Doom Eternal – Carnificina demoníaca e heavy metal

Atire, retalhe, esmague primeiro e… Se sobrar alguma coisa, pergunte depois

Vivi Werneck
Por
• Atualizado há 11 meses
Doom-Eternal

Doom Eternal chega com muita expectativa para a Bethesda, especialmente após Fallout 76 e, sinceramente, não decepciona: há muito fan-service, tripas demoníacas explodindo para todos os lados, um pouco de exploração, easter eggs, plataformas, modo online, armas ainda mais poderosas, customização de personagens e habilidades… Tudo isso embalado na base do heavy metal.

O shooter chega com legendas e dublagem em português do Brasil para PC, PS4 e Xbox One. Para este review, testei o game numa máquina equipada com uma RTX 2080 e monitor a 150 Hz de frequência. Dá uma olhada no review completo, a seguir.

Inferno da Terra

É até curioso falar de história num game como Doom. Se formos recordar seus primórdios, desde o título lançado em 1993, o jogo era basicamente andar e matar demônios (super divertido, por sinal). Com a franquia ainda desenvolvida pela id Software, mas agora nas mãos da publisher Bethesda, algumas mudanças foram feitas e Doom ganhou sim uma narrativa um pouco mais elaborada (mas nada de muito complexo).

Para não dar spoilers, e isso pode acontecer dessa vez, a história de Doom Eternal gira em torno de uma invasão demoníaca na Terra e com os poucos humanos ainda vivos refugiados em centros de resistência. No entanto, a tal resistência não está mais conseguindo deter o avanço do inferno. A extinção da humanidade parece inevitável…

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Até que entra em cena o Doom Slayer (ou o “Cara do Doom”): a pessoa com sérios problemas de interação social (apesar de uma queda por coelhos), extremamente arrogante, mau humorado, sutil como um trator e que, quando se comunica, é por meio de grunhidos. Em resumo: exatamente o tipo de herói que o planeta precisa neste momento.

Você pode saber mais da história, ao longo do gameplay, por meio de codex espalhados pelas missões (são um dos tipos de colecionáveis) e ler, se quiser, no menu de pausa. As cutscenes também ajudam nesse processo.

Dito isso, vamos ao que interessa de fato…

Matar demônios é muito divertido!

Em Doom Eternal, na maioria das vezes, você vai encarar não um pequeno grupo de demônios por vez, mas sim hordas dos mais variados monstros numa área fechada – com opções restritas de fuga – o que vai te obrigar a se mover constantemente (se quiser ter alguma chance de viver por mais tempo). Campers não têm vez aqui.

Você só vai conseguir avançar após limpar aquele perímetro das crias do inferno. Um recurso altamente prático, para identificar zonas de hordas, é o marcador de corrupção. Ele fica no canto superior direito da tela do jogo e te mostra, por meio de cores, se ainda há demônios para serem abatidos, se existem áreas secretas de batalha, boss fights e locais mais intensos – apenas acessíveis ao encontrar uma chave específica.

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Este marcador é uma espécie de medidor do seu avanço na missão. Voltando a falar especificamente dos combates, Doom Eternal traz uma forma diferente de encará-los: com estratégia. Só correr, pular e atirar pode não ser tão eficaz com todo tipo de demônio.

Inimigos menores, aqueles mais fracos que você usa para testar uma arma nova, morrem com qualquer coisa praticamente. Mas eles têm sim sua função na cadeia alimentar de destruição do Cara do Doom. Na maioria das vezes, os demoninhos são sua fonte de munição, armadura e saúde. Não que seja uma regra, você pode farmar esses itens com qualquer outro demônio, mas com eles é mais prático por serem inferiores.

A regra para se manter vivo durante as hordas e boss-fights é: use a motosserra nos inimigos para farmar munição (escassa no jogo), queime-os para fazê-los dropar armadura, mate-os com uma Execução Gloriosa (quando estiverem brilhando, prestes a morrer) para conseguir saúde e mova-se sempre. A melhor forma de ser defensivo é ser ofensivo.

