“O fluxo livre de informações pode ser usado para coisas boas. Mas também pode ser usado para coisas ruins.” Com essas palavras, o primeiro-ministro do Reino Unido justificou uma posição bastante controversa de seu governo. David Cameron diz que a onda de violência em Londres poderia ser evitada se os serviços de troca de mensagens, como Twitter e Facebook, não estivessem disponíveis para esse tipo de engajamento (chamemos assim).
Falando ao Parlamento britânico, Cameron não poupou palavras contra as redes sociais no uso específico desses serviços para promover a violência nas ruas de Londres. “Qualquer um que tenha assistido a esses episódios ficaria chocado em como eles foram organizados usando as mídias sociais”, disse o político na quinta-feira, de acordo com informações do New York Times.
A ideia do primeiro-ministro é impedir que pessoas claramente envolvidas na onda de violência acessem sites e serviços de redes sociais. A secretária da Casa Civil de lá já tem um encontro agendado com executivos do Facebook e do Twitter para discutir o assunto. No Parlamento, teve gente que duvidou da viabilidade técnica de desligar redes sociais somente para um grupo de pessoas.
De qualquer forma, o primeiro-ministro já conversa com os comandantes da polícia de Londres para descobrir formas de colocar a ordem em prática.
Polêmica no Facebook | Você acha que as autoridades têm o direito de desligar o acesso a redes sociais de pessoas envolvidas em atos de violência?
A RIM também foi convocada para uma audiência com representantes do governo. Em pauta está o BlackBerry, que possivelmente foi usado pelas pessoas que participaram dos atos violentos. O BBM, espécie de Messenger criado pela fabricante canadense, possui um sistema de criptografia muito potente — algo que qualquer governo, seja ele ditadura ou democracia, não gosta muito.
Enquanto isso, o tablóide para desocupados Daily Mail traz de volta a discussão sobre a influência de jogos com personagens violentos no comportamento das pessoas.
É evidente que os grupos de defesa dos direitos civis já estão protestando contra a investida do governo contra as redes sociais. Jim Killock, diretor do grupo Open Rights, fez uma pergunta bastante pertinente em entrevista ao site da BBC: quem vai decidir quais tweets e SMS são violentos e dão respaldo para que a “conexão” daquela pessoa seja interrompida? Deveria ser um juiz, de acordo com o ativista. Se for qualquer outra pessoa, podemos esperar abusos de poder para breve.