O que são finanças descentralizadas [DeFi]

DeFi é um termo amplo que representa aplicações de contratos inteligentes e blockchain para automatizar as finanças: saiba o que são finanças descentralizadas

Bruno Ignacio
Por
• Atualizado há 7 meses
Definição de finanças descentralizadas, ou DeFi (Imagem: Tecnoblog)

Conforme as criptomoedas e a tecnologia blockchain se tornam cada vez mais presentes em diversos setores do mercado, muito se fala em finanças descentralizadas, ou DeFi. Esse é um termo abrangente e que representa uma variedade de aplicações e projetos envolvendo a contratos inteligentes e blockchain. Complexo? Não se preocupe, vamos explicar mais detalhadamente o que é DeFi neste texto.

Finanças descentralizadas é um termo abrangente que contempla uma variedade de aplicações e projetos no espaço aberto do blockchain sem ter uma autoridade central de governança. Essencialmente, esse uso da tecnologia alfineta o mundo das finanças tradicionais em múltiplos aspectos, aprimorando a movimentação digital do dinheiro e criando ferramentas totalmente inéditas.

Antes de nos aprofundarmos nisso, precisamos falar um pouco sobre as criptomoedas e o que elas representam para o sistema financeiro. Em 2009, o bitcoin (BTC) foi criado como a primeira moeda digital do mundo. O intuito inicial do projeto era formar um sistema global de pagamento e de transferência de dinheiro. No entanto, a instabilidade de preços se tornou um sério obstáculo que dificultou o uso prático da criptomoeda.

Mesmo assim, a base da tecnologia do bitcoin, o blockchain, seguiu sendo estudado e aplicado nos mais diversos projetos para se tornar o pilar da digitalização das finanças globais. Daí temos o surgimento das finanças descentralizadas, termo mais conhecido por sua abreviação DeFi.

Representação de rede blockchain a partir de uma roda de computadores conectados
Rede blockchain é sustendada polo processamento de múltiplos computadores em todo o mundo (Imagem: Tumisu/Pixabay)

Há também alguns ideais por trás desse nome. As finanças descentralizadas querem, literalmente, descentralizar o atual sistema econômico, automatizando muitos processos ao tirar a governança das mãos de poucas instituições poderosas. Essa é a chamada “autogovernança”, apoiada por comunidades, fundações e institutos que garantem sua manutenção quando necessário.

Na prática, DeFi é muitas coisas, como aplicativos financeiros construídos dentro de redes blockchain, normalmente viabilizados pelos chamados “smart contracts”. Esses contratos inteligentes são acordos automatizados ​​que não precisam de intermediários para serem executados e que podem ser acessados ​​por qualquer pessoa com uma conexão à Internet.

Essa tecnologia é aplicada em aplicativos descentralizados, plataformas ou outros softwares que usam protocolos ponto a ponto e desenvolvidos em blockchain para, por exemplo, facilitar o empréstimo de dinheiro ou a negociação de moedas digitais e tradicionais.

A maioria dos aplicativos DeFi são construídos dentro da rede Ethereum, mas muitas redes públicas alternativas estão surgindo, oferecendo velocidade superior, escalabilidade e segurança, tudo com custos mais baixos.

Como o DeFi começou?

O DeFi foi desenvolvido a partir da ideia de criar um sistema financeiro aberto a todos e que minimiza a necessidade de confiar e contar com uma autoridade central. Argumenta-se que as finanças descentralizadas começaram ainda em 2009, com o lançamento do bitcoin. Por meio da primeira criptomoeda, a ideia de introduzir a transformação no mundo financeiro tradicional usando o blockchain se tornou um passo essencial na descentralização dos sistemas financeiros.

O lançamento da rede Ethereum e, mais especificamente, dos contratos inteligentes em 2015 foi o que tornou tudo isso verdadeiramente possível. Essa rede blockchain maximizou o potencial dessa tecnologia no setor financeiro. Ela encorajou o mercado e as empresas a construírem e implantarem projetos que formariam eventualmente o ecossistema DeFi.

Moeda dourada representando o blockchain Ethereum e criptomoeda ether
Ethereum é o blockchain favorito para se criar contratos inteligentes (Imagem: Executium/ Unsplash)

Desde então, uma infinidade de oportunidades surgiram para criar um sistema financeiro transparente e robusto que nenhuma entidade isolada controla. Mas o verdadeiro marco para as aplicações financeiras descentralizadas foi em 2017, com projetos que viabilizaram ainda mais funcionalidades além da simples transferência de dinheiro.

Para que servem as finanças descentralizadas?

Já existem plataformas que podem fazer coisas difíceis de imaginar no mundo das finanças tradicionais, tudo automatizado, descentralizado e sem o envolvimento direto de bancos. Alguns exemplos são:

  • Empréstimos de criptomoedas
  • Emprestar criptoativos (com recebimento de juros)
  • Hipotecas
  • Investimento programáveis

No entanto, é importante dizer que essa tecnologia, assim como qualquer outra, tem falhas e precisa ser aprimorada ao longo dos anos. Uma das maiores críticas às finanças descentralizadas é como criminosos tiram proveito dela. Já existem muitos casos em que hackers conseguiram se aproveitar de alguma falha em contratos inteligentes para roubar criptomoedas, por exemplo.

Esse foi o caso da Poly Network, plataforma que foi invadida em agosto de 2021. Na ocasião, um hacker roubou US$ 600 milhões em diversas criptomoedas ao se aproveitar de uma brecha em um contrato inteligente da rede descentralizada.

Dito isso, o ecossistema DeFi está gradualmente alcançando o sistema financeiro tradicional e, apesar dos obstáculos, o mundo das finanças descentralizadas segue caminhando para o futuro. Eventualmente, espera-se que esse recurso “alternativo” nas finanças se torne dominante.

Com informações: CoinDesk

Esse conteúdo foi útil?
😄 Sim🙁 Não

Receba mais sobre DeFi na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

Relacionados