Os demônios mais poderosos têm pontos fracos e explorá-los não só vão te garantir uma vantagem a mais para tentar matá-los, como podem te ajudar a completar marcos – metas bônus do jogo para desbloquear itens como: upgrades de armaduras, skins, baterias para usar na sua Fortaleza da Destruição e etc (mais detalhes sobre isso adiante).

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Como já dito antes, agilidade é extremamente importante, mas sem esquecer de ter o domínio total das funções dos botões (no controle ou mouse e teclado). Em segundos, você terá muitas vezes que trocar de arma de acordo com o demônio, usar granadas, motosserra ou lança-chamas. No início, tudo isso pode bugar um pouco o cérebro (o meu quase entrou em curto), mas com a prática – e muitas dores nas mãos e na coluna depois – esses movimentos já vão estar no sangue.

Só a título de curiosidade, comecei jogando no PC usando um controle de Xbox One. Até que estava legal, mas quando mudei para o teclado e mouse o gameplay melhorou substancialmente. Doom Eternal nasceu para ser jogado assim; a precisão e agilidade dão um salto em performance. Se for jogar no computador, opte por estes periféricos.

Para fechar esta parte do combate, há algo muito interessante para você ficar de olho: power-ups! Eles são bem raros de aparecer, mas se encontrar algum, durante algum confronto, use e abuse deles. Esses power-ups dão um mega boost temporário a alguma habilidade do Doom Slayer, como super velocidade ou o maravilhoso poder de dar hit kills e estraçalhar demônios com as próprias mãos. É lindo de se ver!

Missões, plataformas e Battle Mode

Doom Eternal não é um jogo contínuo, ou seja, sem pausas. Ele é claramente dividido em missões, o que para o propósito do gameplay faz sentido. Você acumula pontos ao final das fases, de acordo com o marcos que conquistar, e pode desbloquear habilidades, armas e itens personalizáveis no processo.

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De uma forma geral, o game se desenrola rápido e praticamente em toda missão você terá acesso a um novo recurso, ou uma arma nova. Sobre isso, vale destacar que o Doom Slayer começa a campanha não mais com as pistolas, mas com uma bela shotgun.

Tanto sua espingarda, quanto as demais armas, podem receber modificações e upgrades. Você vai precisar conquistar pontos de armas (derrotando demônios) e encontrar alguns colecionáveis para isso.

É normal chegar em qualquer jogo da franquia e esperar que seja trocação de tiros e sopapos o tempo todo. Aqui não é bem assim. Metade de quase todas as missões será superar obstáculos e, algumas vezes, resolver pequenos puzzles. Isso pode dar uma quebrada no clima de ação frenética e decepcionar alguns jogadores, por um lado. Particularmente, encarei esses momentos como um “tempo de respiro”.

Mesmo com essa parte mais plataforma do gameplay, com escaladas em paredes e busca por tesouros escondidos (tipo um Uncharted pandemônico), para intercalar uma zona de batalha e outra, senti que não tinha tanta liberdade para explorar o pouco de área existente para isso como gostaria. Sei que o jogo é linear, mas se sentir obrigado a seguir somente o caminho traçado pelos desenvolvedores me incomodou um pouco.

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Por exemplo, numa certa parte, você claramente consegue visualizar que andar pelo telhado está ao seu alcance e também é o caminho mais fácil para atravessar um precipício. Você tenta ir pelo telhado, mas o jogo interpreta isso como uma queda (mesmo o Slayer não tendo caído!) e te coloca no ponto onde estava antes.

Só é possível avançar se “seguir o roteiro” e pular por entre as plataformas que estão à sua frente. Tivessem, então, colocado uma parede ali, ao invés de um telhado claramente transponível.

