Por que eu comprei um iPhone 3GS em vez de um Android

Rafael Silva
Por
• Atualizado há 5 dias

Até umas duas semanas atrás eu ainda usava um Nokia 5800 com Symbian S60. Esse mesmo que resenhei aqui no TB em 2009. Depois de aguardar anos por um aparelho ideal, finalmente acabei trocando de celular. Mas esse fato acabou causando certos olhares espantados de alguns amigos por um motivo específico: eu comprei um iPhone 3GS.

Tem gente que me olha como se estivesse tendo contato de primeiro grau com um alienígena, citando que existem Androids mais rápidos, mais recentes e muito melhores do que esse aparelho já datado da Apple. Isso me motivou a escrever esse post, para compartilhar a minha visão do porquê decidi que um modelo de smartphone considerado velho era melhor para mim (e note o negrito) do que qualquer Android lançado recentemente.

Aplicativos: já tenho uma biblioteca deles

Sou um usuário do iPod Touch desde o primeiro modelo. Ele é um player de mídia que entrega o que eu preciso de um player de mídia e foi por isso que eu comprei na época. E desde que a Apple muito humildemente permitiu que programas de terceiros fossem instalados nele, eu fui comprando aplicativo atrás de aplicativo na sua loja, para estender ainda mais sua funcionalidade. E isso me fez ter o que eu tenho hoje: uma biblioteca com exatos 165 programas.

Se eu comprasse um Android, teria que procurar por programas similares aos que já tenho para iOS e que já fazem o que eu quero no iPod Touch. Fora os jogos, que são a maior parte da minha biblioteca. Eu potencialmente teria que gastar mais uns caraminguás comprando aqueles que mais gosto no Android Market para ter a mesma experiência que teria com um iPhone 3GS.

Eu não duvido que encontraria a maior parte deles, visto que a loja de aplicativos da plataforma já tem uma enorme quantidade de desenvolvedores e aplicativos portados pra ela. Mas a perspectiva de ter de re-comprar aplicativos similares ou pagar de novo por um que eu já tenho não me anima nem um pouco.

Preço barato e baixa desvalorização

Um iPhone 3GS custava perto de dois mil reais quando foi lançado no Brasil. Isso era um preço surreal para se pagar em um smartphone na época. E para o bem da verdade, ainda é um pouco surreal hoje em dia. Mas eis que a TIM resolveu fazer uma promoção há alguns meses e passou a vender esse modelo do iPhone por mil reais, que foi quando eu vi a oportunidade, esperei um pouco e comprei o aparelho.

Esse argumento pode perder um pouco a força quando você percebe que existem Androids tão bons, em termos de funcionalidade, e do mesmo preço ou mais baratos do que o iPhone 3GS, também sendo vendidos desbloqueados. Mas por causa da diversidade de aparelhos Android no mercado, eu não conseguiria um preço de revenda tão bom quanto o preço de revenda de um iPhone.

Digo isso por que sei que, como um produto Apple, o iPhone tem uma taxa de desvalorização menor do que os demais aparelhos. Como um teste, tentei vender (na verdade venderam pra mim, obrigado sr. Filipe Kiss :P) meu 3GS no Twitter por R$ 700 reais, 300 a menos do que paguei. Em menos de 10 minutos já tinha pelo menos três pessoas interessadas em comprá-lo.

E considerando que foram só 2 semanas de uso, fui (na verdade o Filipe foi) bastante generoso em oferecê-lo por 700 reais. E continuando no argumento do preço, tem outro que anda de mãos dadas a ele.

Um iPhone 5 vem aí, para que comprar o 4?

Ter escolhido um iPhone no lugar do Android não foi o único fato que espantou meus amigos. Ter escolhido um iPhone 3GS no lugar do iPhone 4, bem mais recente e poderoso, pode ter causado tanto ou até mais espanto em alguns deles, provavelmente mais fãs da marca.

Para colocar de uma maneira bem simples, eu escolhi o 3GS por que não sou doido. Como membro dessa indústria vital de blogs de tecnologia sei que a probabilidade da gigante da maçã de lançar um novo modelo de iPhone esse ano é bem grande, afinal o iPhone 4 já está há mais de um ano no mercado e esse é o tempo em que a Apple normalmente atualiza o modelo. E com um novo iPhone, o preço do iPhone 4 vai cair e eu vou considerar sua compra.

