Jogos que todos odeiam, mas você secretamente ama

Izzy Nobre
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• Atualizado há 9 meses

Os gringos têm uma expressão idiomática do qual o nosso português muito carece: guilty pleasure. Traduzido livremente como “prazer culpado”, a expressão se refere à embaraçosa apreciação por aquilo que o senso comum taxa como desprezível (às vezes não necessariamente tão terrível, mas ainda assim considerado universalmente indigno de ser consumido).

Existem filmes que se enquadram nessa categoria (A Reconquista, Spice World ou Batman e Robin, por exemplo), livros (sou culpado de apreciar Dan Brown muito mais do que eu deveria admitir em público) e música. Aliás, perdoem-me a redundância, mas no quesito “música” serei obrigado a citar as Spice Girls de novo. É um pavor plugar o celular no carro, apertar Shuffle, e dentre as mais de 2.000 canções na minha coleção, o celular tocar justamente “Spice Up Your Life“, para escárnio dos outros passageiros. Tudo porque um dia você acordou nostálgico pelos anos 90 e baixou uma unica música do grupo…

Os games, como qualquer outra forma de mídia, também acabam tendo alguns exemplos de “prazeres culpados”. Aqui estão os meus.

Enter The Matrix

(2003 — Xbox, PS2, GameCube e PC)

Sou um grande fã da saga Matrix — o que, considerando o segundo e terceiro filmes da série, é por si só um prazer culpado —, e recebi a notícia do lançamento do jogo oficial com muita antecipação. Na época eu nem tinha console (ou PC robusto o bastante) para rodar o jogo; a solução foi ir a lan houses para jogá-lo por alguns minutos antes que o resto dos amigos chegassem para jogarmos CounterStrike.

Mesmo naquelas curtas sessões, deu para entender o motivo do jogo receber notas tão baixas em reviews. O plano era lançar o jogo junto com Matrix Reloaded; esse tipo de pressa para manter prazos de lançamento de game coincidindo com o respectivo filme resulta sempre no mesmo tipo de jogo.

Enter The Matrix é muito curto, tem gráficos péssimos, é repetitivo, a geometria dos mapas é bem preguiçosa (muitos deles são tão vazios que você pensa que o modelador 3D tirou uma semana de folga)… Ainda assim, eu zerei o jogo três vezes.

“Enter The Matrix” acompanhava o lançamento de “Matrix Reloaded”, em 2002

Para os fãs da série, o combate do jogo simula com exatidão a ação do filme, e as cutscenes foram filmadas com atores envolvidos nos três filmes, dando todo um ar de autenticidade à história e expandindo o universo visto nos cinemas. Entretanto, é um jogo extremamente medíocre.

Foi só mencionar no Twitter que eu ia jogá-lo novamente, que em segundos vieram os comentários críticos em relação ao meu aparente mau gosto (com vários leitores dizendo que 3 dólares é ainda um preço caro pelo jogo). A propósito, eu comprei esse jogo em 2005. Dois anos após o lançamento ele já tava mais barato que um lanche no McDonalds.

The Lion King

(1994 — SNES, NES, Game Boy, PC, Sega Mega Drive, Amiga, Master System e Game Gear)

Calma, calma! Eu sei o que você está pensando: “Como assim, Rei Leão é um prazer culpado?! O jogo tirou 8 na Electronic Gaming Monthly na época, e vendeu o mesmo número de cópias que Ranbow Six Vegas e Sonic Adventure nos EUA!”

Lembre-se do que eu falei no começo: um guilty pleasure não é necessariamente ruim. É apenas algo que os seus semelhantes julgam indigno, dependendo de alguns contextos específicos. E no meu caso, era a questão de que eu era o único homem da locadora do bairro que alugava essa fita.

“The Lion King” para Super Nintendo: vergonha.

Não importa que o filme seja celebrado universalmente e que o game fosse um excelente jogo de plataforma. Quando a turma chegava para disputar um International Superstar Soccer ou Mortal Kombat 3 e me via pulando para lá e para cá com o Simba, não era só o meu bom gosto que era questionado.

Cooking Mama

(2006 — Nintendo DS, Wii e iOS)

Caso você não conheça o game, basta postar um único screenshot do gameplay do jogo.

Bom apetite!

Exato. Cooking Mama é um simulador de cozinha (!). Sem querer soar machista, vocês devem imaginar o que se diz de um homem que joga um simulador de cozinha, ?

E vocês? Que jogo você prefere apreciar com o seu console desconectado da internet, para não anunciar para sua lista de amigos?

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Izzy Nobre

Izzy Nobre

Ex-autor

Israel Nobre trabalhou no Tecnoblog entre 2009 e 2013, na cobertura de jogos, gadgets e demais temas com o time de autores. Tem passagens por outros veículos, mas é conhecido pelo seu canal "Izzy Nobre" no YouTube, criado em 2006 e no qual aborda diversos temas, dentre eles tecnologia, até hoje.

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