PL da privatização dos Correios pode ser barrado em comissão do Senado

Falta de apoio do governo em mobilizar base para votar privatização dos Correios é motivo de reclamação; votação da proposta é adiada

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Agência dos Correios
Correios: PL de privatização corre risco de ser barrado em comissão do Senado (Imagem: Correios/ Divulgação)

O PL de privatização dos Correios corre risco de ser barrado na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal, onde atualmente tramita após a aprovação pela Câmara dos Deputados, em agosto. O governo por enquanto tem enfrentado dificuldades para articular acordos visando a aprovação a proposta. A votação estava marcada para esta terça-feira (9), mas foi adiada por uma mudança no relatório da medida.

Votação do PL dos Correios é adiada no Senado

A CAE iria votar o projeto de privatização dos Correios na manhã de hoje. Mas uma mudança no relatório da proposta, feita pelo relator do PL e senador governista Marcio Bittar (MDB-AC), fez com que a votação fosse adiada.

Bittar fez alterações no trecho do projeto que prevê o fechamento de agências dos Correios que atendem municípios com menos de 15 mil habitantes em áreas da Amazônia Legal. O emedebista, que é favorável ao projeto e conta com apoio da base governista no Senado, atendeu ao pedido de políticos da oposição.

O relator propôs uma emenda para que fique vedado o fechamento de agências dos Correios que atendam pequenos municípios no Amazonas. A medida tem vigor por 5 anos após a desestatização da empresa

Devido à alteração no projeto e a um acordo com a oposição no Senado, o senador Otto Alencar (PSD-BA), presidente da CAE, adiou a votação do PL dos Correios. A bancada governista temia ser derrotada por falta de votos favoráveis. De acordo com o Poder360, apenas o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), declarou que votaria para aprovar a matéria.

A CAE tem 27 senadores titulares que participam da aprovação do PL de privatização dos Correios. Desses parlamentares, 10 são contrários ao projeto — entre eles estão inclusive os senadores Marcos Rogério (DEM-GO) e Omar Aziz (PSD-AM), que divergiram em diversas ocasiões durante a CPI da COVID.

Governistas reclamam de falta de apoio do governo

Algumas bancadas não estão em consenso sobre a votação do projeto. É o caso dos titulares do Podemos na CAE.

O senador Orivisto Guimarães (Podemos-PR) disse ao Poder360 que a privatização dos Correios veio em boa hora: “todos os cuidados estão sendo tomados com relação aos atuais funcionários, e igualmente sobre a parte dos Correios que já é privatizada“, disse o parlamentar. Já seus colegas de partido divergem: Lasier Martins (Podemos-RS) não definiu o voto, enquanto Flávio Arns (Podemos-PR) confirmou voto contrário ao PL.

Senadores da base governista criticaram o governo Bolsonaro pela falta de articulação na comissão para mobilizar congressistas em favor da aprovação do PL. Com o adiamento, o novo relatório de privatização dos Correios deve ser lido na semana que vem.

“Ninguém está tranquilo para votar”, diz oposição

Mesmo que o relatório do PL dos Correios seja derrotado, o governo terá dois dias úteis para levar o projeto ao plenário do Senado para análise.

A oposição vem tentando barrar o PL na comissão do Senado. Na sessão da manhã de hoje, o senador Paulo Paim (PT-RS) disse que a votação do PL de privatização dos Correios é delicada:

“Tenho falado com muitos senadores. Ninguém está tranquilo para votar essa matéria. Veja: nós já estamos com dois votos em separado. Ninguém sabe ainda claramente onde nós estamos pisando. Concordo com o adiamento. Por que não ouvir os dois lados?”

Por enquanto, há dois votos antecipados sobre a privatização dos Correios: o dos senadores Rogério Carvalho (PT-SE), que votou contra, e Eduardo Braga (MDB-AM), que foi a favor do PL.

Com informações: Poder360

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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