Sim, o preço pode não cair tanto assim por causa da taxa de importação do Brasil, mas vai certamente abaixar o suficiente para que eu possa pedir a algum amigo que me traga um iPhone 4 desbloqueado lá de fora. Isso se o preço não cair o suficiente para que eu compre ele aqui no Brasil mesmo, mas as chances são de que isso não aconteça. Até lá, entretanto, não há motivos para não usar um celular que me agrade, o que me leva ao próximo argumento.

Já vi essa interface antes…

Uma boa parcela dos Android têm uma peculiaridade, que pode ser tanto ruim quanto boa: cada linha diferente de Androids que as fabricantes criam pode ter uma interface personalizada rodando sobre o sistema. Seja o MotoBlur, TouchWiz, TimeScape ou sabe-se lá qual outra, cada uma pode apresentar partes do Android da forma que achar conveniente para seus consumidores.

Eu já estava familiarizado com a interface do iPod Touch, então para mim o iPhone seria fácil de usar. Embora existam algumas mudanças em termos de funcionalidades e resolução de tela, a interface é consistente por todos os dispositivos iOS. Não vou ter problema em achar os aplicativos-padrão, opções de configuração, ou o botão onde desliga a tela por que eles vão estar (na maioria das vezes) no mesmo lugar.

Não digo que eu não conseguiria me acostumar com interfaces diferentes do Android. Eu tenho uma curva de aprendizado bastante ingrime com a maioria das interfaces do Android por já ter testado alguns smartphones e tablets com o sistema. Mas entre ter que aprender novos caminhos para as mesmas opções, usar um teclado virtual diferente e ter que me acostumar com as interfaces das fabricantes ou não, preferi a mais simples: não.

Ele é bom (para mim)

No final do dia, esse deve ser o item mais importante na hora da escolha de um celular. Eu posso testar um monte de aparelhos por anos a fio aqui no TB e sempre que eu fizer isso você vai ler a minha opinião honesta e sincera sobre eles. Você pode, se quiser, se basear nessa opinião para escolher um celular, mas o que importa mesmo é o que funciona especificamente para você.

Se um Nokia C7 cai no seu orçamento e já tem todas as funções que você precisa, dane-se o fato de que ele usa um sistema operacional móvel que pode cair em desuso. Se você quer um celular que possa ser usado embaixo do chuveiro, um Motorola Defy ou Galaxy XCover podem te fazer feliz. Se você prefere um aparelho rápido com uma câmera excelente, o Samsung Galaxy S II está aí. As fabricantes vão sempre dizer que seus celulares são os melhores em tudo, mas não são elas que devem determinar qual é o ideal para o seu caso.

O iPhone 3GS pode ser um modelo datado, pode não ter a melhor câmera do mercado ou melhor tela de todos os iPhones, mas eu equilibrei todos os fatores antes de tomar a decisão de comprá-lo e esses itens não pesaram tanto assim. Não me entenda mal, não acho o iPhone 3GS um smartphone perfeito. Ele tem vários defeitos, como a vida de bateria sofrível para quem gosta de usar 3G o tempo todo, o fato da Apple só vender modelos de 8 GB atualmente, o que restringe a quantidade de dados que posso colocar nele, dentre outros.

Mas eu não preciso de um smartphone de última geração, ou caro para ter status, ou o mais rápido do mercado, ou que tenha uma câmera com capacidade para gravação em 1080p. Preciso de um smartphone que encaixe no uso que planejo fazer dele. E para fazer a escolha de um aparelho que se tornou tão essencial na vida das pessoas, essa deveria ser sempre a atitude padrão.

Ao invés disso, temos fanboys de todos os lados se digladiando e tentando provar que há uma plataforma (ou smartphone) que é a melhor em tudo que faz e que reina absoluta e soberana sobre todas as outras.

Sinto decepcionar todos eles, mas essa dita plataforma perfeita simplesmente não existe.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

Canal Exclusivo

Relacionados