Provedor do RJ que pagava traficantes por monopólio é alvo da polícia

Operação deflagrada pela Polícia Civil mira provedor de internet, TV a cabo e telefonia que pagava traficantes para ter exclusividade em comunidades

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Um monte de cabos de telecomunicações pendurados num poste de energia

A Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpriu nove mandados de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (18) contra uma quadrilha formada por uma empresa que recorria a traficantes para fornecer internet de modo exclusivo a bairros fluminenses. Segundo as investigações, o provedor de rede, TV a cabo e telefonia pagava semanalmente para que os criminosos expulsassem técnicos da concorrência, além de queimar e vandalizar cabos.

Operação “Tráfico.com” cumpre 9 mandados de busca

Policiais civis da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) fizeram parte da operação Tráfico.com, deflagrada pela Polícia Civil do Rio na manhã de hoje. Os nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços na Ilha do Governador, zona norte do Rio.

Contudo, a investigação aponta que a quadrilha atuava não só em Dendê (Ilha do Governador) como também em diversos bairros do estado: no Morro dos Macacos (Rio de Janeiro), em Jacaré (Niterói), e em Manoel Correa e Jardim Nautilus (Cabo Frio, região dos Três Lagos).

Segundo a Polícia Civil do Rio, a empresa associada ao tráfico atende a mais de 20 mil clientes nessas regiões. A estimativa é de que o provedor tenha um faturamento bruto mensal de mais de R$ 1 milhão.

A DDSD aponta que o provedor pagava valores semanais a lideranças do tráfico nesses bairros para que concorrentes fossem impedidos de oferecer seu serviços. Com isso, a empresa acabou criando um monopólio.

Traficantes expulsavam técnicos e danificavam cabos

Para cumprir sua parte do acordo, os traficantes expulsavam técnicos de outros provedores que tentavam instalar redes que não fossem da empresa associada ao tráfico. Segundo relatos de funcionários de operadoras de telefonia, os criminosos faziam ameaças com armas de fogo.

Traficantes também queimavam e vandalizavam instalações dos outros provedores. Após destruírem os cabos, os criminosos impediam técnicos de repararem os danos.

Em comunicado, a Polícia Civil afirma que a ação deflagrada na manhã de hoje visa obter novas provas “que possibilitem a identificação de todos os envolvidos na organização criminosa investigada, bem como levantar elementos que apontem para o envolvimento da empresa com traficantes ou milicianos de outras comunidades”.

Oi relatou problemas no RJ devido às milícias

Não é a primeira vez que o crime organizado impede provedores de internet de atuarem livremente em comunidades cariocas.

Em setembro, Alexander Castro, gerente de relações institucionais da Oi, afirmou que a empresa encontra dificuldades para expandir sua rede de fibra óptica em pontos do Rio de Janeiro controlados por milícias.

Como contou Castro, a Oi tinha problemas técnicos para instalar e consertar pontos de rede em 105 comunidades fluminenses até setembro de 2021. Em 2019, eram apenas 25 locais onde as equipes de técnicos eram impedidas de atuar devido ao crime organizado.

Com informações: Polícia Civil

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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