IPS, VA ou TN: entenda as diferenças entre painéis LCD

Comparativo explica o que muda entre as tecnologias In-Plane Switching, Alinhamento Vertical e Twisted Nematic, utilizadas em painéis de telas LCD

Paulo Higa Ana Marques
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• Atualizado há 6 meses
IPS, TN ou VA: conheça as diferenças entre painéis LCD (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
IPS, TN ou VA: conheça as diferenças entre painéis LCD (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

IPS, VA e TN são tipos de painéis LCD usados em TVs, monitores e celulares. Cada uma dessas tecnologias possui características únicas que podem afetar diretamente quesitos como cores, ângulo de visão e tempo de resposta. Veja o comparativo a seguir para saber qual é o melhor para o seu perfil de uso.

Entendendo as siglas

Telas LCD têm uma camada de cristais líquidos em sua estrutura. O modo como esses cristais são alinhados para permitir a passagem de luz implica nas seguintes definições:

  • TN (Twisted Nematic): os cristais líquidos são dispostos em uma estrutura torcida. Eles giram rapidamente em 90º para bloquear a luz de fundo (backlight) quando uma carga elétrica é aplicada, o que resulta em menores tempos de resposta;
  • VA (Alinhamento Vertical): os cristais líquidos são dispostos perpendicularmente ao substrato, ou seja, em uma direção vertical. Quando uma carga elétrica é aplicada, eles se inclinam horizontalmente e permitem a passagem do backlight;
  • IPS (In-Plane Switching): os cristais líquidos são alinhados paralelamente ao substrato. Eles giram no mesmo plano quando uma corrente elétrica é aplicada e permitem que a luz passe diretamente, resultando em amplos ângulos de visão.

Comparando as tecnologias

CaracterísticaTN LCDVA LCDIPS LCD
Ângulo de visãoPiorBomMelhor
CoresPiorBomMelhor
BrilhoPiorMelhorMelhor
ContrastePiorMelhorBom
Tempo de respostaMelhorPiorBom
PreçoMais baratoMédio a mais caroMais caro

Ângulo de visão

O IPS tem ângulo de visão melhor que VA e TN porque sua estrutura de cristais líquidos alinhados horizontalmente permite que a luz de fundo passe mais facilmente através do painel. Isso evita distorção nas cores quando a tela é visualizada em ângulos variados, o que a torna mais adequada para profissionais.

As fabricantes têm implantado filtros que aumentam o ângulo de visão dos painéis VA, como o Samsung Ultra Viewing Angle e o Sony X-Wide Angle. Eles aparecem em TVs mais caras e possibilitam resultados mais próximos do IPS, mas pioram o contraste em relação a um painel VA sem filtro.

Cores

Os painéis IPS têm a melhor reprodução de cores e são os mais utilizados em monitores voltados para editores de vídeo e fotógrafos.

É comum encontrar telas IPS com profundidade de cores de 10 bits, ou seja, que são capazes de exibir até 1.024 tons de vermelho, verde ou azul (RGB), totalizando 1,07 bilhão de cores. Também há painéis VA de 10 bits, mas a especificação mais comum é de 8 bits, o que permite reproduzir teoricamente até 16,7 milhões de cores.

Vale lembrar que as fabricantes podem usar diferentes técnicas para melhorar a reprodução das cores de um display LCD. Pontos quânticos emitem luz de maneira mais precisa e são encontradas em TVs e monitores QLED. Já nanopartículas no NanoCell e Nano IPS podem filtrar tons opacos, fazendo o LCD exibir cores mais puras.

Apple Pro Display XDR, um monitor com painel IPS e profundidade de cor de 10 bits (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Apple Pro Display XDR, um monitor com painel IPS e profundidade de cor de 10 bits (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Brilho

Normalmente, as telas IPS e VA atingem maiores níveis de brilho. A intensidade do branco em um LCD não depende tanto do arranjo dos pixels, mas da potência do backlight. As fabricantes não colocam luzes de fundo melhores em equipamentos com painéis TN porque eles têm qualidade de imagem naturalmente inferior.

