Oi ganha aval do Cade para venda de empresa de fibra por R$ 12,9 bilhões

Companhia neutra V.tal é a InfraCo da Oi e manterá rede de fibra óptica em todo o Brasil; BTG Pactual comprou controle e é o principal acionista

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Rodrigo Abreu, CEO da Oi, e Pedro Arakawa, CCO da V.tal

Além de vender o braço de telefonia para Claro, TIM e Vivo, a Oi também se desfez de parte da V.tal, unidade de negócios que ficou responsável pela infraestrutura de fibra óptica. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou o negócio do fundo do banco BTG Pactual, que pagou R$ 12,9 bilhões por 57,9% da empresa anteriormente conhecida como InfraCo.

O Cade aprovou o negócio sem restrições. A superintendência geral de competição do órgão concluiu que a compra da V.tal pelo fundo do BTG Pactual “não levanta maiores preocupações em termos concorrenciais” e que a operação “apresenta aspectos que favorecem a desverticalização do mercado de telecomunicações”.

Por se tratar de uma rede neutra, a infraestrutura da V.tal poderá ser alugada por outras empresas, operadoras e provedores. Isso foi levado em conta pelo Cade, que concluiu que o negócio permite a abertura de novas alternativas concorrenciais no mercado de telecomunicações.

Além da compra por parte do fundo do BTG Pactual, a operação também inclui a incorporação da Globenet, empresa de cabos ópticos submarinos que já era de propriedade do banco.

V.tal tem mais de 400 mil km de fibra óptica

Os ativos da V.tal são muito valiosos: a empresa passou a ser dona de toda a rede de fibra óptica da Oi. Além da infraestrutura que atende residências (FTTH), a companhia neutra também detém mais de 400 mil km de cabos que ligam mais de 2 mil municípios brasileiros.

A V.tal terá a Oi como cliente-âncora, uma vez que a operadora continuará com a prestação de serviços para pessoas físicas e empresas. A grande diferença é que outras empresas também poderão utilizar a mesma infraestrutura.

O modelo de negócios é interessante, uma vez que a capacidade ociosa da rede pode ser usada por outras empresas. Para essas empresas também costuma ser vantajoso, uma vez que elas podem criar sua própria operadoras de banda larga sem investir em rede própria.

Em seu planejamento estratégico, a V.tal anunciou que quer atender 32 milhões de domicílios de 2.300 cidades no padrão FTTH, onde a fibra vai até a casa do cliente. Se isso for concretizado, a rede será maior que a da Vivo, que atualmente possui capacidade para atender 17,3 milhões de residências.

Vivo e TIM investem em empresas de fibra óptica

A Oi não é a única operadora a investir em redes de fibra óptica compartilhadas:

  • A Vivo criou a FiBrasil em conjunto com um fundo canadense. A rede neutra deve atingir 5,5 milhões de lares em quatro anos, e a cobertura se concentrará em cidades médias fora do estado de São Paulo.
  • A TIM firmou um acordo com a IHS Brasil para a criação de um veículo de aberto de fibra óptica. O negócio foi de R$ 2,6 bilhões por 51% da companhia, que será responsável por toda a cobertura atual da TIM Live com tecnologia FTTH e xDSL. Com a expansão, a rede aberta deve atingir 8,9 milhões de domicílios até 2024.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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