Ainda sobre as missões, é possível rejogá-las para tentar coletar todos os itens secretos e até usar códigos de trapaça. Você pode jogar missões já completadas acessando o painel da sala de comando da sua Fortaleza da Destruição.

Battle Mode

O Battle Mode é o modo online competitivo de Doom Eternal. Ao invés do tradicional combate entre dois times, com o mesmo número de jogadores de cada lado, nessa arena o Slayer enfrenta dois jogadores controlando demônios.

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Cada lado demanda um tipo diferente de gameplay: se estiver no controle do Slayer, o jogador precisa de muita habilidade no manuseio de armas e agilidade (assim como no modo campanha); já controlar os demônios demanda mais estratégia de posicionamento e conjuração de outros seres infernais, além de trabalho em equipe para emboscar o Slayer.

Antes da partida começar, cada jogador precisa escolher um personagem e qual será seu armamento. Vence o lado que conquistar três rodadas. O mais desafiador, desse modo online, é justamente conseguir bolar uma estratégia com a outra pessoa controlando um demônio. Minha sugestão é buscar alguém que conheça para jogar com você. Se for jogar sozinho, de repente, ir de Slayer pode ser melhor já que a única estratégia é a sua própria.

Temos que pegar! (Se achar)

Há vários colecionáveis espalhados tanto pelas missões quanto na própria Fortaleza da Destruição (a base do Doom Slayer). Você pode encontrar bonequinhos dos demônios para decorar a estante do seu quarto, disco de vinil para tocar na sua fortaleza, disquetes com cheats, baterias para ativar áreas bloqueadas na sua base e itens para fazer upgrades de armas e habilidades.

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Inclusive, não deixe de explorar sua fortaleza, especialmente o quarto do Slayer. Há vários fan-services nostálgicos por lá. Não vou dar detalhes para não estragar a surpresa, mas dê uma olhada com atenção nas revistas e estantes!

E por falar em nostalgia, até mesmo escolher a dificuldade do jogo é um prato cheio para os fãs de longa data. Ao passar pelas missões, quando menos esperar, você pode também se deparar com um easter-egg. Experimente morrer num lago de lava…

Se estiver entediado na sua Fortaleza da Destruição, não deixe de dar uma passadinha no Estripatório. É um lugar maravilhoso e super relaxante: sem precisar sair da sua nave, dilacere demônios e treine com suas novas armas e movimentos sem custo de vida, itens ou munição.

Customização: armas, habilidades e até você!

Como já adiantei, há um número até surpreendente de possibilidades de personalização de itens, aparência (do Slayer, demônios e armas) e habilidades em Doom Eternal. Isso é mais uma coisa que pode confundir um pouco no início, mas aprende-se rápido se você for um jogador já veterano em customizações e upgrades.

Existem algumas formas de se conseguir modificações no jogo. Se for para aparência do Slayer, você pode ou destravar algumas com baterias na Fortaleza da Destruição ou com pontos ao conquistar marcos. Também é possível conseguir skins ao se inscrever no Slayer Club (também para os demônios e armas) ou sendo assinante do Twitch Prime. A skin de março do serviço da Amazon é a DOOMicórnio, logo abaixo. Puro luxo rainbow:

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Você desbloqueia as armas gradativamente, o que te dá tempo para aprender a como usá-las e, consequentemente, escolher o melhor tipo de modificação para seu estilo de jogo. Além das modificações (que são ativadas com o tiro secundário), é possível aprimorar cada um desses mods e, finalmente, conquistar o domínio sobre eles. Cada etapa aumenta o potencial de destruição de um determinado equipamento. É muita informação.

Além das armas, o próprio Slayer desbloqueia e aprimora algumas skills para si. Você pode conseguir melhorias na saúde, armadura e quantidade de munição bem como em habilidades bem interessantes, como: mais controle de direção ao pular, carregar um maior número de granadas, identificação de todos os colecionáveis no mapa, trocar de armas mais rápido e etc.

