As piores capas de games de todos os tempos

Ou: o Megaman mais torto que você já viu!

Izzy Nobre
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• Atualizado há 1 ano

Quando éramos garotos, não havia o fácil acesso à internet que temos hoje. Consequentemente, não existia um livre acesso de informações a respeito de jogos. Deve ter sido uma época boa pra produzir jogos medíocres; quando os depoimentos de boca em boca atingissem massa crítica, o jogo já tinha vendido um número consideravelmente satisfatório que jamais teria sido atingido se tivéssemos acesso a resenhas.

E por isso, só havia naquela época dois veículos para descoberta de bons jogos: as revistas especializadas, que traziam resenhas com imagens dos jogos, e as caixas dos jogos em si.

Lembra a primeira vez que você viu esta caixa?

Uma boa boxart (este é o termo gringo pra arte da embalagem dos jogos) sintetiza tudo que você precisa saber sobre o jogo. Veja o exemplo da “fita” de Super Mario Kart.

Antes de mais nada: sei que “fita” é um termo tecnicamente incorreto, já que não há nenhuma fita dentro de um cartucho de SNES. Meu pai, que trabalha com informática e eletrônica, era um dos muitos chatos que corrigiam avidamente aqueles que chamavam jogos de “fitas“. Trata-se de um hábito da geração VHS e, assim como as pronúncias erradas dos nomes de jogos (“Crono Tráiguer” vem à mente), é o tipo de erro técnico que se tornou uma charmosa tradição daquele período.

Mas voltemos ao Mario Kart. A caixa tem todos os elementos essenciais do jogo: a trupe do Mario correndo em karts num cenário que remete à iconografia clássica do personagem (note a nuvem e as montanhas ao fundo, o casco vermelho de tartaruga e as moedinhas). Mesmo sem saber o nome do jogo, a imagem deixa claro do que se trata. É um jogo de corrida com a temática do personagem mais famoso da Nintendo.

A caixa de Mario Kart é um dos melhores exemplos de conceito de gameplay perfeitamente sintetizado em uma só imagem com a função de convencer um hipotético gamer a comprar o game. Já alguns jogos têm uma boxart tão ruim que não dá pra imaginar o que o departamento de marketing estava pensando quando imprimiu as caixas.

Phalanx (1991 — SNES)

A Kemco aparentemente decidiu que a melhor forma de ilustrar o seu novo shoot ‘em up (gênero mais popularmente conhecido como “jogo de navinha”) era com a imagem de um velhinho sentado numa cadeira e tocando um banjo. Não fosse pela pequena nave espacial voando no canto superior direito, seria absolultamente impossível adivinhar de que se tratava o jogo.

Karnaaj Rally (2002 — GBA)

Karnaaj Rally (pronunciado como carnage, o termo em inglês para carnificina ou destruição) era um jogo de corrida visualmente similar a Death Rally, Rock and Roll Racing ou Micro Machines.  A ênfase do jogo era em combate através de power ups.

O jogo é excelente, possuidor de nota 81 de 100 no exigente site especializado Metacritic. Curiosamente, essa nota é maior do que as dadas a qualquer jogo da série Micro Machines ou Death Rally no mesmo site.

Mas o jogo nunca se tornou popular (aposto que você nem sabia que ele existia). Seria culpa desta capa completamente genérica, com um título aparentemente tirado do WordArt, com um carro toscamente borrado pra dar impressão de velocidade, e a foto que só pode pertencer a um dos programadores do jogo?

Imagine Babies (2007 — DS)

Imagine Babies (foto: iStockPhoto)

Imagine Babies é um dos diversos “jogos” dessa nova geração de animaizinhos de estimação virtuais que habitam o ecossistema de jogos do Nintendo DS.

Dê uma olhada nesta caixa. O que há de tão errado nela, você me pergunta. Isto aqui:

Pois é. A equipe de marketing responsável pelo jogo catou uma imagem com marca d’água de um famoso site de imagens pro fazer a boxart do game. De alguma forma a imagem foi editada diversas vezes até atingir o resultado desejado (sem que o designer percebesse a burrada que estava fazendo), e em seguida impressa em caixas, que foram enviadas a milhares de lojas nos EUA e no Canadá.

Caso se tratasse de uma softhouse menor, seria uma gafe compreensível. Mas não: o jogo é da Ubisoft. Como é que uma empresa tão grande não podia pagar os 10 ou 20 dólares cobrados por imagens no iStockPhoto?

Eu havia tomado conhecimento desta fenomenal pisada de bola alguns anos atrás, através de um fórum na internet. Foi emocionante um dia encontrar essa caixa nas prateleiras de uma loja de videogames e averigurar, com meus próprios olhos, a marca dágua na caixa.

Snood 2 (2005 — DS)

Ao contrário de alguns itens desta lista, este jogo não chegou a meu conhecimento através da internet ou de uma revista de games. Eu vi Snood 2 com meus próprios olhos alguns anos atrás, abandonado na bargain bin do supermercado do meu bairro.

Permitam-me explicar o conceito da bargain bin: trata-se de um imenso cesto em que são jogados toda espécie de produto do qual o estabelecimento quer se livrar, sejam itens danificados ou simplesmente indesejados pela maioria dos consumidores. O tipo de item que se encontra em bargain bins são filmes do Steven Seagal ou livros de nichos extremamente específicos que acabaram nunca vendendo.

Pois bem, encontrei esta atrocidade acima num bargain bin uma vez. O jogo, como a capa deixa aparente, é um clone de baixa qualidade de Bust A Move. Só não digo que a arte foi feita no MS Paint porque essa técnica de coloração gradiente no título do jogo é impossível no editor de imagens padrão do Windows.

Megaman (1987 — NES)

Este aqui é um bom exemplo de que mesmo os grandes clássicos são capazes de pisar na jaca no quesito boxart. A capa de Megaman consegue descaracterizar todo o jogo, a começar pelo personagem titular. De acordo com a interpretação do “artista”, o Megaman é um homem asiático com problema de postura e deformação no braço direito.

Além disso, note que deram ao personagem uma pistola, em vez do braço-canhão com o qual nós, que conhecemos melhor o personagem, estamos familiarizados. O artista (que a essa altura já deixou claro que desenhou a capa se baseando nas descrições que alguém fez do jogo através de uma ligação telefônica) deu ao Megaman um esquema de cores que ele jamais teve. De onde veio todo esse amarelo? Ao fundo, uma arquitetura esquisita e uma cidade em chamas.

Ainda bem que os gamers em geral decidiram dar uma chance a Megaman, e o personagem se tornou o pino central de uma longa franquia. Imagine se Megaman tivesse sina semelhante a Karnaaj Rally

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Izzy Nobre

Izzy Nobre

Ex-autor

Israel Nobre trabalhou no Tecnoblog entre 2009 e 2013, na cobertura de jogos, gadgets e demais temas com o time de autores. Tem passagens por outros veículos, mas é conhecido pelo seu canal "Izzy Nobre" no YouTube, criado em 2006 e no qual aborda diversos temas, dentre eles tecnologia, até hoje.

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