O backlight em um monitor ou TV LCD será formado por LEDs ou, em modelos mais caros, MiniLEDs. Os MiniLEDs ocupam um espaço menor e são instalados em maior quantidade que os LEDs, logo, permitem brilhos mais fortes e podem ser uma vantagem em ambientes muito iluminados, já que reduzem os reflexos na tela.

Uma tela com maior pico de brilho também obtém melhores resultados em exibição de conteúdos com HDR, já que pode reproduzir áreas brilhantes de uma imagem com maior clareza.

Um painel miniLED ilumina pontos específicos, de acordo com a cena (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Um painel miniLED ilumina pontos específicos, de acordo com a cena (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Contraste

As telas VA oferecem o melhor contraste em um painel LCD porque seus cristais líquidos alinhados verticalmente bloqueiam a passagem do backlight de maneira mais eficiente que outras tecnologias. Com isso, os níveis de preto ficam mais profundos.

Além disso, o VA não é suscetível ao IPS Glow, um problema que pode afetar painéis IPS e exibe manchas esbranquiçadas quando uma imagem escura é vista em determinados ângulos.

O contraste do LCD melhora com um local dimming mais preciso. Essa técnica escurece ou desliga os LEDs do backlight em uma área específica da tela para exibir um preto mais próximo do preto verdadeiro das telas OLED e MicroLED. Por isso, uma tela IPS com MiniLED pode ter contraste melhor que uma tela VA com LED.

Dell UltraSharp UP3221Q, um monitor IPS com backlight de MiniLED (Imagem: Reprodução/Dell)
Dell UltraSharp UP3221Q, um monitor IPS com backlight de MiniLED (Imagem: Reprodução/Dell)

Tempo de resposta

TN é o tipo de painel LCD com os melhores tempos de resposta porque sua estrutura torcida de cristais líquidos se movimenta mais rapidamente que em outros arranjos. Por isso, o TN ainda é encontrado em monitores voltados para o público gamer, que prioriza uma tela mais rápida em detrimento da qualidade de imagem.

A técnica de overdrive pode melhorar os tempos de resposta dos pixels por meio do aumento da tensão elétrica. Ela está presente em monitores IPS e VA com altas taxas de atualização, próprios para jogos FPS. No entanto, telas VA são mais suscetíveis a artefatos, como rastros em objetos em movimento, quando o overdrive é mais agressivo.

Asus ROG Switch: monitor gamer LCD com painel TN atinge taxa de atualização de 500 Hz (Imagem: Divulgação/Asus)
Asus ROG Switch: monitor gamer LCD com painel TN atinge taxa de atualização de 500 Hz (Imagem: Divulgação/Asus)

IPS, TN ou VA: qual escolher?

IPS e VA são os melhores tipos de painéis LCD, e a escolha dependerá das suas necessidades.

O IPS será a melhor opção para edição de imagens e outras aplicações profissionais porque oferece maior precisão de cores. Além disso, o IPS tem o maior ângulo de visão, o que evita distorção nos tons das imagens quando você não estiver exatamente de frente para a tela. Esse é o tipo de painel usado no Apple Pro Display XDR, nos monitores Dell UltraSharp e na maioria das telas da LG.

Quando é mais barato que o IPS, o VA oferece um custo-benefício melhor para tarefas básicas, como reprodução de vídeos, já que tende a exibir pretos mais profundos, o que aumenta o contraste. A Samsung costuma usar o VA em seus televisores e monitores LCD, inclusive em modelos gamers da linha Odyssey.

O TN é uma escolha adequada para jogos competitivos, já que permite tempos de resposta mais rápidos a um custo menor. Porém, é uma tecnologia mais antiga, com ângulo de visão limitado e contraste ruim, o que resulta em pretos mais acinzentados. Logo, só faz sentido quando a taxa de atualização for o fator mais importante de decisão de compra.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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