manter todos os seus e-mails no mesmo lugar enquanto estiverem no servidor. Ou então, baixá-los em sua máquina e fazer backup num dispositivo externo offline.
  5. É móvel. Não precisa mais de computador. De dentro do seu bolso, você faz tudo o que faria em casa ou no trabalho.
  6. Tem amparo legal. Podem ser assinados digitalmente, dispensando a assinatura de próprio punho. Ajudam a fugir da burocracia.

Claro que o e-mail não é perfeito, mas eu ainda não conheço melhor ferramenta de comunicação desde os tempos não eletrônicos. E vocês?

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Bia Kunze

Bia Kunze

Ex-colunista

Bia Kunze é consultora e palestrante em tecnologia móvel e novas mídias. Foi colunista no Tecnoblog entre 2009 e 2013, escrevendo sobre temas relacionados a sua área de conhecimento como smartphones e internet. Ela também criou o blog Garota Sem Fio e o podcast PodSemFio. O programa foi um dos vencedores do concurso The Best Of The Blogs, da empresa alemã Deutsche Welle, em 2006.

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