50 tons de vermelho e metal pesado

Visualmente falando, e como não poderia ser diferente, os tons de vermelho sangue e amarelo lava dão o clima caótico e infernal de Doom Eternal, com cidades em ruínas e construções onde se fundem o que já foram um dia prédios, lojas e edifícios com tentáculos demoníacos, pedaços de carne e cadáveres.

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Como mencionei, testei o jogo no PC e aproveitei o potencial da RTX 2080 para configurar tudo no máximo e travado nos 60 quadros por segundo. Existe, inclusive, a opção “Ultra Nightmare” para os gráficos. Para um game super ágil como este, não houve engasgos nem mesmo tearings (aqueles recortes que podem aparecer no meio da tela).

Infelizmente, encontrei um bug bem tenso e que fazia tempo que não via algo do tipo num jogo: eu cai do cenário! Numa parte de fuga numa missão, atravessei a parede e fui para a parte debaixo do mapa e continuei caindo, indefinidamente, no limbo. Apenas via o mapa, onde estava, diminuindo e só. Tive que carregar o jogo novamente para refazer aquela parte.

Houve momentos também em que os bugs me ajudaram. Dois bichos ficaram presos no chão, desesperados, e consegui matá-los sem estresse algum. Gente, estamos em 2020. Não dá mais para ficar preso em pedra, no chão ou cair do mapa assim! Vamos esperar um patch para corrigir isso.

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A trilha sonora heavy metal nos momentos de ação dá o boost de adrenalina necessário para que você não fique parado e dilacere, com ainda mais vontade, as hordas do Capiroto. É o de sempre: quando as guitarras começam a gritar, você já sabe que o bicho vai pegar (isso poderia ser o refrão de alguma música).

Há algumas piadas nos sons também e ri muito, no início, ao perceber os barulhinhos de bolhas estourando ao acertar headshots. Ouvir alguns demônios engasgando, ao engolirem granadas, também é hilário.

Conclusão

Doom Eternal é frenético, nostálgico para os fãs da franquia, e bem divertido de jogar. Bugs esquisitos à parte, é uma experiência interessante até para quem não tem muita prática com shooters, seja pela possibilidade de escolher as dificuldades ou pelos vários tutoriais te explicando as coisas pelo caminho.

Há muito o que se customizar, o que pode confundir um pouco no começo, mas nada que você não aprenda na marra com o passar da campanha. A possibilidade de voltar a jogar as missões que completou, que antes sofreu para passar, e coletar itens destroçando demônios pelo caminho dá uma sensação de vingança maravilhosa. É, claramente, um dos jogos de tiro mais viciantes já lançados nos últimos anos.

Prós

  • Estratégia para matar alguns demônios não quebra o ritmo
  • Muito nostálgico para os fãs da franquia
  • Armas ainda mais destruidoras com as modificações
  • Heavy metal na veia!

Contras

  • Falta de liberdade para usar outras rotas óbvias pelo cenário é frustrante
  • Battle Mode não é tão interessante como poderia ser
  • A parte do gameplay de plataforma pode quebrar o clima para alguns
  • Não dá mais para cair do cenário. Vamos consertar esses bugs!
Nota Final 9.1
Áudio
9
Desafio
10
Diversão
10
Inovação
8
Jogabilidade
9
Replay
9
Visual
9

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Vivi Werneck

Vivi Werneck

Ex-editora assistente

Vivi Werneck é especialista em games e trabalha no mundo tech há 15 anos. Em 2018, recebeu o Prêmio Comunique-se como melhor jornalista de tecnologia. Já escreveu para revistas de games pioneiras no Brasil, como EDGE, PlayStation Brasil e EGW. Também é veterana em eventos de jogos, como a BGS e E3 (inclusive, presencialmente). No Tecnoblog, foi editora-assistente entre 2018 e 2023.

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